Não Somos Culpados

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     Meu pai abriu a porta do quarto, atento minutos depois de eu ter gritado alto. Eu estava tão feliz que não contia o sorriso estampado no rosto, ele me olhou com o cenho franzido.

- O que é isso garoto?

- Pai, eu passei! - Eu o abracei com força. - Eu realmente estou dentro!

- Dentro de quê?

- Da Avenues! Eu fui aceito em um escola particular, eu ganhei uma bolsa! - Sua feição mudou.

(...)

Meus pais estavam conversando faziam alguns minutos. E eu como um bom garoto, estava esperando pacientemente sentado no sofá. Não entendia por que não tinham gostado da ideia! O que eles pensavam? Que eu seria humilhado por ser pobre? Ou qualquer outra coisa assim? Minha mãe meia sem graça saiu do quarto me olhando, enquanto meu pai vinha "brabo" com seu bigodão cabeludo.

- Você pecou em não ter nos contado.. - Minha mãe começou calma.

- Errou, como pode? Você acha que por que é musculoso e tem que tirar esses pelinhos do rosto, que você é homem? Você só tem dezesseis anos!

- Por que está irritado? Por que eu fiz isso tudo, sozinho como um adulto que sabe o que quer? Não tem nexo, pai. - Eu me levantei afim de sair logo dali.

- Pessoas como nós, não nos damos bem com pessoas dessa escola que você quer ir.

- Pessoas como nós? Eu não tenho nenhuma doença contagiosa,  não!

- Richard é muito provável que eles não te aceitem lá. - Minha mãe me olhou.

- Por que? Eu sou um ótimo aluno.

-  Mas seu histórico. - Um sentimento de tristeza e raiva subiu e percorreu todo o meu corpo, apenas com essa frase. O fuzilei com os olhos.

- Richard, o que vão pensar de você lá? - Minha mãe me olhou. A essa altura eu já estava cansado disso.

- EU NAO TENHO NADA HAVER COM O QUE ACONTECEU COM O WILL E A MORGANA! - Eu berrei em fúria. Queria jogá-los para longe de mim!

- Calma Richard! - Meu pai exclamou e sua feição mudou, agora estava assustado.

- Porque vocês tem medo de mim? Eu não tenho nada haver, Will não tem nada haver.. - Eu me afastei dele. - Vocês deveriam confiar mais em mim, além da pouca idade, eu já sou um homem. - Bati a porta, e fora de casa chutei o balde de lixo,essa porra desse passado vai me condenar pra sempre? Eu to cansado! Se eu, Ana e Hugo somos vistos juntos, as pessoas saem de perto,nos separaram pela escola, já fui até mesmo proibido de falar com o Hugo, quantas vezes vamos dizer que nós não fizemos nada com ela? Will não sumiu por que quis, Morgana não foi morta por que quis, tudo foi um grande mal entendido.

Aquele ditado popular nunca foi tão verdadeiro: Alegria de pobre dura pouco. Estava tão contente, e agora quero matar aquele que ousar falar asneira do meu lado. Andei pela rua sem destino, e acabei me encontrando quando avistei a garota branquinha dos cabelos ruivos. Ela estava sentada na pista de skate, fumando um cigarro, quando me aproximei.

- É muito tarde para estar aqui sozinha.. - Eu disse me aproximando.

- Faço de suas palavras, as minhas.. - Ela me olhou, e em seguida deu um sorrisinho. - O que foi?

- O de sempre, e pelo visto.. Para sempre. - Ela suspirou.

- Brigou com seus pais?

- Não foi exatamente uma briga, mas eu odeio isso Ana, não acreditam na gente..

- Eu sei. - Ela deitou sua cabeça no meu ombro,  e eu passei meus braços sobre os seus. - Até encontraram aqueles caras, nós seremos os culpados.

Houve um pequeno silêncio. Quando encontrarem àqueles caras. Nunca os encontraríamos, afinal, por que a Morgana? O que ela havia feito? Como prenderam o Will e fizeram ele parecer culpado?

- E então, o resultado da Avenues? - Ana retornou a falar.

- Eu passei.. E você?

Ela apenas balançou a cabeça negativamente.

- Era de se esperar. - Ela deu um riso fraco. - Não sou tão boa para isso... - Eu a olhei.

- Você é bem mais, não diga essas coisas.. - Ela me encarou.

- Olá!!!! - Hugo deu um pulo. Meu coração gelou, deste que eu tive o sonho, tenho medo que esse cabeça de vento me dedure. - Espero não estar atrapalhando nada.. - Ele sorriu.

- Não está.- Ana se afastou e arrumou a postura. Enquanto eu o olhava subir na rampa e se sentar ao nosso lado.

- E então, querem fumar um? Ou conversar...

- Faz tempo que não ficamos juntos.. - Ana o olhou.

- É, mas fazer o que? Somos uma quadrilha, terminei aquela porra de trabalho voluntário hoje! - Ele relaxou a postura.

- Terminei o meu faz duas semanas.. - Eu comentei.

- Claro, o meu foi o pior, eu sou irmão de um suposto assassino de namoradas. - Nessa hora um garoto apareceu, e Ana imediatamente foi até ele. Lhe entregou a droga, e recebeu o dinheiro.

- Vamos.. ? - Ela nos olhou com as mãos dentro do casaco.

- Está vendendo novamente? - Eu a encarei.

- O mercado de trabalho não está tão amplo.

(...)

A Face do Disfarce Onde histórias criam vida. Descubra agora