Uriel

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Acordo com meu filho chorando com fome. Pego-o no colo e me sento na cama. Dou um seio para ele que chupa avidamente. Ele era a cara de Carlos. Por mais machucada que eu esteja, não posso deixa-lo sem o pai. Isabel, não sei como, conseguiu o telefone e conversamos durante um bom tempo. Concordei de colocar o nome do meu filho de Uriel. Achei lindo esse nome que parecia ter sido criado para ele. Um arcanjo forte e poderoso. Sim! Esse seria seu nome. Quanto a Carlos, deixei bem claro a Isabel que não o queria perto de mim ou ficar num mesmo lugar que ele. Combinamos que ela viria ao meu encontro para conhecer o neto e traria a papelada necessária para o registo de nascimento do Uriel. Eu estava nervosa assim como Dona Maria, Max e Débora. Miguel e Diego foram em uma missão secreta com o irmão de Débora que logo eu teria prazer de conhece-lo. Sei que ele passou uma vida merda com o avô, um filho da puta pervertido, tornando-o tão ruim como ele. Ela me contou todos os detalhes do encontro que tiveram. Aninha sentia falta do pai e do tio tão intensamente como uma pessoa adulta. Nem Max foi capaz de deixá-la calma. Aninha estava com a testa franzida e de mal humor, nada a fazia sorrir. Depois de alimentar Uriel, faço minha higiene matinal e desço para tomar café. Coloco meu filho no carrinho e uma das meninas que tomava conta dele veio busca-lo. Quando chego na sala, escuto uma batida na porta e vou atender com o coração aos pulos. Vejo Miguel, o homem da minha vida e um estranho. Diego me abraça forte me arrastando para sair da frente. Escuto Aninha reclamar com balbucios e choros em algum lugar e Débora tentando acalmá-la de algum jeito. Débora aparece com o rosto cansado e preocupado e para quando nos ver. Aninha se estica para alcançar os homens da vida dela. Ela pula no pescoço do pai e de imediato pula no pescoço de Luiz e o olha fixamente nos olhos que a esta altura estava marejado de lágrimas. Em sua inocência, ela pega o tio pelas as orelhas e balbucia furiosamente como se desse uma bronca nele, depois o abraça chorando muito. A sala foi se enchendo e todos ficam de queixo caído com a reação da menina.

Luiz estava pasmo. Sabia que levou uma bronca daquelas de um bebê que nem falar ainda conseguia. Olhou para Miguel para pedir ajuda que apenas deu de ombros, como se dissesse: segure a brasa sozinho.

_ Estou aqui lindinha!

Com o tempo Aninha parou de chorar e nem mesmo assim largou o pescoço do tio. Débora dá um beijo estalado no irmão que fica sem jeito, coçando a cabeça.

Depois do café da manhã, cada um foi para seu quarto dormir e Luiz foi convidado a fazer parte daquela família grande e barulhenta. Ele tentou recusar, mas foi ameaçado por Miguel e Diego que se falasse merda, eles dois chutaria sua bunda gorda. Xingamento vai, xingamento vem, aqueles homens tornaram-se amigos, apesar do passado sombrio de um deles. Luiz agradeceu de coração a chance de fazer parte de uma família e ficar ao lado da irmã e sobrinha que ele adorava e a mimava. As vezes Miguel ficava com ciúmes, mas nunca iria admitir e nem ficar entre eles. Não era estúpido. 

Quando o Amor Bate à Sua PortaOnde histórias criam vida. Descubra agora