Imolação mefistofélica

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"Seu coração seria capaz de amar alguém tão isento de benevolência, Senhorita Haruno?

_ MrsEloi."

Lord Sasuke

Imolação mefistofélica.

Escrito por MrsEloi;

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Os orbes negrumes jamais haviam presenciado tamanha ousadia; o demônio foi invadido por uma devassa perplexidade. Nem todos os termos referentes a sentir poderiam descrever tamanha surpresa, tal qual, acompanhada por uma sorrateira diligência. Sakura se curvou, buscando os lábios dele com os dela, recebendo um recuo discreto. O moreno tentou se afastar do enlace da garota de olhos esmeraldinos, no mais, as finas e delicadas mãos se espalmaram – ainda mais firme, sobre seu maxilar.

— Não existe motivo lógico para tamanho infortúnio. — ele cuspiu as palavras com rispidez – propositalmente.

— Não faça isso... — desta vez, ela não conseguiu conter as lágrimas aprisionadas em seu coração. — Eu quero estar com vossa companhia, não tente me afastar.

Os dedos gélidos acariciaram suavemente as bochechas rubras, ocasionando um calafrio térmico em ambos. Sakura nunca vira os olhos negros tão sem vida. — Eu lhe tomei tudo, Sakura. Inclusive sua alma gêmea.

— É verdade, você arrancou de mim o amor da minha vida — o busto da garota se movimentava involuntariamente, as narinas já não eram capazes de acompanhar o ritmo respiratório, carecendo do auxílio dos lábios. —, porém, você se tornou o amor de minha morte.

Sasuke envolveu a cintura fina com uma das mãos, esmagando quaisquer resquícios de espaço que os afastava e com a outra mão, entrelaçou os dedos esguios nos fios róseos, que se assemelhava com a suavidade do cetim. Inalou o perfume de flores com tamanha profundidade, como se aquela fosse sua última respiração.

— Por que seu coração bate em dobro? — a indagação surtiu distante. Sakura contornou os ombros robustos com os braços magricelos, apertando-o com toda sua força e então, seus lábios se entreabriram, revelando os dentes níveos como a neve, em um sorriso hodiernamente radiante.

— Este foi o seu presente para mim, e eu sou muito grata a ti. — ela se afastou, pairando a mão no próprio ventre; agia como se nada no mundo se comparasse com a dadiva da maternidade. — Eu não sei como, Sasuke, mas aconteceu.

O demônio estava atônito em demasia para retrucar a natureza; a única certeza no qual ele possuía era que a Haruno nunca cansava de surpreendê-lo.

— Eu odiei sua raça, pois sempre os invejei — murmurou. —, talvez minha existência não tivesse sido tão vazia se eu fosse agraciado com a humanidade.

Ele pensou inúmeras vezes que possivelmente sua mãe o teria amado, não haveria sido submetido à colossal crueldade da tortura e também, evitaria tanta chacina. Se ele fosse humano, seu coração seria preenchido e não teria a vida toda, se sentido uma criança acorrentada nas chamas impiedosas do inferno pela eternidade, sem ter para onde correr ou se esconder. Sempre teve de escolher entre matar ou viver e sua opção sempre fora ser odiado e jamais, amado.

— Todos nós temos desejos insanos.

— Achas insano cobiçar o ciclo de uma vida?

— Não, eu também possui ambições. É insólito presenciar a criatura mais poderosa do universo sentir-se tão miserável.

— Mikoto, no leito de sua morte, abaixo de meus pés proferiu suas palavras de ímpeto. — sem que percebesse, as garras afiadas ganhavam vida. — Então, minha espada atravessou sua glote para que ela nunca mais proferisse palavras tão dilaceradoras.

— Me deixe cuidas de você. — com as mãos quentes, Sakura envolveu a palma de Sasuke entre as suas, erguendo-a até seus lábios, onde depositou um beijo singelo nos dedos esguios. As garras retornaram – lentamente, ao seu tamanho habitual.

— Seu coração seria capaz de amar alguém tão isento de benevolência, Senhorita Haruno?

— Independente do que tenha feito, eu vim lhe mostrar que até o demônio mais temido... — a rosada apoiou a lateral do rosto no peito de Sasuke. — Possui um coração.

O Uchiha mordeu o lábio inferior com os dentes caninos com força exacerbada, e com força, envolveu a silhueta miúda de Sakura completamente em si. — Sua partida me deixou desnorteado, Senhorita Haruno. — sua voz tremulou. — Você merece que a felicidade lhe cerque e junto a mim, tudo que terás és as trevas.

— Eu aceito as consequências de viver ao seu lado. — ela afirmou com veemência. Sakura salta de seu colo, agarrando a bainha do vestido, avançando rapidamente em direção oposta ao demônio. Seu sorriso murchou ao se deparar com a cara de espanto do moreno, no qual a encarava com tamanho pavor. Em segundos, ele pairava diante si. — Não sejas fastigioso, vossa excelência. — a rosada cruzou os braços abaixo dos seios, instigando os lábios em um beiço emburrado. Sasuke continuava a lhe encarar com incredulidade. — Nunca brincou na vida, meu senhor? — Claro que não! Sentiu-se estúpida segundos após a pronuncia. — Bom, eu corro e você deve me predar, entendeu?

­— Assim? — Sasuke envolveu seu pulso antes mesmo de seu cérebro raciocinar o comando. Ela não pode deixar de rir.

— Você deve me deixar correr primeiro. — o globo ocular se revira, e ela avança alguns passos.

— Acertei agora? — Sem que percebesse, seus pés foram erguidos do chão e então, recolocados. Sasuke não parecia estar se divertindo com a brincadeira.

— Talvez seja melhor eu me esconder. — sugeriu, mordendo a ponta do dedo anelar.

— Você não será capaz de escapar dos meus olhos, my lady. — ela cruza os braços mais uma vez, se dando por vencida. — Tenho em mente uma brincadeira melhor, e ambos sabemos brincar.

Sasuke se aproximou por trás, depositando um beijo cálido na curvatura do pescoço aromático e delicado da rosada.

Sakura depositou a mão no ventre e o Uchiha a seguiu com o olhar semicerrado. — Sejas cuidadoso.

Sasuke estendeu a mão dominante para ela. — Faça amor comigo esta noite, Sakura...

A mecha de fios negros não cobria sua face naquele instante e ela teve uma visão clara da expressão do demônio. Não havia como negar, afinal, ela estava, deliberadamente, incondicionalmente apaixonada por ele. Seu coração saltitou em uma explosão de sentimentos com a delicadeza no gesto. Uma rosa negra brotou no vão de sua orelha esquerda e aquilo foi o estopim para fazer seus olhos marejarem; ela elevou a mão até a dele, e quando seus dedos se tocaram, o calor que emanava de si se unificou. Ele a guiou.

Lord SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora