(...)
Saltei da cama assim que o celular despertou às seis e meia da manhã. Precisava estudar um pouco para o teste de hoje e treinar para o jogo de amanhã... Que por acaso eu estou escalado para o time principal. Que maravilha.
Além disso, preciso ir ao habbon's o quanto antes para fazer a limpeza de ontem de noite. Sem demora tomei banho, comi meu café da manhã e parti. Fui sem a moto, precisava começar me exercitando.. Enquanto corria pelas ruas, analisava tudo ao meu redor, era como se na moto eu perdesse a visão de tudo, de como as flores próximo ao parque estão floridas, como as árvores estão verdes e o céu é bonito. Com certeza não valorizo a beleza da natureza e nem a admiro por um bom tempo.
Quando cheguei no Habbon's a porta já estava aberta, o que é muito estranho.. O horário de funcionamento começa as três da tarde e encerra às três da manhã. Com cautela entrei no estabelecimento e não contive o sorriso em ver a Luly por trás do balcão, organizando algumas coisas.
- Hey, o que fazendo aqui? - Ela sorriu e me olhou.
- Bom Dia pra você também.. - Eu brinquei, e ela revirou os olhos. - Vim fazer a limpeza de ontem, estive um pouco ocupado. - Eu cocei a nuca. Estive ocupado com outra garota.
- Hum..- Ela se virou para mim. - Eu voltei, a loirinha não se adaptou muito bem ao trabalho e deste do ocorrido no meu não casamento, o clima não ta muito bom pela faculdade. - Senti pena e culpa ao mesmo tempo.
- É.. - Eu limpei a garganta. - Aquilo se espalhou nessa proporção? - Diz que não..
- Sim.. - Ela suspirou. - Tinham "amigas" minhas na "festa". - Ela fez aspas com as mãos e eu entendi os duplos sentidos.
- Eu sinto muito, eu não sei o que deu em mim.. - Eu sei sim, deu uma doença chamada Izzy.
- Tudo bem.. - Ela riu fraco. - Toda ação causa uma reação.. Eu deveria ter te contado que eu tinha um relacionamento.
- Só não entendi por que queria.. Que eu te incluísse nos meus planos para o futuro, quando você estava noiva de outro cara.
- Em outro tempo, Richard.. Eu cogitei a ideia de terminar meu namoro e ficar com você.. - Ela sorriu. - Mas eu tive medo de não darmos certo.. E... - Ela balançou a cabeça. - É muito confuso.
- Não precisa explicar, é bobeira minha insistir nesse assunto. - Eu dei de ombros.
- E, no fim.. Foi melhor para mim que estava fazendo algo que não deveria.. E para meu noivo, que ia viver um romance de mentira.
Eu ri fraco. - De nada.. - E ela jogou o pano de prato em cima de mim.
- É.. - Ela saiu de trás do balcão e chegou perto de mim.- Foi melhor assim, o que ia acontecer quando eu gemesse seu nome no ouvido dele? - Eu senti meu coração acelerar e meu corpo todo arrepiar só em lembrar de como era bom ouvir os sussuros dela no meu ouvido. - Obrigada. - Ela me deu um beijo, um beijo lento e cheio de emoção, e em seguida me deixou sozinho, em uma confusão tremenda.
(...)
Limpei todo o estabelecimento hora pensando na Izzy outra hora pensando na Luly. Apesar da diferença na aparência física, as duas são descaradas. As duas despertam coisas em mim que nem eu mesmo sabia ser capaz de sentir. Consigo gostar e não gostar das duas na mesma proporção. Uma fingiu me amar e tinha um noivo. A outra, fingi ser o que não é. E mesmo assim, se escuto frases de duplo sentido, palavras sujas ou as vejo em determinada situação, fico excitado.
Ontem após ouvir da boca da Izzy que me ver agressivo daquele modo a deixou excitada, eu senti mil e umas coisas. Apenas queria estar dentro dela, mas a condenada tem um jogo de cintura e me atiça como uma demônia. Mas só isso...
(...)
Assim que saí do habbon's, estudei para o teste e o tempo que tinha, fui até a quadra me exercitar.. Aqui me sinto em casa - e não é por que já dormi aqui-, conheço todos e posso jogar bola em paz. Apenas três horas foram gastas com os moleques, fiz cinco gols e me senti um astro, tinha esquecido que isso eu sabia fazer.
Logo depois que a primeira hora passou, vi que um carro preto estacionou do outro lado da rua. Entre corridas e pegadas de bola, não notei se alguém havia saído ou não dele, mas provavelmente sim.. Não há nada para fazer dentro de um carro em duas horas.Me despedi dos colegas e com calma saí pelas ruas retornando à minha casa. Quando estava a uma quadra de distância, ouvi o barulho de um carro, muito rápido vindo em minha direção. Virei o rosto só para me certificar, mas eu estava fodido, o carro estava parado por que eu estava na quadra, essa porra estava me observando.
Corri para cima da calçada mas sabia que era burrada, esse carro vai me acertar de qualquer maneira, mas.. A frente, talvez uma duas casas adiante há um poste de energia, se eu correr em direção à ele, provavelmente o carro vai parar. E foi exatamente isso que eu fiz, e o carro em uma velocidade sem igual, passou tão perto que pude sentir meus cabelos balançarem com o vento. Meu coração estava tão acelerado, quase não consigo capturar ar para que possa respirar. Vi o carro partir desenfreado.. Algo me diz que sei muito bem quem está naquele volante. Não esperei recuperar o fôlego, somente corri para que o carro não voltasse e conseguisse concluir o que havia planejado: Me matar atropelado.
(...)
Ainda não tinha me recuperado totalmente do que tinha acontecido mais cedo.. E viver com medo é ruim para um caralho. Fui à escola com medo, olhando para trás desejando que nenhum carro preto estivesse tentando me derrubar da minha moto. Voltando da escola a mesma coisa aconteceu e assim sucessivamente.. Por conta disso, pedi que a Luly cobrisse meu turno no habbon's hoje, não a contei o que aconteceu se não ela provavelmente surtaria.. Meus pais haviam saído como de costume, e a campanhia tocou. Quando abri, a Izzy estava ofegante na porta, com o olhar atento.
- Como você está? - Ela entrou na minha casa, tocou meus ombros, e em seguida meu rosto, estava se certificando de que eu estava bem.
- Ele te contou? - Ela finalmente respirou fundo quando parou de me checar e fechou a porta.
- Eu... Segui ele.. - Ela disse pausadamente.. - Preciso que use isso. - Ela me mostrou o chip, aquele cujo já tinha usado no meu relógio.
- O que?..
- O Jonny também é rastreado, eu monitoro pelo meu celular.. É confiável fui eu quem desenvolvi. - Ela me olhou. - Se você usar posso receber alertas quando o Jonny estiver à cem metros de distância. - Eu estendi o braço e ela sorriu fraco.
- Por que se preocupa tanto?
- Não quero que morra.
- Mas eu ia matar ele.
- E daí? - Ela me encarou virando o relógio.
- Não ama ele?
- Não.. - Ela abriu meu relógio com tanta facilidade. - Não me faça mais perguntas. - Ela me encarou. - Eu te disse que o Hugo estava livre por que o Will comprou a dívida dele. Fique três dias vivo, e você também estará livre. - Ela colocou meu relógio novamente no meu braço.
- O que vai fazer, Izzy.. Sara? - Ela mexeu no celular e eu ouvi um "pib" vindo do relógio.
- Vou proteger você.
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A Face do Disfarce
Teen FictionRichard Blake, é um garoto de dezesseis anos que passa em um programa do governo e ganha uma bolsa estudantil em uma das melhores escolas da cidade. Nessa nova escola, conhecerá Izzy Yale "a garota perfeita", linda, educada e ingênua e descobrirá qu...