capítulo 2

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— Acorda, Mari. Já são 12:00 e seu pai comprou umas comidinhas que eu acho que você vai gostar. Deixei um shorts e uma blusinha ali porque eu sei que você iria demorar pra procurar no meio dessa mudança toda. Desça rápido!

Fiquei um pouco zonza com minha mãe falando tão rápido e em tão pouco tempo. Levantei e troquei de roupa.

Logo que tirei meu pé da cama que montamos ontem, pisei em algo. Realmente fazer uma mudança é bagunça pra todo lado!

Era uma caixa de papelão. Abri com todo meu cuidado com medo de que algo tivesse quebrado. Fui tirando as coisas uma por uma e senti uma nostalgia enorme! Olhei para aquele porta retrato dos meus melhores amigos de São Paulo, para as cartas que passávamos em sala de aula, fotos com a Ellen e pulseiras da amizade. Quando reparei, uma lágrima começou a escorrer. Como era possível? Não tinha se passado nem uma semana que eu havia me separado deles e já estava daquele jeito..

— Vem logo!!! — meu pai gritou do andar de baixo.

Me despertei e passei a mão onde estava aquela lágrima. Lavei o rosto, troquei de roupa, peguei meu celular sem nem olhar pra ele direito e desci as escadas correndo.

— Sushi?! Vocês leram meus pensamentos? Estava com tanta vontade de comer, meu Deus! — gritei assim que vi o que tinha em cima do único móvel montado no meio daquela enorme cozinha.

Eles sorriram ao ver minha reação e então começamos a comer e conversar sobre a casa e sobre a cidade:

— Pai, podemos ir à praia amanhã? Vi que vai dar um sol de rachar!

— Calma, vamos ter bastante tempo para conhecer o Rio, filha — disse ele nem tirando os olhos da comida.

— Venho pra cá forçada e ainda vou ter que ficar em casa dando 40º graus na rua? — fiz questão de deixar claro que a culpa era dele de estarmos no Rio e não em São Paulo.

— Pega leve, Marina — ele disse levantando a cabeça. Me arrependi na hora de ter falado aquilo. — Eu sei que você não queria isso, filha, mas é importante para todos nós!

— Já está na hora de você entender isso né, Mari? Você tem 16 anos e já conversamos sobre isso. Não tem mais volta. — minha mãe disse com um olhar triste e zangado ao mesmo tempo.

Um silêncio tomou conta. Eu sabia que mais tarde, eu passaria a amar aquela cidade. É o Rio de Janeiro... o que eu poderia odiar?

— Pelo menos podemos ir à praia amanhã? Minhas aulas começam nesta segunda e eu sei que depois não vou ter tanto tempo livre.

Meus pais me olharam impacientes e antes de responder, meu celular que estava em cima das caixas na sala onde deixei quando desci as escadas, vibrou. Fui prontamente ver quem era porque pela cara dos meus pais, eles iriam me dar uma bronca e não queria ficar sentada ouvindo sermão deles.

— Oi, Má, como você tá, praga? — perguntou Leo por áudio do WhatsApp — Só pra falar que eu amei ter conversado com você ontem. Por favor, não fique muito tempo sem me ligar!

Sorri ao lembrar do dia anterior...

Resistência (Em Atualização)Onde histórias criam vida. Descubra agora