Nos dias em que vivemos, ser mulher e totalmente fora do padrão da sociedade não é nada fácil. Com Marina a situação não é diferente...
A mudança de um estado para outro fez com que os problemas da garota de apenas 16 anos, só aumentassem. A dificul...
— Oi filha, como foi a aula? — perguntou minha mãe me dando um beijo enquanto eu entrava no carro.
— Foi péssima. — disse emburrada.
— Que isso, Marina?! Isso é jeito de falar da escola nova? É o MELHOR colégio do Rio de Janeiro!
— Melhor na seleção dos piores alunos, só se for. — cruzei os braços.
— Me conta o que aconteceu, então — falou ela rindo sem muito acreditar em mim.
— Eu sofri racismo no meio da aula!
Minha mãe arregalou os olhos, estacionou o carro em um lugar qualquer e disse:
— Como é que é, Marina? Me conta essa história direito!
— Mãe.. você não me entende.. eu fui me apresentar pra sala de aula falando das coisas que eu mais gosto quando alguém falou que não se importava e me chamou de neguinha em tom de deboche. Sem contar que de cara o pessoal ficou me olhando como se eu fosse uma pessoa de outro mundo e uma menina nem quis apertar minha mão. Só quem ficou do meu lado, foi minha guia, a Ana.
Minha mãe ficou me encarando por alguns segundos aparentemente refletindo o que eu havia dito.
— Ué? Mas é o que você é, Mari. Minha neguinha preferida! — disse tentando beijar minha testa.
— PARA, MÃE! VIU SÓ? EU FALEI QUE VOCÊ NÃO ENTENDIA! — gritei e me afastei do beijo dela. — E se eu também fosse vítima de um assédio? Você falaria que era por causa das minhas roupas?
— PARA DE GRITAR, MARINA! Sou sua mãe e exijo respeito, ouviu? — ordenou já ligando o carro novamente e dirigindo para tentar acabar com aquela discussão. — E eu não falo nada mas realmente... suas roupas são muito curtas.
— Inacreditável — falei.
Franzi as sobrancelhas e fiquei olhando para a paisagem em movimento. Eu já estava acostumada com aquele tipo de resposta vindo da minha mãe; por isso, nem vontade de chorar, veio.
Chegamos em casa e deixando as chaves em cima do balcão, ela falou:
— Seu pai chega só mais tarde. Troque de roupa e venha almoçar.
— Não estou com fome — subi as escadas e fechei a porta.
Deixei minha mochila no chão e fui direto para o banho. Coloquei uma roupa fresquinha e deitei em minha cama para mexer no celular. Vi a mensagem do Léo que foi enviada quando eu estava atrasada para escola. Respondi qualquer coisa e fui tirar um cochilo.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
* O horário da mensagem do Leo era pra estar 6:55 AM. Desculpem pelo erro.