CAPÍTULO ONZE

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 Fomos andando lado a lado, em silêncio pelos corredores. Percebi uma certa tensão no ar. Demetrios estava rígido e distante. Me evitando, claramente. Limpei a garganta.

--Então, tudo bem com você?—perguntei. Ele me olhou surpreso, mas logo voltou a me olhar frio.

--Sim.—respondeu, e voltou a olhar pra frente decidido a não conversar comigo.

--Algum problema?—insisti. Ele engoliu, mantendo seu olhar no caminho a frente.

--Por que haveria?

--Não sei. Me diga você.—deu de ombros, irritada.

--Só não gosto de mentiras.—disse, me olhando de soslaio.

--Engraçado, eu também não.—contrapus. Ele parou, e me encarou.

--Nunca menti pra você, Tessália. O que você parece fazer todo tempo quando pergunto algo.

--Não é verdade. Só por que não lhe conto as coisas... não significa que eu esteja mentindo.

--Que coisas são essas que você precisa tanto esconder de mim?

--Por que quer saber? Isso importa?!—disparei, confusa. Ele fitou meu rosto. Seus olhos passeando por minha linhas demoradamente. Por fim, voltou a andar.

--Só estou tentando fazer meu trabalho.

--Então, do que adianta querer saber se pra você não faz diferença alguma? Você não se importa, admita. Tudo não passa desse dever idiota de ser um consillier.

Ele riu, baixo, balançando a cabeça.

--Criança.

--Pare de me chamar assim.

--Pare de fazer birra.—ele disse, e bateu na porta da sala de Selena. Richard abriu, e nos deu passagem. Selena estava sentada, estudando alguns papéis, que deixou de lado ao nos ver. Levantou, sorrindo.

--Bom vê-la acordada, Tessália.

--Tessy.—a corrigi, gentilmente. Ela assentiu, sentando. E me indicando a cadeira.

--Então, Tessy, como está se sentindo hoje?

--Muito bem, na verdade.—respondi, sabendo muito bem onde tudo aquilo levaria.

--Ficamos preocupados com você, não é sempre que temos tantas ocorrências de vampiros acabando na enfermaria. Digamos que, raramente isso acontece.

--Somos tão imunes assim?—brinquei.

--Somos fortes. Não pegamos doenças humanas. Fisicamente, é preciso haver uma pancada muito forte pra nos derrubar.

--Entendo.

--E você, não foi parar na enfermaria por nenhum desses motivos. Tem alguma ideia do que pode estar acontecendo?

--Na verdade, não.—confessei. Ela me fitou, preocupada. Percebi que Demetrios se mantinha distante, e de mal humor. Richard apenas observava. Resolvi intervir.—Bom, eu andei pensando... Quando eu era humana eu tinha insônia... e depois dormia muito. Talvez isso esteja acontecendo de forma mais aumentada agora que sou vampira.—falei, usando um pouco do que acontecia com Tate.

--Pelo que sua parceira de quarto disse... você nunca teve problemas com sono.—Selena comentou. Mordi o lábio, nervosa. Droga, eu precisava mentir melhor.

--Eu sei... eu ando bem cansada... tenho dito muitos deveres... e ainda estou me acostumando com toda essa ideia de ser vampira. Acho que acabei estressada... e meu corpo resolveu intervir.

RENASCEROnde histórias criam vida. Descubra agora