CAPÍTULO SETE

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--Há quanto tempo você se transformou?

--Sete anos.—revelou, como se fazendo pouco caso.—Eu estudava em outro Instituto. Vim transferido há um ano.

--Você se transformou quando tinha quantos anos?

--Dezoito.

--Me sinto tão jovem.—fiz uma careta.

--Vai descobrir que o tempo para nós tem pouco significado.

Fiquei em silêncio, absorvendo aquelas palavras. Tate parecia tão... indiferente a tudo. Como se nada o interessasse de fato. Como se ele tivesse plena consciência de todas as respostas e perguntas do mundo. Ele não tinha um ar arrogante, como a maioria dos sabe-tudo tinham. Ele era apenas diferente.

Chegamos na entrada dos dormitórios mais rápido do que eu esperava. Tate parou, se apoiando na parede.

--Obrigado por me ajudar.—agradeci. Ele fez uma menção com a cabeça.—Ahn, boa noite.—falei, incerta. Ele sorriu.

--Nos vemos por ai, Tessy.—disse, sumindo entre os corredores escuros.

Me apressei a voltar pro meu quarto, antes que fosse pega. Não fazia ideia de que horas seriam, mas algo me dizia que já estava tarde, próximo ao nascer do sol. Não foi difícil chegar ao meu quarto, ao entrar notei que Sheel dormia, quase que no chão. Reprimi o riso, pelo visto ela havia tido uma boa noite, e um ótimo encontro. Tirei meu vestido, e comecei a pentear meu cabelo. Me olhei no espelho, sorrindo ao me lembrar do que Tate me dissera sobre a cor. Suspirei, me sentindo cansada. Fora uma longa noite, e não tinha forças pra pensar sobre o que acontecera na reunião.

Lentamente fui adormecendo.

As chamas ficavam cada vez mais densas e incontroláveis a medida que avançavam pela cabana modesta. Ele olhou ao redor, caído no chão, incrédulo. Tudo que sua família construíra estava queimando, virando pó. Conseguia ouvir os gritos. Ao seu lado, ouviu seu irmão tossir. Tocou seu ombro.

--Irmão.—conseguiu chamar, sua voz soando áspera. Seu irmão, não se moveu. Tentou se levantar, todo seu corpo doendo. Sentia-se tão fraco...Precisava chamar alguém...pedir ajuda.—Mama...

Olhando por sob a névoa de fumaça e fogo, sentiu pavor e choque ao ver o corpo do pai carbonizado. Não, não podia ser real. Sentiu algo morrer dentro de si, não queria sentir tamanha dor. Não podia suportar.

--Irmão?—voltou a chama-lo. Ele também olhava com espanto a catástrofe que o rodeava.

--Vai-te.—rosnou.

--Mas a mama...

--Salva-te, Demetrios... irei por mama. Vai-te, já.

Viu a porta cair, e rastejou até lá sentindo o fogo destruir o pouco que vestia. As chamas não lhe causavam dor como deveriam. Já a alguns metros fora da cabana, começou a gritar por alguém. Qualquer um que viesse lhe ajudar. Mas fitou horrorizado a vila inteira sendo consumida pelas chamas. Começou a tossir, sentindo uma vertigem imensa, seu corpo estremeceu tombando na grama. E tudo escureceu a sua volta.


Abri os olhos, tonta e coberta de suor. Sentei, sentindo minha cabeça doer. Gemi, escondendo os olhos com as mãos. Escutei a porta do banheiro sendo aberta, e um arfar.

RENASCEROnde histórias criam vida. Descubra agora