Capítulo 16

102 21 65
                                    

- Diga-me Alfred, ele sofreu? - Thomas, um pouco contrariado, segue seu mordomo até o escritório do pai.
- Hum... Não muito, senhor - Thomas notara a nítida mentira , mas não disse nada. - aceita um pouco de Uísque?
Ele aceitou, pois algo lhe dizia que precisaria de uma boa dose de álcool.
Algo na história não se encaixava.
- Alfred, como ele morreu? - indagou ainda confuso. Ele estava disposto a preencher todas as lacunas da história.
- O Duque, estava muito debilatado. Ele mal conseguia ficar de pé, não se comunicava com ninguém, a não ser com Lady Lucy, a duquesa.
Duquesa? Então eles haviam se casado?
- Duquesa? - Thomas quase pulou da poltrona onde estava acomodado.
- Sim senhor. Ela era a única que tinha contato com ele, além dos serviçais é claro. Até que finalmente ele sucumbiu e faleceu. Vossa graça ficou tão abalada que viajou para a casa da mãe, na frança.
França? Mas sempre acreditou que Lucy não tinha parentes!
A história agora ficara muito suspeita.
- E quando Lucy, Ééé... Vossa Graça retorna?
- Ela não comunicou isso, senhor.
Thomas então olhou o escritório ao qual esteve tantas vezes, bucando a aprovação do pai. Agora ele era o Duque e tudo aquilo era dele.
- Desculpe-me intrometer senhor, mas o retornará para Bramwell house para assumir o título?
Thomas o olhou com o cenho franzido.
- Eu não tenho certeza. - seus olhos se fixaram no quadro pintado do pai junto com sua mãe, pendurado na parede. Sua mãe era loura, seus olhos sorridentes e a expressão sutil denotava sua clara felicidade, até seu pai sorria. Ele parecia apaixonado.
Thomas virou-se para seu mordomo, que também observava o quadro.
- Ficarei até que Vossa Graça volte. Precisamos esclarecer algumas coisas.
- Certamente senhor - Alfred faz uma graciosa reverência e se retira.
Algo estava errado. Lucy não tinha familiares, ela nunca amara seu pai. Thomas não tinha certeza de suas suspeitas iniciais, mas desconfiava que ela armara uma grande armadilha para ficar com toda a herança.
                        ***
Uma semana já se passara e  Lucy todavia não havia retornado. Thomas se ocupou em cuidar das finanças que estavam entrando em ruínas. Seu pai, com certeza havia gastado grande parte da fortuna em médicos,  pois não saberia dizer em que mais, se esse não fosse o caso.
Seria um trabalho árduo já que não conhecia muito de como administrar uma propriedade, o que era um pouco estranho já que um dia seria duque, único herdeiro de seu pai, mas sabia o básico, aquilo que havia se esforçado para aprender e agradar seu pai, e isso bastava.
- Perdão senhor, mas um cavalo acaba de adoencer - Félix, um dos cavalariços, entra no escritório, que fora de seu pai, e que agora é seu.
- E qual é seu estado? -  indaga voltando seu olhar para alguns documentos. Admirava muito os cavalos da propriedade, principalme o seu, trovão.
- Grave, senhor.  Creio que foi picado por uma cobra venenosa, é um belo garanhão! Nunca o tinha visto... Será o de vossa Graça?
Thomas, então, volta a olhar para o homem na entrada da porta. Sua expressão se volta para puro pavor.
- Mande chamar um veterinário, por favor - fala levantando-se para ir aos estábulos.
Félix sai apressado, certamente também era grande admirador do animal.
Thomas não deixaria seu cavalo morrer, não poderia!
Ele segue para o saguão, saindo logo em seguida, correndo para onde seu cavalo estava.
Trovão estava deitado por cima do feno, seus olhos abertos como pratos, brilharam quando avistaram seu dono. O coração de Thomas apertou. Não podia perder seu fiel companheiro.
- O que aconteceu exatamente? - indaga se aproximando, sentou-se perto do animal e lhe acariciou a cabeça.
- Não sabemos senhor. Estávamos colocando comida para os demais quando ele começou a relinchar desesperado. Corremos para ver o que havia, mas não vimos nada.
- Félix acredita que ele foi picado por uma cobra.
- Essa é nossa principal suspeita. Mas aqui na região não existem cobras venenosas, só mais ao sul...
- O veterinário está a caminho e já saberemos o que aconteceu - sussurra para o animal, agora débil.
Se passaram cerca de duas horas até que o veterinário finalmente chegou. Ele analisou e examinou meticulosamente o animal, sua expressão não era das melhores.
- E então, doutor? - Thomas já estava impaciente.
- Ele não foi picado. Seu cavalo tem uma doença certamente hereditária. Uma anomalia genética que afeta- o, devido sua pele frágil e sensível.
- Mas ele estava tão bem - fala um dos cavalariços.
- Sim, ela pode aparecer aos poucos ou acometer de uma só vez.
Thomas continuava acariciando o animal.
- Mas tem cura? - pergunta Thomas enquanto dá três tampinhas no pescoço de seu cavalo.
O médico balança a cabeça negativamente.
- Será necessário sacrificá-lo.
- Não! - protesta Thomas - não o matarei a sangue frio.
- Mas se o senhor não o fizer, ele sofrerá ainda mais. É uma doença terrível - explica a médico.
Thomas nega com a cabeça, mas sabia que era o certo a se fazer. Então ele levanta-se sem olhar para trás, parando em frente a Félix.
- Faça o que for necessário. Mas não o deixe sofrer mas que o necessário.
E sai, não queria que os outros vissem as lágrimas que caiam de seus olhos e tampouco queria ver seu animal ser morto.
Se trancando no escritório,  Thomas se vê completamanete só. Seu pai morrera, seu cavalo morreria e não sobraria ninguém.
Ele vai até o aparador e pega a garrafa de uísque, precisava beber um pouco, assim talvez o sofrimento se dissipasse.
Já havia tomado metade da garrafa quando percebeu que não lembrava nem onde estava. Sua cabeça estava a ponto de explodir, mas ele alcançara seu objetivo.
A dor se fora.

Os Mistérios do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora