Better than me

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Já estando em sua sala, Danny senta-se e vê duas fotos que o fazem querer chorar. Na primeira, ele e Grace indo ao primeiro dia aula dela. Na segunda, uma foto sua com Steve. Ele sentiu um aperto no coração, como se estivesse levando facadas, uma atrás da outra. Sua mente flutuava em meio a todo o caos que o rodeava.

  - Woody? Ei, amigo. Quer sair para conversar um pouco? Faz tempo que não fazemos isso. - disse Nicolas já calmo.
 
  - Você não tem que ficar com Rebecca? - perguntou.
 
  - Ela está cercada por policiais e Martin está aqui. Não tenho com que me preocupar. Mas não posso dizer o mesmo de você. - encarou o detetive - Você não mudou nada! Vamos sair e você me conta tudo o que aconteceu. - sorrio gentilmente.

  - Ótima ideia, eu preciso mesmo beber! - Danny se levantou e junto com Nicolas foi em direção ao elevador. - Nós vamos em algum bar aqui perto! Avisem ao chefe que eu não volto hoje - falou aos amigos antes de partir. Enquanto o elevador descia, Steve se encaminhava para a mesa de centro da sede.

  - Vocês não vão acreditar em quem está por trás disso? - disse ele - Wo Fat! É tudo obra dele. - passou a mão na cabeça preocupado.
 
  - Tem certeza disso, chefe? - Indagou Kono.
 
  - Sim, Martin confirmou que era ele.

  - Steve, já pensou que o nosso amigo ali de baixo possa estar mentindo? - argumentou Grover.
 
  - Eu conheço um mentiroso e ele não é um! - afirmou - Além disso, ele me deu uma descrição exata de Wo Fat.
 
  - E o que faremos agora? - pergunta Chin.
 
  - Vamos a fundo nesse caso! Vamos prender Wo Fat! - disse ele decidido - Onde está Danny?
 
  - Saiu com Nicolas, disse que não voltaria hoje. - Kono afirmou. Imediatamente Steve mudou a feição, não gostava da ideia de Danny sair com Nicolas, mas o que podia fazer?! Com tudo que está acontecendo em sua vida, ele era a última pessoa com quem o detetive iria se abrir. Talvez uma conversa com o outro o faria bem. Mas se precisava só conversar por que não falou com algum outro membro da equipe? Afinal eles eram família também. Perguntas e respostas pairavam sobre a mente de Steve que só se livrou delas quando Chin o chamou.
 
  - Steve, está tudo bem? - perguntou.
 
  - Ah, está sim. Onde estávamos?

  - Falando sobre Wo Fat. - disse Grover.
 
  - Ah, claro! Como eu estava falando...

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Danny colocou o celular sobre a mesa enquanto olhava fotos e mais fotos de Grace - Ela é linda, não é? - perguntou a Nicolas com os olhos lacrimejantes.

  - Ela sempre foi! - fez sinal pedindo duas doses de uísque para o garçom. - Por que não me conta o que aconteceu?
 
  - Pode demorar... - a bebida chegou.
 
  - Nós temos um dia inteiro e mais quantos você quiser. - Disse Carter sorrindo e dando um gole no uísque.
 
  - Você tem que resolver aquela história da Rebecca, eu fico bem aqui. - o detetive estava cansado e decepcionado.
 
  - Não posso fazer nada até seu chefe me autorizar. Especialmente agora que ele resolveu se intrometer no caso - outro gole de uísque. Danny tomou o primeiro de sua bebida e sentiu a garganta queimar levemente enquanto o líquido descia.
 
  - Ele sempre tem que estar no controle! - murmurou Williams. Não era mentira, Steve sempre foi um controlador nato. Steve... por que a conversa tinha que envolver ele? Danny não queria falar sobre isso, não conseguia explicar porquê também não entendia o que estava acontecendo com o comandante. Seu foco agora é recuperar Grace. Saia da minha cabeça, Mcgarrett! lutava contra sua própria mente na tentativa de desviar qualquer coisa que tivesse ligação com Steve, mas isso era muito improvável de acontecer. Desde que o conheceu, praticamente tudo a sua volta envolvia o parceiro.
 
  - Se não quiser falar, eu entendo. Mas saiba que vou estar aqui para quando quiser desabafar. - Nicolas tentava ajudar da maneira que podia.
 
  - Consegue se lembrar de quando nos conhecemos? - começou Danny tentando desviar do assunto.

  - hmmm... acho que foi no verão de 1988, eu tinha acabado de me mudar para New Jersey. - respondeu Nico imediatamente.

  - Você me acertou com uma bola de basquete.
 
  - E você não me devolveu!

  - Devolvi sim!
 
  - 2 meses depois.

  - Mas devolvi.

E foi assim, entre risadas e memórias que os dois esqueceram-se, por hora, da confusão que estavam suas vidas. Em algum momento o assunto ia aparecer isso é certeza, mas não agora. Quase uma garrafa de uísque depois as risadas cessaram, chegou a hora do coração falar.

  - Há quanto tempo vocês são parceiros? - pergunta Nicolas.
 
  - 3 anos. E vocês?

  - Também. Assim que você saiu de New Jersey eles colocaram Martin no seu lugar.

  - Steven me obrigou a ser parceiro dele.

  - Nos odiávamos no começo...
 
  - E então se tornaram melhores amigos. Sei como é... - disse Danny esvaziando a garrafa.

  - Nunca pensei que ele me magoaria desse jeito. - Nicolas, agora melancólico, lembrava de Martin ensanguentado na cena do crime.
 
  - Eu te entendo.
 
  - Seu parceiro também matou alguém? - disse Nico em um tom debochado para descontrair.

  - Matar? Não! Ele só... está me escondendo coisas. - Danny sorriu e começou a comparar sua situação com a de Nicolas. Vendo por esse lado, talvez o que Steve fez não seja tão ruim... Bom, não importa.
 
  - Quando se perde a confiança, se perde tudo - continuo Nicolas.

  - Acho que já perdi tudo então - falou o detetive tomando a última dose que estava em seu copo e então pediu mais uma garrafa. Só lhe restava beber, até porque aparentemente já escureceu, mas tinha Nico como companhia. Tudo parecia bem.
 
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Steve está sozinho no escritório, já passou do horário mas ele não quer ir para casa. Precisa resolver esse caso, precisa encontrar Wo Fat. Sua mente estava lhe pregando peças, mostrando fotos e momentos com Danny. Seria tão mais fácil se ele pudesse contar a verdade e estar com o detetive agora. Você precisa se afastar outra vez a voz de Cath ecoava em sua cabeça. Agora gritava por seu nome e estava cada vez mais alta. Steve! Steve! STEVEN - Ele acordou com Catherine o observando.

  - O que está fazendo? - Ela pergunta
 
  - Estava... ah... trabalhando - Ele levanta a cabeça. Havia dormido em cima do monte de papéis em sua mesa. - Pelo menos eu acho que estava.

  - Você fez o que combinamos?

  - O quê? - pergunta ele meio sonolento ainda.
 
  - Danny. Está se afastando dele?
 
  - Ah, isso... - suspirou fundo e passou as mãos no rosto - Ele já está magoado o bastante. - A imagem de Danny sofrendo aparece em sua cabeça e causa uma dor profunda.
 
  - Você precisa continuar, Steve. É o único jeito - Cath insistia.
 
  - Eu cansei de mentir, ele não merece isso. É culpa minha e só minha...
 
  - Steven, nós já conversamos sobre isso. Você não pode falar nada. Vai ser melhor assim.
 
  - Melhor para quem? Hã? Ele está sofrendo. Grace está sofrendo. EU estou sofrendo - seus olhos lacrimejam sem parar.
 
  - Eu sei que é difícil - ela segurou suas mãos.

  - Não você não sabe - ele solta as mãos e levanta indo em direção a saída.

  - Onde vai?

  - Contar ao Danny - aperta o botão do elevador enquanto ouve Cath repetir insistentemente que ele não deve fazer.

  - Steve, você precisa se afastar de Danny! - ele vira-se imediatamente antes de entrar no elevador.
 
  - Catherine, me faça um favor - ele aperta o botão para fechar - Cala a boca! - foi a última coisa que falou antes de desaparecer deixando ela sozinha na sede.

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Danny e Nicolas ainda estão no bar. Em uma mesa ao fundo do estabelecimento, duas garrafas de uísque vazias e muitas risadas, foi isso que Steve viu pelo lado de fora. De repente, a vontade de entrar passou. Uma batalha estava sendo travada dentro de sim: Coração vs Cérebro. Instinto vs Lógica. Ficar vs Partir. Só um poderia vencer, mas ambos tinham bons argumentos: O coração não queria continuar mentindo mas o cérebro dizia não ser seguro contar a verdade; O instinto queria se abrir mas a lógica dizia que não era a hora; Ele queria ficar mas imagem de Danny sorrindo o fez mudar de ideia; Talvez seja melhor assim. Talvez Danny precise de um amigo melhor do que eu tenho sido. Talvez ele precise de um... talvez. Deu meia volta, seguiu caminhando para a praia mais próxima e ali ficou. Só ele, a luz da lua e o som das ondas. Era uma noite linda mas não para quem se sentia solitário.

I Got Your BackOnde histórias criam vida. Descubra agora