"Minha filha, você tem que sair do quarto!" - disse meu pai batendo na porta um tanto carinhoso. "Vem almoçar?"
Depois de duas semanas do incidente, meu pai chegou de Cuba. Eu ainda estava tão triste, que não consegui me alegrar quando ele voltou.
Eu estava deitada em minha cama vendo uma série onde a menina se matou e deixou algumas fitas para os colegas. Ver a série só me deixou mais pra baixo.."Não, pai. Obrigada." - falei desanimada.
"O Léo está na sala te esperando!"
Ouvir o nome dele já foi motivo para eu pular da cama.
Desliguei a TV e coloquei uma camiseta folgada e um shorts já que eu ainda estava de pijama. Passei um pouco de corretivo para esconder as olheiras, e desci."Oi, amor." - disse Léo me dando um beijo na bochecha. Só o fato de ter Léo ao meu lado me deixou mais feliz.
"Já almoçou, Léo?" - perguntou minha mãe que estava cozinhando.
"Já sim, Dona Juci. Obrigada." - ele respondeu. "Já comeu, Marina?"Não estou com fome." - respondi
Ele fez careta indicando que estava bravo e me fez rir.
"Você tem que comer, Marina. Já tem 1 mês que você não come direito!" - passou a mão em meu cabelo e fez biquinho. "Você emagreceu, sabia?"
"Isso que eu quero!" - falei jogando meus braços em seu pescoço e rindo.
"Já está com a carta aí?" - ele perguntou.
"Sim, sim. Vamos?" - arrastei Léo para a porta - "Tchau, pai. Tchau, mãe."
"Vão para onde?" - perguntou minha mãe.
"Dar uma passeadinha! Beijos!" - dei um sorriso amarelo.
Fomos andando de mãos dadas para a casa onde eu tinha que entregar a carta. No meio do caminho, Léo parou, e perguntou:
"Você está realmente preparada para se encontrar com os pais da Madu? E se eles não nos receber?"
"Eu preciso fazer isso, Léo. Ou então nunca vou tirar esse peso das minhas costas! É só deixar a carta embaixo da porta e sair."
Léo olhou para os lados apreensivos.
Depois de 10 minutos, estávamos lá, empurrando uma carta para a casa de pessoas que nem conhecíamos."Viu só, Leonardo?! É fácil!" - falei empurrando a carta debaixo da porta.
"Até que foi fác..."
Leo nem conseguiu terminar a frase.
"Posso ajudar?" - perguntou um homem grande e robusto abrindo a porta sem cerimônia.
Sim. Fomos pegos.
Isso não podia acontecer! Era só para entregar a carta e ir embora mas infelizmente fomos interrompidos.."Estávamos de saída!" - disse o Léo me puxando e pegando a carta deixada no chão lentamente.
"Ô ROSÁLIA! - gritou o homem - TEM GENTE AQUI NA PORTA!"
Antes de ter a chance de falar que estávamos de saída, uma mulher, provavelmente a esposa, apareceu com olheiras fundas e um sorriso no rosto:
"Posso ajudar vocês, queridos?"
Respirei fundo, e resolvi falar:
"Na verdade, sim. Podemos entrar?"
Eles nos olharam espantados como quem dizia "mas-que-folgada" mas mesmo assim nos deixaram entrar.
Confesso que quando entrei, fiquei com medo do homem. Ainda bem que Léo percebeu porque ele não desgrudava de mim.
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Resistência (Em Atualização)
No FicciónNos dias em que vivemos, ser mulher e totalmente fora do padrão da sociedade não é nada fácil. Com Marina a situação não é diferente... A mudança de um estado para outro fez com que os problemas da garota de apenas 16 anos, só aumentassem. A dificul...