Capítulo 6 - Elloran

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Na aldeia dos Ulfhednar, quase todos tinham cabelos escuros, exceto pelos ruivos - parecia haver uma família inteira deles - e alguns com os cabelos cor de areia.

Skoll era um homem de cabelos escuros, olhos dourados e também muito ocupado, por isso não o via muitas vezes como gostaria durante o dia. Mas para compensar, eles sempre jantavam juntos e conversavam até a hora de dormir. Bem, Aricin nada dizia, mas apenas assentia conforme ouvia o líder contar suas histórias de batalhas, lendas do clã e contos dos antigos.

Aricin gostava de ouvi-lo. Ele passou muito tempo sem que alguém lhe direcionasse a atenção, Wray tentou várias vezes ao longo dos anos, porém Aricin sempre fugia para as sombras. Wray desistia e ia fazer o seu trabalho.

Depois de tudo o que houve nas últimas semanas - quem sabe meses - se arrependia de não ter ao menos tentado sair um pouco de sua casca.

De repente ele estava tão fora dela que era assustador, e ele não conseguia dizer a Skoll que estava com medo, mas acreditava que o Alfa entendia.

Estar em Ulfhednar era completamente diferente de estar com os Berserkers. A cultura era distinta, eles eram muito ritualistas, tinham uma crença muito forte em seus deuses e faziam diversas orações durante vários períodos do dia. Suas roupas eram de padrões diferentes, até mesmo o sotaque em suas vozes era estranho comparado com o que Aricin esteve acostumado a ouvir.

Já fazia mais ou menos duas semanas que Skoll o trouxe para viver com ele em suas terras com a promessa de casamento. Somente em pensar em se casar, fazia as entranhas de Aricin se contorcerem em seu ventre e um frio comparado com nada do que já sentiu antes congelar seu estômago.

Mesmo assim, desde que chegou a este lugar, Skoll nunca mais tocou no assunto de casamento. Claro que Aricin achou um tanto rápido o Alfa de repente pedi-lo em matrimônio, eles nem mesmo tiveram tempo de se conhecerem como normalmente os casais faziam. Mas tinha que admitir, ele não tinha nada a perder com a oferta. Continuar sendo um escravo na casa de Wray não iria levá-lo a lugar nenhum.

E ele sentia tanto a falta de Wray...

De repente estava em uma terra estranha, sem saber o que esperava por ele nos próximos dias, meses, talvez anos.

Mas havia sido a primeira vez em que se apaixonou por alguém. Bem, a primeira em muito tempo. Muito tempo mesmo.

Aricin caminhou lentamente por entre duas casas de madeira, pedras e telhado de colmo. Ainda era difícil gerenciar seus passos desde que fraturou o quadril há algum tempo, se ele tentasse andar muito rápido ou correr, era certo que iria cair direto em seu rosto. O arranhão em seu nariz comprovava isso.

Skoll não estava a vista, apenas seu primo Hako falava com alguns dos guerreiros no centro do vilarejo. Havia um monumento enorme de Fenrir, o Grande Lobo. O centro comercial ficava mais a frente e as demais casas estavam construídas em torno da praça oval revestida de paralelepípedos e grama verdejante. Para onde se olhasse, aldeões pareciam felizes e nada como imaginou que seria quando Skoll chegou até os Berserkers pelo Phaeleh, alegando que foram atingidos por uma forte chuva que só trouxe prejuízo. Eles provavelmente consertaram os estragos muito rapidamente.

Aricin viu Skoll chegar até seu primo Hako, seu tamanho comparado com todos os outros guerreiros era como comparar Svan com os demais Berserkers. Uma montanha de músculos e uma faceta assustadora.

Aricin queria acreditar que era o único que conhecia o lado gentil e divertido do alfa, mas ao vê-lo rir com os demais, descobriu que não era bem assim.

Voltou pelo mesmo caminho por onde veio, caminhando lentamente. Imaginava que ninguém o tinha visto espiar por lá, ele se pegou pensando que estava imitando como fazia na casa de Wray, espreitar pelas sombras, mas uma mão se fechou em seu ombro. Se ele tivesse voz para gritar, certamente a vizinhança inteira iria ouvi-lo.

Phaeleh II (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora