capítulo 12

180 20 4
                                    

Finalmente o dia em que Ellen vem para minha casa. Mais de 1 mês que eu não a via e já estava morrendo de saudade.

A ideia que meu pai propôs do piquenique ajudou só na hora. Eu não briguei mais com minha mãe mas nós não nos falávamos mais. Na hora do jantar, cada uma ia para um cômodo e era assim a semana toda. Talvez o trabalho tenha ocupado toda a mente dela.

Tentei ao máximo não ficar pensando nisso porque estava cheia de provas e seminários.

Era perto das 13h quando eu estava ouvindo música e lavando a louça. Senti que alguém tinha puxado um dos meus fones. Me virei já brava para brigar com a pessoa quando vi que Ellen estava com um sorriso enorme e de braços abertos esperando um abraço.
De cara percebi algumas mudanças em minha melhor amiga. A menina branca, de cabelos longos e castanhos e um sorriso de orelha a orelha, estava diferente. Ela tinha cortado o cabelo até os ombros, estava com olheiras e bem mais magra.

— Não acreditoo! — gritei — Você não tem noção da saudade que eu estava..!

— Eu também, amiga! — respondeu com um sorriso no rosto e emocionada — Infelizmente nossas horas juntas são pouquíssimas.

— Por que? Achei que você ia ficar semanas aqui.

— Sua mãe não te disse? Descobri recentemente que tenho uma tia que mora aqui perto. Assim que soube, comprei a passagem. Aí ela que me trouxe e também vai me levar até o aeroporto amanhã; até porque a semana de provas está chegando. Vai passar rápido nossas horas juntas, mas eu preciso... — Ellen parou de falar e olhou apreensiva para as mãos que estavam suando.

— Precisa o que? — perguntei intrigada.

—OLHA QUEM CHEGOU! — meus pais gritaram animados descendo as escadas. Eles a abraçaram tanto que achei que fossem esmagar a pobrezinha.

Levamos as malas para o quarto e ela já aproveitou para tomar um banho. Nos arrumamos e meu pai nos levou ao shopping para tomar açaí.
Apesar de não termos feito muita coisa lá, rimos e nos divertimos bastante. Deu para ver que aquilo tinha feito bem para ambas!

— Gostou de hoje, amiga?

— Muito! Fazia tempo que eu não ria assim.

Eu ia perguntar o que estava a ocupando tanto mas fui interrompida quando meu pai chegou para nos buscar.
Fomos rindo lembrando de todos os micos e momentos bons que passamos em São Paulo.
Chegamos em casa e 3 pizzas estavam em cima da mesa.

— Opa! Chegamos na hora certa. Meu banho fica pra depois então. — falou Ellen pegando uma fatia e fazendo com que todos nós ríssemos.

Depois da janta, subimos para meu quarto. Ellen foi tomar banho enquanto eu estava revisando meu caderno de geografia para não ficar tudo acumulado. De repente, Ellen saiu do banheiro enrolada em uma toalha indo em direção a sua mala.

— Esqueci meus cremes.. 

No momento em que ela se abaixou, vi seus ombros e levei um susto. Me deparei com enormes hematomas. Olhei para seu corpo tentando achar mais algum e encontrei um em sua panturrilha.
Talvez ela tenha percebido porque no mesmo instante, ela disse envergonhada:

— É... acho que não trouxe. Vou voltar para o banho.

— Ellen! — falei em tom firme, fazendo com que ela parasse sem olhar para trás — O que você está escondendo de mim?

Ellen virou-se lentamente e pude ver que seus olhos ameaçavam chorar. Corri para ela e dei um abraço.

— Deixa eu tomar banho primeiro, ok? Depois eu falo.

Assenti e peguei minhas coisas para tomar banho no banheiro de baixo. Tentei ensaiar frases de consolo para dar como resposta mas foi ridículo. Eu nem sabia qual era o problema e já estava formulando respostas automáticas. No final das contas, decidi ser eu mesma e dar apoio para tudo o que ela falasse.
Subi as escadas e ela estava já sentada na cama escovando seus cabelos. Assim que ela me viu, largou a escova e arranhou a garganta.

Guardei minhas coisas e sentei de pernas cruzadas em sua frente.
Olhei para ela fixamente, peguei suas mãos e falei:

— Pode confiar em mim.

Ela tirou as mãos das minhas, e respondeu:

— O assunto é delicado. Eu não sei como começar..

Resistência (Em Atualização)Onde histórias criam vida. Descubra agora