Capítulo 3 - O Campo De Batalha

2.2K 248 31
                                    

Capítulo 3 - O Campo De Batalha.

[...]
Depois de longos meses de treinamento finalmente eu e minha turma estávamos na cerimônia onde fomos coroados soldados, alguns cabos e outros,  sargentos. Tive sorte de ter sido bem avaliada pelo General Grey e por isso, obtive a patente de Sargento. Colocamos os uniformes de soldados e fizemos diversos juramentos perante a bandeira dos EUA, mas o juramento que eu realmente pretendo cumprir é aquele que fiz a Carla no cemitério tempos atrás.
Os dias se passaram e agora como soldado, tinha o direito de fazer ligações com maior frequência e é claro que resolvi telefonar imediatamente para Kate. Fui até a sala de telefones e o rapaz que cuidava de tudo por lá garantiu que nenhuma das nossas ligações era gravada pelo governo. Torci mentalmente para que realmente não sejam, assim falarei com minha irmã de coração com mais tranquilidade.
- Ana, que saudades! - Kate  exclamou eufórica do outro lado da linha. - Conseguiu mesmo se tornar uma soldado?
- Sim, agora sou a Sargento Adams. - Respondi sorrindo - Recebeu a grana que te enviei esses meses pela conta do banco?
- Recebi sim e agora não estou mais com dificuldades financeiras, graças a você. Uma parte estou usando para custear a faculdade e a outra estou guardando para caso você precise algum dia. E as minhas cartas? Recebeu? 
- Sim e elas me deram muita força para resistir a tudo isso, Kate.
- E aquele lance? Já sabe como vai fazer pra se aproximar daquele... Garoto que você tanto gosta? - Falou em código se referindo a Raymond. 
- Não, mas estou há poucos passos de conseguir entrar para aquele grupo seleto e aí sim irei conseguir me aproximar do meu objetivo. - Respondi em código também quando o rapaz que estava na porta da sala fez sinal avisando que o tempo para ligações tinha chegado ao fim. - Kate, preciso ir.
- Okay Ana, boa sorte e tome  cuidado, certo?
- Pode deixar, beijos. - Me despedi pondo o telefone no gancho e me retirando da saleta junto dos meus outros colegas.
[...]
Na metade daquela tarde enquanto Jane e eu treinávamos flexões no campo, uma sirene foi tocada por todo o quartel. Nos entreolhamos e engolimos em seco mas nada dissemos, apenas interrompemos nossa atividade, fomos para o pátio e  nos enfileiramos de cabeça erguida e marchando,  aguardando a próxima ordem.
- Atenção soldados! - Carrick avisou surgindo no pátio e paramos. Ele estava ao lado de um homem moreno de origem indígena que parecia quase tão condecorado quanto ele.
- Sim senhor! - Gritamos em coro.
- Metade de vocês será convocado para seu primeiro evento militar. Irão para o campo de batalha defender os Estados Unidos da América dos nossos inimigos do Oriente Médio que nos atacaram ontem. Vocês irão lutar por esse país sobre o comando do Coronel Billy Ridey. - Falou apontando para o moreno que assentiu com a cabeça e manteve-se sério. - Espero que usem tudo o que aprenderam aqui conosco durante todos esses meses da maneira correta para que vençam essa maldita guerra.
Talvez, eu iria para a guerra.
E correria perigo de não voltar viva dela.
Se perecesse lá, Raymond ficaria impune para sempre.
Por isso cruzei os dedos e começei a desejar que eu não fosse uma dos convocados.  Porém, por outro lado seria bom que eu fosse e me saísse vitoriosa pois assim teria mais chances de entrar para os Sentinelas.
[...]
Ainda naquela noite descobri por Jane que tinha sido convocada para a guerra assim como ela, James, Paul e muitos outros recrutas que treinaram comigo no passado. Partiríamos no dia seguinte e por isso já preparei minha bagagem, uma mochila gigante com meus pertences mais necessários, além dos uniformes, produtos de higiene, a chave da caixa onde guardava a carta de minha mãe e afins.
As cinco da manhã embarcamos nos aviões da força aérea americana e depois de algumas horas, chegamos ao Afeganistão. Nos fixamos na base americana de lá para que o Coronel Ridey nos desse as coordenadas de como deveríamos agir em combate contra os terroristas locais. Nos dividimos em diversas equipes e a que fiquei era a mesma do Coronel, o que achei ótimo pois será bom pra minha carreira e vingança me aproximar de pessoas poderosas e influentes no exército.
Tomei um banho demorado e vesti meu uniforme de combate, composto por entre outras coisas, colete, calça, coturno, meias grossas e capacete.
Peguei minhas armas, uma pistola e um fuzil, as munições, o kit para limpar as armas, bolsa para água e para remédios, faca e o poncho para os momentos chuvosos e coloquei tudo em minha mochila que pesava mais de vinte quilos.
Suspirei profundamente pois sabia que não seria nada fácil carregar tudo isso nas costas pelo deserto e em seguida, ao lado dos outros soldados, nos dirigimos para o deserto onde depois de dar diversos gritos de guerra, entramos em combate contra os terroristas locais para vingar o atentado que eles tinham cometido antes contra nós.
E pela primeira vez tirei a vida de uma pessoa, uma não, naquele mesmo dia tirei a vida de três homens para defender a mim e  meus colegas de farda. Me senti um monstro quanto aquelas balas atingiram pessoas das quais eu sequer sabia o nome mas era meu dever, meu dever como Sargento do Exército dos Estados Unidos, de defender a pátria de quem quer que fosse, além do mais eles eram maus, afinal, eram terroristas.
Foram tiros, gritos e granadas para todos os lados.
Sangue era o que não faltava também, tanto do nosso grupo  quanto dos adversários.
O cheiro de sangue era ao mesmo tempo tão assustador quanto instigante.
Os dias e noites se passavam e continuávamos em combate, perdendo alguns pelo caminho, o que nos deixava cada vez mais abalados, tensos mas com sede de vitória.
As vezes durante nossos raros momentos de descanso me pegava pensando no por quê o ser humano entra em guerra com o outro. Por poder? Para conquistar territórios? Por vingança? Não seria muito melhor viver em harmonia?
Harmonia... Ta aí uma palavra da qual não tenho muito conhecimento, muito menos experiência. Aliás, quem sou para falar sobre guerra já que estou prestes a travar uma contra meu próprio pai?
O grupo de trinta soldados onde me localizava ficava ao Oeste do país e a noite revezávamos,  enquanto alguns soldados dormiam, outros ficavam acordados cuidando para que o inimigo não avançasse ou tentasse nos atacar de surpresa. Naquela noite quente de verão eu estava dormindo dentro da barraca armada junto com dois soldados entre eles, Jane.  Sempre tive o sono leve além de pesadelos, o que fazia com que uma pequena pluma ao chão já  fizesse com que eu acordasse. E foi justamente o que aconteceu, ouvi um barulho estranho e logo  acordei.
Levantei-me com cuidado para não acordar os outros e saí para fora da barraca coçando os olhos e bocejando de sono. Olhei para frente e vi dois soldados, justamente os que ficariam de vigia esta noite, caídos no chão. Preparei-me para dar um grito de alerta ou apitar quando ao olhar para o outro lado, vi Billy caído no chão desmaiado por conta de um tiro que tomou nas costas e um soldado inimigo com um fuzil em mãos, pronto para atirar na cabeça dele.
Eu simplesmente não podia deixar que nosso Coronel fosse morto em combate.
Usei todo meu instinto e saí correndo em direção ao algoz, mesmo estando desarmada. Pulei nele e levei o braço ao seu pescoço, lhe dando um mata leão. O homem era forte e robusto, mas com minha agressão acabou deixando o fuzil cair. Insisti no mata leão até que ele desmaiou, caindo no chão e me levando junto.  Levantei, peguei o fuzil e assoprei o apito que ficava no pescoço de cada soldado para pedir ajuda caso fosse necessário. Todos saíram imediatamente para fora de suas barracas e Billy acordou com dor, notando imediatamente que eu tinha salvo a vida dele.
- Você salvou a minha vida, Sargento Adams... - Ele disse chocado levando as mãos a boca, sem conseguir levantar-se por estar ferido.
- O Coronel foi salvo por uma mulher... - Um dos cabos comentou com um fundo de machismo, também parecendo  chocado.
- Obrigado Sargento! - Billy  agradeceu sorrindo e eu nada disse, apenas bati continência para ele que minutos depois fora atendido por nossa médica.
[...]
E depois de quase cinco meses em campo de batalha, nós vencemos a guerra contra os terroristas no dia seguinte ao meu aniversário de vinte e dois anos.
Foi uma comemoração emocionante.
Uns sorriam, outros choravam, outros gritavam de felicidade e eu fazia todas essas coisas ao mesmo tempo, eufórica por finalmente estar voltando para meu país.
Depois da longa festa estávamos dentro do avião quando o Coronel disse que queria falar comigo. Fomos para um canto mais afastado e ele começou a dizer algumas coisas para mim. 
- Anastasia, sua patente subirá de Sargento para Tenente quando voltarmos para casa por conta dos seus serviços prestados neste combate. Não sei nem como lhe agradecer por ter salvo minha vida naquela noite, mesmo que eu tenha com isso perdido o movimento das pernas temporariamente - Ele comentou tomando um gole de café.
- Foi uma honra senhor, mas sei de outro jeito de me agradecer caso deseje e ache que eu realmente mereça.  - Falei mordendo os lábios e o moreno arqueou a sobrancelha.
- E que jeito seria esse?
- Desde que entrei pra esse exército passei a sonhar com o dia em que teria a oportunidade de entrar para a equipe dos Sentinelas. Gostaria que o senhor me indicasse para uma possível transferência para aquela equipe, tenho certeza que minhas habilidades serão muito úteis para todos eles.
- Okay... - Ele sorriu de novo. - Prometo que farei algo a respeito, Sargento.
[...]
Voltamos para o Pentágono e depois de me reinstalar por lá, participei ao lado dos outros soldados das condecorações por tudo o que fizemos na guerra como medalhas, prêmios e diversas homenagens, inclusive alguns deram entrevistas para emissoras de TV. Disseram que podíamos voltar para casa para ficar um tempo de férias com nossas famílias, mas não quis pois estou envolvida com outro  projeto no momento, que é justamente a possibilidade de entrar para os Sentinelas.
Caminhando pelo pátio vi Leila se agarrando com um cara forte e musculoso que deduzi ser Jack, o namorado que ela tinha me falado tempos atrás. Se ele está na cidade é porque os Sentinelas também estão e isso significa que Raymond também está por aqui e hora ou outra acabarei esbarrando com ele pelos corredores daqui.
Em breve Raymond Steele e eu ficaremos, finalmente, frente a frente.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

No próximo capítulo Christian aparecerá 💜
Quero teorias sobre como vai ser o primeiro encontro do Chris e da Ana e de como ele será aqui u.u

Votem, comentem 💚

O TrocoOnde histórias criam vida. Descubra agora