Eu preciso dela

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   Voltei para casa exausto.. Eu estava muito fodido.. Minha mente não conseguia processar mais nada! E se eu matei aquele cara? Apesar de ser um pau no cu, ainda é uma pessoa. Involuntariamente minhas mãos começaram à tremer, o medo e o nervosismo estavam tomando conta do meu corpo, agora.. À essa altura do campeonato. Depois de tudo.

   Assim que cheguei em casa, notei que meus pais estavam sentados na sala, com os celulares na mão, preocupados.

- Mas o que aconteceu? Onde você estava? - A voz da minha mãe estava estérica.

- Bebi demais ontem.. Dormi na praça. - Não menti, mas ela não precisa saber que eu provavelmente matei outra pessoa, por que até hoje, ainda levo a culpa pelo o que houve com a Morgana.

- Você é mesmo um irresponsável.. - Meu pai se levantou colocando o celular no bolso. - Quase matou sua mãe.

- Ora, você também estava preocupado! - Ela me olhou. - O que foi isso, isso é sangue? - Eu olhei para minha blusa.

- Não, não.. - Disse me afastando. - A Ana quem me melou com katchup. - Que mentira tão mal pensada.

- Oh então tire logo, se não vai manchar sua blusa. - Eu concordei.

Queria que apenas uma mancha de "katchup" fosse minha preocupação nesse momento.  Após o banho, tentei me convencer de que não o matei, de que estava tudo bem e que aquele cara tinha aprendido a lição e não mais nos procuraria. Somente tentei, pois algo em mim sabia que a merda estava apenas começando...

" Ei Richard, aconteceu um imprevisto, talvez não chegue à tempo do jogo.. Mas boa sorte. "

Mensagem da Izzy.. Novamente já havia esquecido da porra do jogo. Pulei da cama e soltei o celular, procurando o uniforme novo que ganhei a apenas uma semana. Não o vesti, sacodi dentro da bolsa, peguei minha moto e fui embora.

(...)

   O apito do árbitro soou no campo e a bola rolou. Quase todos do colégio estavam lá, para prestigiar o início da primeira temporada dos Fires; E eu estava no banco.. Na verdade eu estava até mais tranquilo por isso, não me exercitei e ainda estou pensando naquele cara.. Certamente a bola viria para esquerda eu correria para direita atrás dela, de tão desligado.

     Assim que o jogo acabou, os Fires foram campeões e eu só queria ver o Hugo e conversar com a Izzy, mais algumas horas nessa dúvida se matei ou não ele, e eu enlouquecia de vez.

(...)

  Entrei no bar às sete e meia, antes do movimento começar e como de costume a Sara estava por trás do balcão, quando ela me viu, ficou pálida.

- O que ta fazendo aqui? - Ela sussurrou. - Enlouqueceu?

- Hein? -Me aproximei dela.

-Sei o que fez com o Jonny, para defender o Hugo! - Ela falou ainda mais baixo. - Não deve aparecer aqui por muito tempo ou ele vai te matar..

- Como sabe disso? - Ela não respondeu. Apenas saiu de trás do balcão e me conduziu até a porta, forçando minha saída.

- Por favor. - Ela fechou a porta e me deixou plantado do lado de fora.

   A verdade é que essa menina só me deixa com cada vez mais dúvidas, a um ponto que quando penso que entendo, mais me enrolo. Felizmente o Hugo está bem e Ana está cuidando dele, e o Jonny está vivo.. Devo ficar aliviado por que ele está vivo? Ou com medo por que não o matei?

   Estacionei minha moto e entrei no habbon's, nada de novo.. Só queria que meu sonho fosse verdade, ter a Luly de volta mesmo com tudo que ela fez, seria meu ponto de paz em meio à tanta tempestade. E eu nem pedi desculpas pelo o que fiz, antes realmente tivesse ficado bêbado e fosse bater na porta dela. Que porra..

  (...)

Eu bati e agora quero correr.. Mas meus músculos estão me deixando paralisado em frente a porta dela, eu sei que o que eu fiz foi horrível.. Mas depois de um dia péssimo eu usaria qualquer coisa só pra ver a Luísa.

  - Quem...? - Ela para de falar. Quando abre a porta e me vê, solta um suspiro e me encara bem. - O que ta fazendo aqui?

- Podemos conversar?.. - Espero que diga que sim, eu preciso dela.

- Sim.. - Ela responde sem entusiamo.

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