Capítulo 3 - O neto de Mona

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Svan não dormiu aquela noite. Ele não comeu, bebeu ou tomou banho, apenas ficou ali, sentado em seu escritório, esperando por algum milagre.

Já não sabia se acreditava mais que os deuses realmente poderiam ser bons, estava mais para deuses que não se importavam com a dor dele e que não queriam abençoá-lo. Talvez queriam castigá-lo por não ter sido um líder bom o suficiente para aguentar, por agora estar se corroendo com a perda de Meine.

Os elfos das trevas o tinham. Mas o que um Berserker poderia fazer para obtê-lo de volta? Seria impossível se infiltrar no Reino deles protegido por magia. E se ele se erguesse contra os elfos negros, provavelmente teria o seu vilarejo arrasado. Svan não tinha condições de sacrificar seus homens agora, sem dizer que ele correria o sério risco de eles o abandonarem e não seguirem suas ordens.

Todos estavam sofrendo, dificuldades eram abundantes, por isso Svan não estava conseguindo planejar nada e nem encontrar soluções plausíveis para ajudá-lo.

Wray estava igualmente cheio de problemas e não poderia ajudá-lo, Skylar estava desaparecido e não se havia sequer uma pista de seu paradeiro, Niels tinha saído em uma incursão para o Além-mar e também não havia notícias dele.

Svan estava perdendo um a um.

Várias famílias já deixaram o seu vilarejo, o comércio estava escasso, e todos trabalhavam em encontrar meios de consertar o estrago feito em suas casas com o que podiam conseguir na floresta, já que não havia matéria prima o suficiente.

Svan olhou para o teto de seu escritório, pensando em Meine. Saudade o acometia e lembranças do elfo adorável em seus braços, dos olhos azuis escuros o fitando, ou mesmo dos pequenos detalhes dele que o deixava admirado, como seus cílios muito loiros, seus lábios naturalmente avermelhados, sua pele tão clara como leite e levemente ruborizada. Seus momentos de carinho juntos e quando tiveram relações sexuais.

Svan nem mesmo conseguia sentir-se excitado. Parece que a dor o tinha deixado estéril.

Quem poderia sentir prazer quando se estava sofrendo? Saber que Meine estava lá fora em um algum lugar, sofrendo por maus tratos, congelando ou sendo forçado a coisas...

Svan apertou seus punhos, onde suas garras saíram penetrando a palma das mãos e arrancando gotas de sangue. Os papéis sobre a mesa mancharam e ele estava rosnando sem mesmo perceber.

Alguém bateu à porta e foi quando Svan notou que estava perdendo o controle. Ele escondeu os papéis manchados e limpou suas mãos com um lenço qualquer.

- Entre.

Era Freya, e ela não estava sozinha. Svan jurava que conhecia todos os rostos daquela aldeia, e este outro que estava com ela era um total desconhecido.

- Líder. - Freya se curvou um pouco em questão de respeito e entrou. - Trouxe alguém que talvez queira conhecer.

Svan estreitou os olhos para o jovem rapaz ao lado de Freya. Ele tinha os cabelos curtos loiro escuro, barba um pouco avantajada e olhos expressivos de um verde pálido. Vestia como um viking e parecia cansado enquanto carregava uma bolsa pesada.

- Líder Svan dos Ursos. - O rapaz disse se aproximando. - Estou honrado de conhecê-lo pessoalmente, meu pai fala muito sobre você e os seus homens.

Svan estreitou ainda mais os olhos e cruzou os braços sobre o peito.

- E eu conheço seu pai? - Perguntou confuso. Ele não se lembrava em nada deste rapaz.

- Acredito que sim, ele se chama Bjorn, o grande Urso.

Phaeleh II (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora