O sábado nasceu ensolarado, apesar de eu não saber ao certo o quanto o sol estava brilhando. Fiquei sentada na cama por um tempo, de olhos fechados, lembrando da época que eu podia sair pelo dia. Há essa hora eu estaria no parque com minha melhor amiga e meu quase namorado. Há essa hora eu estaria sendo humana.
--Você está chorando.—Sheely observou, entrando no quarto. Limpei as lágrimas que caíram sem que eu notasse. Franzi, ao vê-la com uma mini-saia e um biquíni.
--Pra onde você vai!?
--Piscina.
--Mas... está de dia. O sol?
--Piscina coberta, vidros com filtro.
--Não é a mesma coisa.—falei, desanimada.—Não sente falta do sol? De sentir o sol de verdade?
--Não quero ser grossa, Tessy... mas você não está sendo meio hipócrita?—arqueou as sobrancelhas—Olhe só pra sua pele, é muito branca. Branca demais. Você ao menos já sentiu o sol na sua pele como humana?
--Minha pele sempre foi sensível... mas eu sempre aproveitava o sol quando estava fraco, logo no começo do dia... ou no fim da tarde. Não estou sendo hipócrita miss Havaí.—disse, sarcástica.
--OK!—levantou as mãos, num sinal de paz—E respondendo sua pergunta, sim, de vez em quando sinto falta da luz do sol banhando meu lindo corpinho. E é por isso, que estou indo pra piscina, fingir que estou sentindo o sol, e blá blá blá.
--Toda essa conversa é meio hipócrita.
--Não, querida. A situação é meio hipócrita.—corrigiu, com um sorriso.—Mas como Selena mesmo diz: "adaptação". Não quer vir?
--Estou dispensando a filosofia de Selena hoje, obrigada. Vou terminar alguns trabalhos... e ler um pouco.
--Cuidado, vai acabar como Edwin.—disse, antes de sair.
Respirei fundo, afundando no travesseiro. Peguei o álbum de fotografias da minha família que eu deixava debaixo da cama, e comecei a olhar as fotos. Ouvi uma batida na porta, e logo depois, Dana abriu. Sorri, ela entrou trazendo consigo refrigerantes e salgadinhos.
--Encontrei Sheel no corredor, e ela disse que você estava num momento nostalgia... então pensei, será que ela aceita companhia?
--Seria ótimo.—falei, ela se aproximou sentando na cama, e me passando o refrigerante.
--E então, o que você tem? Não me parece muito bem.—falou, tomando um gole da sua coca.
--Estava sentindo falta da minha vida antiga. As vezes é difícil acreditar que tudo acabou... as vezes tudo isso aqui.—gesticulei para nosso redor—Parece não passar de um sonho, ou que estou numa espécie de colônia de férias.
--Sinto isso todo dia. Não é como se eu tivesse algo pra sentir falta na minha vida anterior, mas...
--É verdade, você nunca nos contou como era sua vida, antes.
--Não era nada emocionante.—deu um riso—Morava com minha tia, que era alcoólatra. Ela passava praticamente o dia todo bêbada. Então, a denunciaram para o serviço social. Fui levada para um obrigo. Passei um ano lá. E então, me transformei em vampira.
--Nossa, sinto muito Dana.
--Tudo bem, sério. Minha vida antes não era boa, eu não era feliz. Estava conformada. E de certa forma, me sinto bem aqui. Tenho amigos agora. Posso estudar, sem ter que me preocupar com uma tia bêbada. Posso pensar até em fazer uma faculdade futuramente.

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RENASCER
VampireTessalia Dragon, ou Tessy como gosta de ser chamada, levava uma vida normal aos 16 anos e sua maior preocupação era sobreviver ao ensino médio. Mal sabia ela que carregava uma herança milenar que mudaria sua vida para sempre. Agora longe de todos q...