Nos dias em que vivemos, ser mulher e totalmente fora do padrão da sociedade não é nada fácil. Com Marina a situação não é diferente...
A mudança de um estado para outro fez com que os problemas da garota de apenas 16 anos, só aumentassem. A dificul...
— O que você está fazendo se cortando desse jeito, Marina?! E essa marca roxa em sua coxa? Tá achando que se bater e se cortar vai passar esse seu "mimimi"? E eu aqui, toda preocupada com você...
Foi como receber um soco em minha barriga ouvindo aquelas palavras.
— Caso queira saber, seu pai está de plantão desde às 15h e só volta de madrugada. Como você não sai desse quarto, não deve ter percebido, né? Quero você na cama já! Amanhã é seu primeiro dia de aula e você precisa descansar — disse minha mãe recolhendo o celular e todos os papéis com sangue.
— Mãe! Deixa eu explic..— falei enquanto ela caminhava em direção a porta.
— PRA CAMA, MARINA! — gritou e saiu e me deixou atônita.
Já estava cansada demais para tentar criar jeitos para minha mãe me apoiar. Por isso, a única coisa que me restou, foi dormir.
Acordei às 06h com os olhos inchados de tanto chorar. Era meu primeiro dia de aula na escola "Miguel de Cervantes". Levantei, arrumei minha cama e fui tomar um banho. O corte no pulso ardia um pouco, porém fiquei ali até que a água varresse meus pensamentos.
Saí do banho e vi uma caixa em cima da minha cama. Provável que meu pai tenha a colado. Abri e vi meu novo uniforme: camiseta azul escura com o símbolo vermelho da escola e calça boca de sino da mesma cor que a camiseta. Achei o uniforme ridículo. Eu não fazia tanta questão de estar em colégio particular. Na verdade, só estava matriculada ali porque meu pai recebeu uma promoção de emprego.
Arrumei meu cabelo tentando deixar o mais armado possível e não liguei tanto para definição. Passei maquiagem em meu rosto com moderação, porque segundo a escola, "se o (a) aluno (a) estiver chamando a atenção com maquiagem no rosto sem ser em ocasiões especiais, será ligado para os pais imediatamente.".
— Bom dia minha filha! Ansiosa? — perguntou meu pai quando desci as escadas.
— Nem tanto.. — falei desanimada.
— Bom dia, Marina. Fiz um pãozinho pra você. — disse minha mãe me entregando um misto e me dando um beijo na bochecha.
Talvez tenha esquecido a noite passada. Eu não havia me esquecido de sua resposta.
Comi o pão vendo TV e prestando atenção na hora para não me atrasar.
Recebi uma mensagem do Leo:
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Eu já estava com muita saudades dele. Ele era o típico menino bonitão, branco e bronzeado que todas gostavam. Ter melhor amigo tem seus privilégios: ele sempre estava disponível só pra mim.
Resolvi não falar sobre ontem a noite e fingir que estava tudo normal.
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O caminho foi de 10 minutos até a escola. Meus pais me deram um beijo e me abraçaram. Me desejaram boa sorte e qualquer coisa me ligariam.
A escola era enorme e toda azul. O barulho era até que suportável porque só eram recebidos alunos do Ensino Médio e de alguns cursos. Entrei sentindo um frio na barriga por ser meu segundo ano no Ensino Médio, e claro, meu primeiro dia de aula no tão estimado "Colégio Miguel de Cervantes".
