Recomeço

CAP.4

POV. MARJORIE

–Eu já disse que você parece uma princesa tia?_sorrio acariciando o rostinho da Carol.

–Já disse sim,você também parece uma princesa e aquelas princesas cor de chocolate!_apertei levemente seu nariz,ela sorriu triste.

–Mas princesas conseguem andar direito e eu não!_ela olhou para sua prótese na perna esquerda. –E outra,princesas tem mãe e pai e eu não tenho!

–E daí? Você é uma princesa diferente Carol!_pisquei o olho pra ela. –Uma das princesas mais lindas que eu já vi e melhor amiga da Lorena!

–Mesmo tia Marji? Se eu sou essa princesa linda por que ninguém quer me ter como filha?_seu olhar estava perdido enquanto lágrimas inundavam seus olhos.

–Sabe por que?_sentei ao seu lado no banco,peguei Carol no colo e ela fez que não com a cabeça. –Por que as pessoas que te querem como filha virão te buscar amanhã!_seus lábios se curvaram em um gigantesco sorriso.

–Você não está mentindo tia Marji?_ela perguntou se agarrando ao meu pescoço,passei minha mão em suas costas demonstrando meu carinho.

–Claro que não Carol,você conhece eles e os dois te adoram!_a menina em meu colo me olhou não acreditando, ela soltou um soluço alto tampando a boquinha com sua pequena mão. –Não chora meu amor,você não gostou da notícia?

–Eu estou tão feliz que me emocionei tia Marji,é sério mesmo?_assenti sorrindo e limpando suas lágrimas. –É a tia Safi e o tio Matheus né?

–É sim Carol,eles te amam e querem ser seu pai e sua mãe. Você quer ser filha deles?

–Quero muito tia Marji!_o sorriso não saía do seu rosto.

–Que bom porque eu já pedi para a Fabine te ajudar a arrumar sua mala!_beijei o rostinho da Carol e logo ela saiu do meu colo.

–Obrigado tia,eu te amo muito!_e assim ela saiu correndo desajeitadamente para seu quarto o qual divide com mais quatro meninas.

É tão gratificante ver a felicidade no rosto dessas crianças,todas aqui tem uma história de vida diferente uma da outra.

A Carol,por exemplo,ela tem apenas cinco anos e perdeu os pais com apenas um ano de idade em um acidente de carro o qual somente ela e a mãe dela sobreviveram porém a própria mãe não quis saber da filha por ela ter perdido metade da perna no acidente.

As crianças aqui na ONG são tratadas com muito amor e carinho e graças a Deus não falta nada para eles,meu pai ama ajudar a cuidar da ONG financeiramente,ele ama tanto que conseguiu patrocinadores para ajudar a nossa ONG que tem crescido dia após dia.

Aqui não é apenas um orfanato,mas também damos apoio aos pais que tem filhos com doenças físicas ou qualquer outro tipo.

–Filha?_saio dos meus devaneios com minha mãe me chamando,sorrio.

Com o pasar do tempo nada na nossa relação de mãe e filha mudou,dona Shopia trata todos os filhos como se fossemmseus bebês e sinceramente? Eu amo ser mimada pela minha mãe.

Quando eu era criança eu tinha orgulho,e ainda tenho, de dizer que eu era filha dela,os meus colegas ficavam com inveja de mim e das minhas irmãs pois sempre fazíamos propaganda deles na escola.

Mas eu já tive vergonha da minha mãe,e me envergonho de ter tido vergonha dela,eu era apenas uma criança e isso não justifica nada. Quando eu estava na quarta série minha mãe foi nos buscar na escola porém não sabíamos pois quem sempre nos buscava era o nosso pai.

E para a minha surpresa e felicidade quem foi nos buscar:dona Shopia.
Quando a vi no portão da escola meu coração pulou de alegria mas essa alegria deu lugar a vergonha quando os meus colegas começaram a zombar da minha mãe por ela ter duas cores.