CAPÍTULO CINCO

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Vesti minha calça de corrida, prendi meu cabelo e pus meu casaco. Sentei na cama para amarrar meu tênis quando ouvi batidas na porta. Levantei, suspirando. Se fosse Demetrios dizendo que eu estava atrasada, seria um completo absurdo. Abri, e arregalei os olhos surpresa ao vê-lo parado com as mãos no bolso, com um sorriso safado no rosto. 

Cruzando os braços, o enfrentei.

--O que faz aqui?!

--Cuidado, Tessy. Conviver no mesmo ambiente que Sheel esta lhe transformando numa pessoa agressiva.—Luka disse.

--Bom, eu não sou exatamente uma pessoa, sou?!—disparei, arqueando as sobrancelhas. Ele riu, concordando com a cabeça.

--Tinha me esquecido como era ter um dia divertido, que bom que chegou, alegrou minha semana.—disse, piscando.

--O que você quer aqui, Luka?—insisti, ignorando o charme dele.

--Vim lhe convidar para uma reunião, no sábado.—falou, olhando pros lados—Me encontre na entrada do dormitório dos veteranos, as onze.

--Mas é depois do toque de recolher.

--Isso não impediria você de vir, não é?—ele argumentou, irônico.—Você não vai querer perder isso.—com um aceno, se despediu andando tranquilamente pelo corredor—Ah, e vá sozinha.—disse antes de descer as escadas.


Desabei no chão, em meio a folhas secas, sem fôlego. Fechei os olhos, sentindo falta de um pouco da luz solar sobre minha pele. Ao invés disso, a luz do luar banhava minha face úmida. Senti um cutucão na minha perna, endurecendo o maxilar, respirei fundo, abrindo os olhos para vê-lo me encarando com ar de censura.

--Não terminamos.

--Por que está fazendo isso comigo?—resmunguei.

--Fazendo o que?—cruzou os braços—Treinando-a pra se tornar uma vampira forte, ou me esforçando para não criticar sua falta de desempenho para se tornar uma vampira de verdade?

--Urgh, eu não acho que todos os vampiros precisam ser invencíveis... e eu já sou uma vampira de verdade, eu não posso sair na luz do sol, eu não sinto sono como antes e ah, não vamos esquecer da minha alimentação a base de glóbulos vermelhos.—enumerei, sarcástica. Ele resmungou algo numa língua desconhecida, e olhou no relógio. Sem que eu esperasse me puxou pra cima, me forçando a ficar em pé.

--Acha mesmo que ter a natureza de um vampiro a torna uma vampira de verdade?!—disparou—Vampiros seguem um código de honra. Vampiros não deixam simplesmente a vida a sorte. Vampiros não tem uma estabilidade mental como a de humanos. Vampiros são imortais, mas mesmo assim, continuamos lutando diariamente por nossa sobrevivência, e você quer, sinceramente, passar o resto da sua imortalidade vivendo metade de seu potencial? Sendo uma paria?—suas mãos apertaram meus braços—Sou seu consillier, srta° Dragon, mesmo que não seja minha parte favorita do dia. Estou aqui, e pretendo fazer meu trabalho bem feito. Você não vai ser uma vergonha.—dizendo isso, me soltou, dando as costas. Arfei, vermelha, e sentindo meus olhos arderem.

--Por que?—murmurei—Eu nem ao menos estou viva de verdade! Ninguém la fora sabe que eu existo. Então, qual o sentido disso tudo?

--Quer um sentido?—falou, balançando a cabeça, dando uma risada seca.—Criança...você renasceu há três dias... três tolos e insignificantes dias... sabe há quanto tempo estou na Terra? Sabe há quanto tempo renasci?—lentamente se virou pra mim, seus olhos frios, seus ombros tensos.— Há 500 anos ando por essa Terra, vivendo entre o mundo dos humanos e dos vampiros... e até hoje me pergunto o por que. Qual o sentido de viver tanto. E quer saber? Desisti de encontrar um sentido, uma resposta a medida que o tempo passava.-- ele parecia distante agora, como se não estivesse mais ali comigo. --Em 1515, século XVI. Numa aldeia, no Velho Mundo. Eu, e minha família. Minha casa pegando fogo, eu e meu irmão completando a transformação. Todos morreram, enquanto eu rastejava para fora da cabana... assisti minha família sendo queimada... sendo reduzida a pó.

RENASCEROnde histórias criam vida. Descubra agora