Narrado por Christian Steele.
A vida é feita de escolhas.
E pra fazer estas escolhas as vezes é necessário abrir mão de outras quase tão preciosas.
Fiquei muito abalado e confuso com tudo que houve com Anastasia e Raymond.
Com a richa de ambos, o sequestro, as perseguições, tudo.
Não acredito que haja certo ou errado na história de ambos.
Os dois erraram, cada um do seu modo.
O que Raymond fez com Anastasia e Carla foi de uma monstruosidade absurda, não tem justificativa mas consigo entender o lado dele e, até sinto pena pois sei que ele jamais conseguiu ser feliz completamente depois do que fez.
Ana errou e muito também. Me escondeu segredos, me omitiu coisas importantes, fez mal a uma das pessoas mais importantes da minha vida, mas há uma verdade que não posso negar.
Amo Anastasia, sou completamente apaixonado pela Capitã e não adianta, nada do que ela faça, nada que aconteça fará com que eu a esqueça.
E quando Carrick me ligou explicando os planos do meu pai não tive como dizer não.
Fugir com Anastasia era sim um caminho difícil e tortuoso, mas sei que jamais seria feliz longe daquela garota marrenta.
E por isso mesmo abri mão de tudo que tinha por ela.
De conviver com meus amigos, pai, do trabalho. Deixar de ser um Coronel ativo dos Sentinelas e do exército americano foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Adorava me meter naquelas missões perigosas mas ao mesmo tempo, excitantes. Adorava treinar os novos recrutas com aquele jeito durão de sempre e também, tinha muito orgulho de defender meu país dos nossos inimigos.
Podia ter ficado e seguido com a vida de sempre, mas a verdade é que se tivesse feito isso não seria feliz. As poucas vezes em que me senti feliz foram ao lado de Anastasia, a causadora das maiores alegrias e tristezas desta minha vida repleta de altos e baixos.
Foi complicado convencê-la a deixar-me fugir com ela, mas quando ela aceitou embarquei naquela loucura de vez.
Viajamos primeiro para América do Sul onde passamos uma temporada de seis meses, até a poeira baixar. Passamos por vários países como Colômbia, Chile, Peru e Brasil. Conhecemos alguns pontos turísticos famosos mundialmente como Cristo Redentor e Machu Pichu. Fazíamos compras, namorávamos e vivemos momentos muito felizes juntos. Também mudamos um pouco o visual, Ana pintou, tingiu os cabelos de loiro e colocou lentes de contato azuis nos olhos, enquanto eu quase não mudei muita coisa já que ao contrário dela, não sou fugitivo da polícia. Sempre mantive contato com todos que ficaram nos Estados Unidos como Elliot, Jack, meu pai. Mandávamos cartões postais, cartas e tudo mais à eles, sempre com nomes falsos e certa regularidade.
- E então pai? Como andam as coisas por aí? Já dá para retornarmos? - Perguntei no hotel enquanto Anastasia tomava banho.
No momento estamos hospedados em um confortável hotel brasileiro, localizado no Rio de Janeiro.
- Infelizmente não, filho. O rosto da Anastasia continua estampado nos jornais daqui. Enfim, já é hora de vocês se mudarem não acha? Para onde querem ir agora?
- Acho que Suíça ou Amsterdã seriam uma ótima pedida. - Dei de ombros, me ajeitando na cama - E como estão as coisas por aí?
- Elliot está pra se casar com aquela amiga da Ana. Leila está pra dar a luz em breve, Jack está avançando na fisioterapia e voltou a trabalhar conosco há alguns dias como consultor. Ah, até a durona da Leah arranjou um namorado. Acredita? E é aquele amigo da Anastasia, o tal José.
- Quem diria... - Sorri vendo Ana sair do banheiro enrolada somente em uma toalha branca.
Ela é linda demais mesmo.
- Vou mandar Elliot preparar tudo para a nova viagem de vocês. Agora preciso desligar filho, saudades. Se cuida, okay?
- Pode deixar pai. - E desliguei.
- Era seu pai? - Ana perguntou começando a se trocar na minha frente.
Essa mulher é uma tentação mesmo.
- Nosso pai - A corrigi mas a ex morena revirou os olhos - Ele disse que ainda não podemos voltar.
- Sério? - Ela fez uma careta terminando de vestir sua camisola vermelha - E agora?
- Vamos ter que viajar de novo. - Contei e ela sentou-se no meu colo, envolvendo as mãos ao redor do meu pescoço - Escolhi a Europa pra irmos agora, o que acha?
- Será que vamos ter que passar a vida inteira fugindo, Chris?
- Não me importaria de passar o resto da vida fugindo, Ana. - Segurei firme em sua cintura - Desde que seja com você.
- Você é o melhor homem do mundo mesmo. - Ela disse atacando meus lábios com desejo.
[...]
Nos meses seguintes viajamos para Suíça, Suécia e Holanda.
Tínhamos uma vida confortável, não nos faltava nada e me sentia muito feliz.
Dar a volta ao mundo com a mulher que amava era um destino maravilhoso para mim, mesmo sentindo falta do trabalho, amigos e das demais pessoas que amo. Também sentia falta de alguma outra coisa, mas não entendia muito bem o que era.
[...]
Nos últimos dias, Ana não vem se sentindo bem. Anda enjoada, com um pouco de sono, fraqueza e outro dia, quase desmaiou.
- Tem certeza que está bem mesmo, amor? - Questionei fazendo carinho no rosto dela.
- Tenho sim, Chris. - Afirmou se desvencilhando de mim e indo até a penteadeira.
- Não acha que devíamos procurar um médico? Não vai ser arriscado se você usar documentos falsos. - Argumentei.
- Não é caso pra médico, pelo menos não por enquanto. - Respondeu enigmática se olhando no espelho.
- Hum?
- Er... - Ela mordeu os lábios, virando-se para mim já com os olhos cheios de lágrimas - Estou com medo, Chris.
Odeio quando ela chora.
Ana já sofreu tanto nesta vida, não merece que nada de ruim lhe aconteça.
E se depender de mim, estará sempre feliz e protegida de tudo e de todos.
- Medo do quê, meu amor? - Corri até ela envolvendo as mãos ao redor de seu rosto com carinho.
- Esses sintomas, Chris. Eu conheço muito bem. Estou grávida... De novo.
Ouvir aquelas palavras dos lábios dela encheram meu coração de alegria, tanto que a peguei nos braços, rodopiando-a no ar.
- EU VOU SER PAI? CÉUS... EU VOU SER PAI! - Exclamei feliz, enchendo o rosto da minha garota de beijinhos - Sou o homem mais feliz do mundo agora, Ana. Muito obrigado!
- Tenho medo de perder esse bebê, Chris. - A coloquei no chão.
- Você não vai perder e nós seremos muito, mas muito felizes. Te juro! - Prometi.
- Sou uma fugitiva, Chris. Como vamos fazer pra criar essa criança?
- Vai dar tudo certo. Confia em mim. - Pedi abraçando-a forte e aos poucos, a expressão de medo no rosto da minha Capitã sumiu, dando lugar a um sorriso alegre e...
Feliz como sempre quis que fosse.
[...]
Era isso que eu sentia que faltava.
Um filho.
Um filho pra coroar nossa felicidade, pra formarmos a família que tanto sonhei ter em toda minha vida.
Com a chegada de um bebê, tivemos que mudar alguns planos.
Não dava mais pra ficarmos viajando pelo mundo por isso, decidimos nos fixar em algum lugar em que tivéssemos paz, segurança e tranquilidade.
Após algumas pesquisas, definimos que nosso destino fixo seria a Nova Zelândia.
Dois meses depois, nos mudamos para lá com novos sobrenomes, mantendo nosso primeiro nome para que no futuro, quando crescesse, nosso filho não ficasse tão confuso.
Compramos uma casa bonita em uma área longe do movimento da cidade, um jardim florido e adotamos um gato chamado José, homenagem da Ana para seu grande melhor amigo. Meses depois, nosso filho, Anthony, nasceu de parto normal e a partir daquele dia, passei a ser o homem mais feliz da face da terra, vivendo momentos da mais pura alegria e felicidade.
Hoje, quando olho pra trás vejo que fugir e recomeçar longe do país com Anastasia foi a melhor decisão que tomei na vida porque ela é a pessoa mais importante do mundo para mim junto com Tony.
E sempre vão ser.***********
Passamos dos 4K de votos, vocês são incríveis ❤
Amanhã postarei o epílogo que será narrado pela Ana.
Me contem nos comentários o que estão achando dessa reta final?
Amo vocês ❤
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O Troco
FanfictionAnastasia entrou para o exército dos Estados Unidos Da América com uma única missão, dar o troco no poderoso Comandante Raymond Steele a quem culpa cegamente pela morte de sua mãe. A corajosa Capitã nem de longe imaginava que naquele quartel faria...