Obsoleto martírio

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" Em seu olho esquerdo escarlate, delineados lilases desenharam todo seu globo ocular, dando a ele o poder de andejar entre a vida e a morte, ceifar cada alma descendente da terra e atormentar por toda a eternidade, os seres humanos.

_ MrsEloi. "

Lord Sasuke

Obsoleto martírio.

Escrito por MrsEloi;

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10.000 a.C.

A visão da pequena criança possuidora de cabelos negros estava turva, suas pequenas mãos estavam estendidas no ar, com os dedos esticados na tentativa desesperada de alcançar a silhueta daquela que o gerou. Mamãe! ele clamava por ajuda de maneira angustiante. Era incompreensível para os imaturos pensamentos o fato de sua mãe permanecer estática, sem demonstração alguma de preocupação. Ela finalmente se ergueu, encarando o corpo franzino. Os olhos negrumes da mulher eram indescritíveis, tão vazios quando um penhasco. Ela nunca fora de demonstrar afeição, no entanto, era sua genetriz e estas, protegem suas crias.

Mamãe! Mamãe! Mamãe! no fundo, ele se agarrava ao vestígio de esperança de que ela estava ali para salvá-lo. Livrá-lo daquelas correntes lascivas que o prendiam e libertá-lo de todo o sofrimento que os homens cruéis lhe causaram. Por qual motivo me entregou á eles?

Sasuke fungou, ignorando a ardência em seus pulsos, tentava se livrar inutilmente das correntes que o prendia, no intuito de alcançar sua mãe com as mãos. Ele não obteve resposta. Eu fiz algo errado? suplicou e desta vez, se permitiu chorar, lágrimas cristalinas composta da mais colossal ingênuidade. O corpo miúdo desabou sobre o chão imundo, repleto de exaustão. Prometo-lhe solenemente cuidar de ti, mamãe. Mamãe!

Foi então que ele notou que ela não estava ali para salvá-lo. Ele, com apenas sete anos resistiu com bravura por toda crueldade que lhe foi imposta até aquele dia; afinal, se agarrou a migalha expectativa de que sua mãe iria buscá-lo, e ambos, retornariam para o seu lar. Mikoto nunca demonstrou afeto, outrora, ela era aquela que o carregou no ventre. Poderia uma mãe não amar o próprio filho?

Ela avançou em sua direção lentamente, passo por passo; o garoto se ergueu, abrindo um enorme sorriso de agradecimento, seu corpo estava melado pelo próprio sangue, as próprias lágrimas e a terra. Não importava se estava imundo, ela o amava. A mulher revelou nas mãos um chicote composto por pontiagudas e cortantes pontas, ela não ponderou o movimento ao atingi-lo na face. Sasuke não sentiu dor, ao menos, não a física. Ela continuou retalhando sua pele consecutivamente, sem possuir um mísero resquício de remorso.

— Eu lhe imploro, pare! — a estridência de seu berro cortou sua garganta. — Está doendo... Muito. o pedido de misericórdia surtiu como efeito contraditório. A mulher o batia com mais força, até as próprias mãos sangrarem. Eu prometo ser um bom garoto, mamãe.

Porém, Mikoto jamais seria capaz de amar um demônio.

(...)

Lord SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora