I Got Your Back

The New Old Case

Vicent estaciona o carro em frente a casa e respira fundo antes de sair, precisa baixar a adrenalina dos eventos dessa manhã quando esfaqueou Michelle Watson e enviou o vídeo a polícia. Assim que veio para a ilha atrás de Stan ficou sabendo que Detetive Danny Williams também morava aqui e fez questão de adicionar suas iniciais ao enviar o envelope para a delegacia. Sabia que o detetive reconheceria seu método e por isso escreveu o pedido de ajuda na parede pois Williams era o único que podia ajudá-lo, o único que poderia fazer isso parar. Ele estava ciente de que não deixava rastros mas dessa vez foi diferente, Vicent queria ser pego. Estava cansado de matar, cansado de fingir ser quem não era, cansado de se sentir vazio e culpado e tudo isso porque havia conhecido Stan. Foi uma surpresa para Vicent quando percebeu que o garoto havia o mudado dessa maneira e o motivo foi simples: Stan o ajudou a ver. Ajudou a ver o que os seus atos causavam na vida das pessoas, o sofrimento que ele estava infligindo e não é como se não soubesse disso antes, ele sabia mas ao ver o garoto naquele dia, vulnerável e com medo foi como se olhar no espelho, um flashback doloroso de sua própria infância. Desde então, Vicent não matou. Ele não precisava pois tinha a amizade de Stan mesmo que este não soubesse que estava frente a frente com o assassino de sua mãe. O garoto preencheu o vazio que ele sentiu durante toda sua vida e agora estava prestes a ir embora. Segui-lo até o Hawaii foi relativamente fácil já que tinha contatos na ilha mas a Europa? Não, não havia nenhuma maneira de se mudar para lá e foi no instante dessa realização que Vicent sentiu o vazio o preencher de novo. Ele não podia suportar a ideia de ficar longe da única coisa que mantém seu pior lado sobre controle e o faz sentir vivo. A ideia dessa perda o fez matar Michelle e se não fosse pego iria matar novamente. Colocando esses pensamentos de lado, ele respira fundo mais uma vez e sai do carro caminhando em direção a calçada cuidadosamente evitando as rachaduras.

- Sabe que elas não vão te machucar certo? - uma voz familiar retira qualquer pensamento negativo restante em sua mente. Ao olhar para o lado Vicent vê aquele que estava procurando, Stan começa a se aproximar usando uma muleta e a ecolocalização. O método consiste basicamente em estalar a boca e ouvir o eco podendo assim localizar de maneira precisa obstáculos ou coisas a sua frente como árvores, carros, edifícios...

- Como sabia que era eu? - ele pergunta curioso.

- Eu conheço o barulho do seu carro. - o garoto responde sorrindo quando finalmente para em frente a ele.

- Como está amigo? - ele pergunta em um tom amável reservado apenas para o ser a sua frente.

- Estou bem. Meio chateado por ter que me mudar, sabe? Conhecer novas pessoas, me adaptar a novos lugares...

- Tenho certeza que tudo vai dar certo e você vai ficar bem - ele assegura tentando passar confiança.

- Queria que pudesse vir com a gente - Stan fala triste fazendo o coração de Vicent doer.

- Eu sempre vou estar aqui para você. Sempre. - ele responde abaixando para ficar na altura do menino e acaricia seus braços.

- Obrigada, Vicent. Você é o melhor amigo que eu poderia ter - ele sorri genuinamente - Está tudo certo com o nosso plano?

- Tudo preparado, capitão. - ele sorri - Amanhã a noite eu passo aqui para te buscar.

- Vai ser o melhor presente de aniversário que eu já recebi - o garoto mostra um sorriso de orelha a orelha.

- STAN! QUERIDO VEM COMER! - a voz de Josie, mãe adotiva do garoto, surge na porta.

- Já estou indo - responde.

- Ah, olá Vicent. Quer fazer um lanche conosco? - ela pergunta amavelmente.

- Deixa para a próxima, tenho que resolver algumas coisas mas obrigada - ele retribuí o tom amável.