Consciência pesada, coração partido

267 22 2
                                    




Finalmente tudo havia acabado. Aliás quase tudo já que o Fábio conseguiu fugir de Miguel. Meu coração dói por não ter Marina perto de mim, sei que fiz tanta merda na minha vida, nada comparado com que eu fiz com ela. Meu filho havia nascido e era um menino lindo que vi pela foto que Miguel enviou para mim. Ele havia me falado que o menino ainda não tinha nome e dei a ideia a Miguel de dá-lhe o nome Uriel, um arcanjo. Não sei se vou fazer parte da vida dessa criança, mas eu o amo assim mesmo. Miguel havia me dito que esquecesse qualquer esperança de tê-la de volta porque ela estava deixando as barreiras que tinha construído e estava muito feliz com um cara que a amava completamente, mesmo sabendo que do seu passado. Miguel não entrou em detalhes, mas deixou claro que eu não ocupo nenhum espaço em seu coração.

Ando de um lado para outro na sala da minha casa me sentindo tão só, desejando algo que jamais teria de volta. Acabei com a minha felicidade por ser um filha da puta escroto. Paulo não fala mais comigo e seus pais cortaram relações com minha família, assim como minha mãe que amo de coração e me virou as costas por eu ser uma Maria vais com as outras. Vou até o barzinho e pego uma garrafa de whisky e começo a bebê para aliviar a dor que sinto por dentro e o remorso que sinto em meu coração. Estava quase findando a garrafa quando meu telefone toca:

_Alô! _ fala com a voz pastosa.

_ Meu filho, porque está bebendo uma hora dessas?

_ Mãe! _ começo a chorar _ Pensei que tinha me abandonado!

_ Meu filho, por mais idiota que você seja e por estar muito fula da vida com você, nunca te abandonaria!

_ Mãe, perdi a mulher que amo e meu filho _ fungo forte, tentando limpar as lágrimas que escorriam por minha face _ Não sei o que fazer...

_ Calma meu filho! Tudo tem concerto menos a morte.

_ Eu fiz um mal muito grande a ela, mãe!

_ Eu sei, estou bem ciente disso, mas você tem nem que seja fazer parte da vida do meu neto. O que você fez não tem concerto, mas ela não é má o suficiente ou tem ódio para não deixar que faça parte da vida dele.

_ Mãe o que faço?

_ Nesse momento?

_ Sim.

_ Deixe de bebê e procure um meio de pedir perdão a ela e implorar para que ela deixe você ver a criança e dá seu nome a ela. Faça dele seu herdeiro e não poupe esforços para mostrar que está arrependido.

_ Obrigada mãe! Eu te amo muito!

_ Eu também meu filho! Ainda bem que tem males que vem para o bem. Apesar de todo sofrimento, sinto que está mais maduro, um homem que vai cometer erros, mas que estará preparado para enfrenta-los de frente. Estou orgulhosa de você Carlos, apesar de querer te dá uns tabefes.

_ Mãe _ ri apesar de estar sofrendo uma dor interminável _ Só a senhora para me fazer rir numa horas dessas.

_ Oh meu filho, todas as mães são assim mesmo.

_ Obrigada mãe. Vou fazer o que a senhora me pediu.

_ Você tem notícias de seu pai?

_ Sim tenho. Nunca mais vai ser o homem que ele que foi um dia. Sinto dizer isso para a senhora, mas teve o que mereceu. Ele vai passar o resto de seus dias em uma cadeira de rodas e sofrendo as lesões cerebrais devido a surra que levou.

_ Sinto por você meu filho. Concordo com você: ele teve o que mereceu. Agora eu tenho algo a te pedir meu filho e sei que vai me ajudar a acelerar o meu divórcio. Finalmente conheci o que é o amor nos braços de outro homem. Não espero que aceite, mas me sacrifique por você a vida inteira e não preciso de sua benção para ser novamente feliz. Apenas o deixo ciente que vou refazer minha vida, você querendo ou não.

Porra! Minha mãe fodendo com outro?

Merda o velho vai surtar quando souber e eu vou fazer questão de dizer isso para ele. Aquele babaca merece perder algo de valioso em sua vida para saber como me sinto agora.

_ Mãe, quero que seja feliz! Não ficarei triste por esse caminho que tomou, sei que foi muito infeliz com meu pai e desejo que realmente a felicidade que duramente foi arrancada da senhora a muitos anos atrás, volte para a sua vida. Sei que não foi fácil viver sob o mesmo teto que Mauricio e espero do fundo da minha alma que seja feliz, minha mãe. Quando tudo acalmar, quero conhecer meu padrasto que sei que será um homem melhor do meu pai foi.

_ Obrigada meu filho! Por favor tente resolver meu divórcio o mais rápido possível!

_ Farei isso mãe! Serei mais forte daqui por diante. Mais uma vez, obrigada por me aturar.

_ Beijos meu filho!

Depois que minha mãe desliga o telefone, abandono de vez a garrafa de whisky e vou tomar um banho para passas mais o pileque, pensando numa maneira de torturar meu pai.

Na manhã seguinte, bem cedinho, decido fazer uma visita a ele e levar os papéis do divórcio juntamente com um advogado que contratei para ela. O encontro no quarto sentado na cadeira de rodas olhando pela janela que continha barras de ferro por ser um hospital prisão. Havia uma enfermeira bonita com ele que sorriu quando me viu. Ela gira a sua cadeira e o deixa de frente a mim. Ele me olha com raiva e mais raiva vejo cintilar quando ver o advogado.

_ O que fazem aqui? _ pergunta com a voz pastosa e embolada.

_ Minha mãe quer o divórcio, por isso trouxe os papéis e o advogado está aqui para validar as assinaturas. Ela já assinou.

_ Não darei o divórcio a ela! _ grita exasperado, tendo um ataque de tosse.

Olho o homem brilhante que ele foi um dia e agora, por suas escolhas, está preso aqui, sem chance de se recuperar ou mesmo de conseguir o perdão da mulher que sempre esteve do seu lado durante todos esses anos.

_ Você não tem escolha pai!

_ Tenho sim! E não vou dá esse divórcio a ela de jeito nenhum!

_ Pai, minha mãe está com alguém e quer ficar livre de você para viver esse amor livremente. Querendo você ou não!

Vi o choque passar por seu rosto e a ira pura se instalar em seu semblante. Tenta se levantar da cadeira e não consegue. Seu rosto começa a mudar de cor, ficando um vermelho forte e depois um mais tom escuro. Vi quando ele agarra o peito com uma das mãos e cai de cara no chão. A enfermeira tenta erguê-lo do chão ajudada por mim e o colocamos na cama. Ela sai do quarto para chamar um médico, enquanto eu o via agonizar com rápidas e curtas respiradas até que tudo parou e seu rosto ficou preto. Um médico entra logo depois e nada mais poderia ser feito para salva-lhe a vida. Um ataque do coração o havia matado. Tentei de algum modo me sentir culpado, mas não encontrei nenhum motivo. Assim pedi ao advogado que agilizasse os trâmites legais para o enterro e a retirada do corpo do hospital prisão, liguei para minha mãe para dá a notícia. Percebi pela sua voz que sentiu alivio e nada mais.

No dia seguinte Maurício foi enterrado no mausoléu da família tendo somente o filho, o advogado, o padre e o coveiro como testemunhas de sua ida para outra vida.  

Quando o Amor Bate à Sua PortaOnde histórias criam vida. Descubra agora