--Querem alguma coisa?—minha mãe perguntou e corou logo em seguida.—Oh, perdão querida.Deveria saber que vocês não comem.
--Mãe, tudo bem. Nós comemos sim.—assegurei. Ela assentiu, ainda sem jeito e foi para cozinha. Voltou poucos minutos depois com uma bandeja de biscoitos, café e chá.
--Você está bonita querida.—meu pai comentou.
--Obrigada pai. O senhor está ótimo também. Os dois estão.—me corrigi olhando para ambos. Eles sorriram lançando olhares sorrateiros para Demetrios que permanecia no canto da sala, olhando para além da janela. Eu sabia bem o que meus pais estavam pensando. "Esse cara grande está cuidando da minha menininha?" ou "Ele não parece ser uma boa influência".
--Mãe, pai. Preciso que sejam sinceros comigo.—pedi, indo direto ao assunto.
--Nós sempre fomos querida.—mamãe falou, sem entender.
--Quero que falem sobre a noite que nasci.—falei. Visivelmente vi as expressões deles mudarem. Meu estômago gelou antecipando.
--Ora, por que isso agora Tessália?—mamãe quis saber desconcertada.
--Eu não viria até aqui se essa pergunta não fosse importante. Preciso saber. Saber a verdade, por favor.—insisti.
--Tessy...—Mamãe começou, antes de meu pai segurar sua mão impedindo-a.
--Ela merece a verdade.—disse. Engoli em seco, nervosa.
--Então?—pedi, ansiosa.
--Sua mãe teve complicações durante a gravidez. E acabou perdendo o bebê. Estávamos voltando do hospital, dois dias depois, quando a vimos dentro de um cobertor á nossa porta.—ele narrou—Ficamos espantados claro. Mas sua mãe achou que você era nossa chance. Um sinal que, poderíamos ser felizes e dar a felicidade que tanto queríamos dar ao nosso filho que morreu.
--Você era tão linda, e tão frágil amor... não pude deixar de amá-la assim que pus os olhos em você.—mamãe murmurou.—E havia uma carta...
--Aquela carta.—meu pai confirmou, recordando.
--Quero vê-la. Quero tudo que estava comigo naquela noite.—pedi, lágrimas rolando por meu rosto. Minha mãe levantou e foi até a cozinha, em direção ao quartinho do depósito. Voltou trazendo uma pequena maleta de mãos e me entregou. Abracei a maleta no meu colo.—Por que... por que não me contaram?
--Porque você era nossa. Foi deixada...
--Isso não dá ao direito de vocês...—me calei. Fechando os olhos e levantando.—Tenho que ir.
--Filha, espere.—mamãe pediu segurando meu braço.—Você precisa entender.
--Não!—rosnei virando pra ela. Ela gritou recuando. No mesmo instante Demetrios estava atrás de mim com suas mãos firmes em meu ombro. Olhei confusa pros meus pais e só então me dei conta que eu estava... mostrando os dentes pra eles. Me olhei no espelho que havia atrás deles e lá estava eu. Uma vampira.—Ah, Deus... eu não... Me desculpem. Não precisam ter medo, eu... nunca mais voltarei.
--Nós temos que ir. Agora!—Demetrios anunciou. Meus pais assentiram sem questionar e saímos sem olhar pra trás.
O caminho de volta pra casa foi em silêncio. Demetrios nada disse nada perguntou. E pela primeira vez, eu estava agradecida por esse silêncio entre nós. Chegamos no Instituto mais rápido do que a ida parecera. Antes de sair do carro, Demetrios pousou a mão em minha perna.

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RENASCER
VampireTessalia Dragon, ou Tessy como gosta de ser chamada, levava uma vida normal aos 16 anos e sua maior preocupação era sobreviver ao ensino médio. Mal sabia ela que carregava uma herança milenar que mudaria sua vida para sempre. Agora longe de todos q...