Felicidades

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          Quando ouvi aquelas palavras, fiquei parado. Não por que eu queria, mas por que estava sem reação; A Luísa, a garota que tirou minha virgindade, que me fez deixar os cabelos crescer, que estava comigo quando todos duvidavam do meu caráter, está noiva? Estava esse tempo todo me enganando?

- Felicidades. - Cuspi a única palavra que sairia agora.

- Amor, quem é? - Ouvi passos correndo, e a morena apareceu na porta. Seu sorriso desapareceu.

- Um rapaz, ele queria informação..

- Não vou mais atrapalhar... - Eu o olhei. - Obrigada pela atenção. - Eu a encarei e fui embora.

BURRO! BURRO! BURRO!

         Como não percebi? As vezes fugia de mim, as vezes eu tinha de sair dessa casa às pressas, a mensagem do celular! Como fui burro em acreditar que ela era realmente minha, ela nunca foi minha!

       A raiva que começo a sentir é de outro mundo, me sinto enganado, usado, me fez acreditar que o problema era minha idade, quando na verdade ela sempre foi covarde! Filha da Puta!

        A moto estava em alta velocidade, estava indo para o local mais longe da cidade, não queria ver ninguém nem ouvir nada.. Se me trombar com aquela garota agora, vou querer matá-la e dar jus à minha má fama. A medida que passava das lombadas, e curvas acelerava mais a moto, queria sair das proximidades o mais rápido possível.

       Quando joguei a moto para a esquerda, apenas focado em seguir a reta. Um carro saia da mesma direção. Rápido, tentei me afastar mas isso só piorou a situação, a moto sambou, num ziguezague louco, o carro bateu na moto e eu apenas senti o impacto.

(...)
     Acordei com uma baita dor de cabeça, a luz branca estava encadeando os meus olhos, dificultado que eu os abrisse. Após piscar várias vezes, pude analisar o local. Uma sala branca, com objetos bege, tentei me levantar mas minhas costas doeram. Olhei para os lados, eu estava sozinho.

(...)

- Oi.. - Ana sorriu ao me ver acordar. - Como está se sentindo? Está com muita dor?

- Oi Ana.. Eu to ótimo - Ela riu baixo- As minhas costas doem..

- É de se esperar, a moto caiu em cima de você.. Onde estava com a cabeça?

- Ah Ana, sermão agora?

- Verdade, desculpa.. - Ela se inclinou e beijou minha testa. - Seus pais estavam aqui, mas tiveram que pegar os exames no outro bloco. O Hugo ta fumando lá fora, ele ficou bem nervoso quando soube. - Eu dei um riso fraco.

- Depois eu levo uns murros dele. - Ela concordou com a cabeça. - Quando eu saio daqui?

- Em quatro dias, talvez.

- Não posso, deve ser em três dias no máximo.

- Ora, quer saber mais que os médicos?

- Segunda eu tenho que estar longe daqui, não posso perder o primeiro dia na Avenues.

- Senhorita? - Eu e Ana olhamos para porta, e lá estava um enfermeiro. - Já são duas da manhã, é melhor ir embora.

(...)

    Meus pais vinheram falar comigo após a Ana sair. Minha mãe estava chorando e meu pai preocupado.. Agora só restavamos eu e meus pensamentos. Me pergunto se algum dia ela me contaria? Se nunca sentiu receio do que aconteceria quado eu descobrisse? É tão inacreditável.. Como entender uma garota que dias atrás brigava comigo por não colocar ela nos meus planos, quando eu nunca estive incluso no dela? A raiva faz meu coração bater mais rápido, toda vez que lembrar disso, vou querer matar a Luísa, e isso eu infelizmente não posso fazer.

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