Capítulo 19

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Esse Capítulo contêm linguagens impróprias +18. Caso se sente ofendido (a) pule.

VERONICA POV'S

E não havia a menor necessidade de pensar nem por um momento naquilo. Embora meu orgulho devesse se erguer um mínimo de resistência contra ele, era quase impossível a ideia de negar ficar com ele quando eu tinha essa chance.

Mas agora, dentro daquele carro, sentindo o silêncio incômodo pesar algumas toneladas sobre a minha cabeça, sentindo as ondas de eletricidade que emanava com brutalidade contra o meu próprio corpo, me deixando bastante ciente de sua presença ali, eu me perguntava: O que diabos eu estava fazendo?

Era uma pergunta que eu não poderia responder. Eu queria saber o que aconteceria a partir de agora, e isso era uma coisa que só ele poderia me dizer.

E perguntar algo a ele, simplesmente dirigir a palavra, estava fora de questão. Ainda estava muito cedo para fingir que tudo estava normal.

Ele dirigia rápido. Eu sabia disso porque o único lugar para o qual eu conseguia olhar eram as ruas em nossa frente.

Ele avançou alguns sinais vermelhos, ultrapassou muitos carros sem poder, fazia curvas fechadas e vez ou outra cantava pneus. O motivo pelo qual eu conseguia processar todas essas informações era que minha cabeça estava tão estranhamente vazia que eu tinha todo aquele tempo livre.

Os minutos foram passando, e o silêncio um dia confortável ao lado dele tornou-se tão insuportável e incômodo que, agora eu estava quase me inclinando para frente e ligando o rádio do carro.

Não saber o que falar tendo tanto para dizer era uma sensação horrível.
Prestei atenção nas ruas à minha volta, e de repente me dei conta de onde estava. Não sabia há quanto tempo ele estava dirigindo - medido pelo silêncio infindável, talvez algumas décadas - mas agora eu tinha a noção de que a quilometragem do Porsche que ele estava dirigindo naquela noite, estava alta.

Olhei-o de canto do olho, com receio de virar a cabeça em sua direção. Notei que ele mantinha a postura firme e digna, imponente e controlada como se tivesse acabado de ter nada além do que um pequeno aborrecimento.

Ele também não desviou os olhos da rua um segundo sequer, mantendo-se rígido mesmo nos poucos sinais em que fora obrigado a parar, para não causar acidentes nos cruzamentos.

Invejei-o por sua força e sua segurança, e imediatamente me senti mais patética e ridícula por traçar essa comparação entre nós dois e notar que agora meu estado estava próximo ao pânico.

Tudo bem. Ele estava calma, você também deveria estar.

O carro entrou em um lugar fechado, e eu reparei de repente que estávamos na garagem do prédio onde ele morava. Paramos bruscamente, então ouvi o barulho do motor suave, já muito silencioso, ser desligado e a chave ser puxada com força da ignição. Algumas frações de segundos depois, ele saiu de seu carro, escancarando a porta do motorista sem nenhum cuidado e a batendo com muita força ao sair.

Ele estava furioso.

Com o quê, eu não sabia.

E também não deveria ser da minha conta.

Não sei o que levou o fazê-lo mas imediatamente o segui para fora do carro, batendo a porta com um pouco menos de força e apressando o passo para alcançá-lo enquanto ele caminhava com firmeza pela garagem espaçosa, indo de encontro ao elevador.

Talvez eu devesse me incomodar com o fato dele não olhar para mim nem uma vez sequer, ou com o fato de parecer que minha presença ali era tão importante quanto a de uma barata morta, mas meu medo latente fazia com que eu recebesse essa ausência de atenção.

And Sunddely Love - VarchieOnde histórias criam vida. Descubra agora