Colin
A descoberta da doença de Noah me abalou profundamente. Principalmente, da maneira que ocorreu.
Não conversei com ele, sobre o fato de ter me escondido algo tão importante, apenas guardei essa mágoa para mim.
Acreditei que tínhamos nos reaproximado e que compartilhavámos tudo. Ficou bem claro, que me enganei redondamente, mas tudo bem. Continuei fazendo o que meu coração pedia, que era estar ao lado dele o máximo possível e que ele permitia.
Minha mãe me obrigou a realizar os exames para saber se eu também era portador da síndrome, mas os resultados foram negativos. Senti uma mescla de alívio e culpa, porém não havia nada que eu pudesse fazer, para mudar os nossos destinos.Quanto ao meu pai, pouco falei depois de ter dito aquelas coisas no hospital. Há tempos, já vinha notando o afastamento dele, como se minha mãe e nós fôssemos, um empreendimento problemático que ele era obrigado a continuar administrando.
Também notei, o interesse descarado que a nova diretora do departamento de RH, vinha demonstrando por ele.
E infelizmente, comecei a desconfiar que a situação não fosse unilateral, como já ocorrera em outras vezes.
Meu pai é um homem bem apessoado, charmoso e nada mais natural que atrair a atenção das mulheres. Porém, sempre foi firme e se mantinha reservado.Contudo, de uns tempos pra cá, ele e minha mãe pareciam dois estranhos. Mal se falavam e quando o faziam, normalmente o assunto era Noah e suas necessidades.
Me senti amedrontado, ao pensar que eles pudessem estar em crise. E mesmo sabendo se tratar de um assunto delicado e ele ter mais afinidade com Noah para esse tipo de confidência, ainda assim tentei conversar com meu pai.Porém, o mesmo negou com veemência qualquer problema nesse sentido e me surpreendeu ao ser super cordato comigo.
Por algum tempo, fiquei aliviado, principalmente ao notar sua mudança de postura em casa, voltando a ser o marido e pai atencioso de sempre.
Afinal, mesmo quando passou a pegar no meu pé nos últimos tempos, eu sabia que era para o meu bem. E depois que saí de casa, compreendi como ele se sentia ao me ver agindo como um garotinho mimado aos vinte e nove anos.Entretanto, meu alívio durou pouco.
Nós tínhamos fechado uma parceria muito lucrativa com uma construtora do Rio Grande do Sul, exatamente de Porto Alegre.
Graças à um projeto lindo de Noah, de um condomínio fechado, a nossa empresa estava alcançado o Brasil de norte ao sul. Fui encarregado como engenheiro chefe do empreendimento pelo meu pai pela primeira vez, estava me sentindo no céu com o reconhecimento e confiança, depositados em mim.Contudo, as viagens iniciais por conta do estado de Noah, foram realizadas pelo meu pai.
Era necessário contratar mão- de-obra local, para baratear o custo da obra e gerar empregos na região. Sendo assim, meu pai e Sara, a diretora de RH foram para lá primeiro e fiquei de me juntar a eles, logo depois de ter certeza de que todos ficariam bem aqui.Para minha surpresa assim que cheguei lá, a caminho do hotel em que fiquei hospedado, surpreendi meu pai e Sara andando na avenida principal de mãos dadas como um casal de namorados.
Em choque fiz o motorista do táxi parar, desci do carro ensandecido e sem saber o que fazer.
Por sorte, estávamos próximo ao hotel e caminhei seguindo o casal feliz.
Ela ria e aproveitava qualquer chance para toca-lo, ele ainda parecia um pouco tenso, mas se deixava levar.
Chegamos ao hotel juntos e sem me conter, enquanto ela o beijava, me pronunciei:
- Há algo de muito errado nesta cena, porque eu tenho certeza de que ela não é minha mãe !!!
O assombro que tomou os dois, teria sido cômico, se não fosse trágico por envolver meu pai e o fim do que eu acreditava ser o relacionamento ideal.
- Colin ... filho ... eu posso explicar !!!
- Não há o que dizer !!! Eu vi pai !!! - finalmente olhei para Sara que permanecia cabisbaixa - E tudo isso é tão patético !!!
Virei as costas e saí o mais rápido que pude, com as lágrimas escorredo livremente pelo meu rosto.
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Uma nova chance para amar
RomanceNoah, jovem, bonito,arquiteto, bem sucedido e com a vida do jeito que havia planejado, tem seus planos alterados drasticamente ao ser diagnosticado tardiamente com uma doença autoimune e degenerativa. Acostumado a ter o controle de tudo e de todos e...