Capítulo 17 - O Deserto.
- Comandante! - Nervosa, desliguei o telefone na cara de Kate e me aproximei do filho da mãe - Como vai? - Mantive o sorriso amarelo no rosto.
- Ótimo. - Ele continuou sério - Responda mnha pergunta, Tenente. Quem é você de verdade? - Indagou me encarando.
Engoli em seco.
- Com todo o respeito, senhor, mas esse telefonema é pessoal. Não lhe diz respeito. - Afirmei ficando séria - Mas como não quero que fique nenhum mal entendido entre nós, irei responder sua pergunta. Eu... Estava me referindo ao fato de uma amiga que mora comigo estar namorando um cara. E ela não quer que ele saiba que sou do exército porque... Os avós desse rapaz foram mortos por militares na... Na guerra do Vietnã muitos anos atrás e por isso, ele odeia o exército. E por esse motivo estava dizendo à ela que se ele descobrir quem realmente sou vai acabar brigando e terminando com essa minha amiga. É isso! Como disse anteriormente, era um problema pessoal.
- Sei. - O moreno continuou me olhando com ar de desconfiança - Espero que seja exatamente isso, Tenente. - Aproximou-se mais de mim, encostando sua boca no meu ouvido - Para o seu próprio bem! - Afastou-se dando um breve sorriso - Até mais ver, Anastasia. - Despediu-se dando as costas para mim e indo ao encontro de outros militares.
- Desgraçado... - Resmunguei entre os dentes.
Raymond desconfiou de mim pela primeira vez e isso não é nada bom.
Nada bom mesmo.
[...]
No dia seguinte, depois de tomar banho, estava caminhando pelo acampamento quando alguém puxou meu braço com rispidez até uma das tendas, me prensando sobre o tecido da parede da mesma.
- Christian, que susto! - Exclamei pondo a mão no peito assim que pude ver quem era - Está maluco? Não podemos ser visto juntos!!
- Posso saber por quê? - Christian estava com aquele habitual sorriso torto naquele rosto perfeito - Só quero matar as saudades da minha namorada linda. - Beijou meu pescoço com desejo.
- Namorada? - Ri.
- Somos namorados, não?
- Mas não fui pedida em namoro, Coronel!
- Não seja por isso. - Ainda sorrindo, ele ficou de joelhos e segurou minha mão - Quer namorar comigo, Tenente Adams?
Ai... Que fofo!
Estou me sentindo como uma mocinha daqueles filmes cafonas de romance.
- Christian... - Sabia que o correto era dizer não, mas meus lábios sequer conseguiam completar a maldita frase!
- Sei que vai dizer não. - Fez uma careta se levantando - Mas tudo bem, o importante é que sei que você sabe que o que sinto por você é super sincero. E no fim das contas, é isso que importa. - Garantiu me olhando com aqueles olhos brilhantes, tão lindos.
Quase me perdi neles mais uma vez.
- Eu sei que é, mas não mereço que sinta coisas tão lindas por mim, Christian. - Senti vontade de chorar ao lembrar que escondo tantos segredos de um homem que não merece nem um pouco o que ando fazendo com ele.
- Merece sim! - Me puxou para si, atacando meus lábios com um beijo longo e muito saboroso.
Retribui, deixando algumas lágrimas caírem enquanto acariciava os cabelos ondulados do meu Coronel.
- Que tal nos encontrarmos mais tarde? - Sussurrou entre os beijos.
- Esqueceu que dormimos em tendas coletivas, senhor Coronel?
- Se importa que façamos no mato mesmo, senhorita Tenente? - Demos risada.
- Você é maluco mesmo, Chris. - Finalizei dando outro beijo nele, antes de nos despedirmos.
[...]
Depois do encontro com Christian, decidi dar mais uma volta pelo acampamento, me afastando um pouco do local porque queria ficar o mais longe possível de Raymond a fim de por a cabeça no lugar e pensar em quais serão minhas próximas atitudes.
Ray desconfiou de mim, tenho certeza.
Se ele decidir me investigar vai acabar descobrindo que sou filha de Carla e se isso acontecer, será meu fim.
Preciso dar um jeito de ter a completa confiança dele, mas como? O que devo fazer para isso?
Ou será que ao invés de tentar obter sua confiança, deveria é apressar logo minha vingança?
- Olá. - Leah disse sentando-se ao meu lado na areia do deserto - O que está acontecendo contigo, Ana?
- Como me encontrou aqui?
- Você não é a única que gosta de se afastar do acampamento para espairecer as vezes. - Dei risada, tirando os olhos de cima dela e olhando para o horizonte desértico desse país assolado pela guerra e tragédias, que tornam até mesmo essa paisagem leve pesada. - Mas ainda não respondeu minha pergunta.
- Estou cansada de responder perguntas. - Revirei os olhos - Não está acontecendo nada comigo, Leah. Não se preocupe! - Mordi os lábios.
- Conta outra, Ana! Sou mulher, sei reconhecer muito bem esses tipos de sintomas que você andasentindo nos últimos dias. E acho muito arriscado continuar aqui no seu estado, ainda mais depois da explosão de dias atrás.
- Perdi o bebê. - Admiti, não aguentando mais mentir.
- Quando? - Ela me olhou chocada.
- Naquela explosão. - Meus olhos se encheram de lágrimas ao lembrar do meu filho - Foi horrível.
- Sinto muito. - Me puxou para si, deixando que colocasse a cabeça em seu ombro - Eu não sabia!
- Só Elena e Jack sabem.
- E o pai da criança? Não sabia que você tinha namorado!
- E não tenho namorado mesmo. - Neguei rapidamente me afastando e passando o dorso da mão sob minha face para limpar minhas lágrimas - O pai do meu filho não tem ideia de que estive grávida, muito menos que perdi o bebê naquela maldita explosão. Não sabe, nem vai saber e...
- VOCÊ ESTAVA GRÁVIDA, ANASTASIA?
Não...
Não está acontecendo de novo.
- RESPONDE ANASTASIA!!!!
Levantei lentamente e virei para trás.
Era Christian.
E ele ouviu toda a minha conversa com Leah.
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O Troco
FanfictionAnastasia entrou para o exército dos Estados Unidos Da América com uma única missão, dar o troco no poderoso Comandante Raymond Steele a quem culpa cegamente pela morte de sua mãe. A corajosa Capitã nem de longe imaginava que naquele quartel faria...