capítulo 17

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De repente tudo foi ficando claro.
Fui abrindo os olhos devagar e vi que estava em uma sala branca.
Assustei um pouco ao me deparar com aquele lugar.. Onde eu estava?

"Que bom que acordou!" - disse uma moça de cabelo preto e curto segurando uma ficha e sorrindo. "Mas não fique assustada... não faz muito tempo que você está aqui nesse hospital."

Claro! Hospital. Eu estava em um hospital.

Olhei para meu braço e minhas pernas e vi que estavam roxos e doloridos. Um filme passou em minha mente de tudo o que tinha acontecido.. doía muito lembrar daquilo.
Eu ia começar a chorar mas lembrei que a doutora estava na mesma sala em que eu estava.
Ela se aproximou, e disse:

"Não vai doer nada, flor."

Senti uma picada e gritei. Lembro de ter visto a moça saindo da sala com a ficha na mão. Fechei meus olhos e vi tudo apagar.

✽✽✽

"[...] e espero que você fique bem!"

Abri meus olhos que estavam pesados e vi Léo ao meu lado. Ele estava acariciando minha mão e falando olhando para ela. Assim que viu que eu acordei, soltou minha mão devagar e disse:

"Marina! Que felicidade! Vou avisar a doutora!"

"ESPERA!" - gritei antes que ele chegasse até a enfermeira. "Como você veio parar aqui?"

"Não grite. Você não pode se estressar ainda." - disse ele voltando a sua posição anterior. "Assim que soube o que aconteceu, meu pai comprou minha passagem. Vim sozinho já que não é tão longe daqui."

"Meu Deus, Léo! Não precisava fazer isso!"

"Claro que eu precisava! Como você está? Está melhor?"

Léo passou os dedos em uma mecha que estava solta do meu coque, e colocou atrás da orelha.

"Olha quem acordou!" - exclamou a doutora entrando e me examinando. "Pode nos dar uma licença, Leonardo? Daqui alguns minutos te chamo de novo, ok?"

Léo que estava com uma carinha tão meiga, ficou constrangido na hora e disse um sim caguejando. Assim que ele saiu da sala, a doutora perguntou:

"Seu namorado?"

"N-não! Ele é meu melhor amigo!" - falei rindo.

"O quê?! Jurei que vocês namoravam! Formam um casal tão bonitinho.. ele está caidinho por você! Deveriam namorar."

Era óbvio que Léo não gostava de mim do jeito em que ela falou. O que rolava entre nós é só amizade; mas confesso que, pensei na possibilidade.

"Desde quando estou aqui?" - perguntei para sair do assunto constrangedor.

"Mais de 24 horas."

Olhei para ela espantada e ela começou a rir.
Depois de alguns minutos de silêncio só observando ela cuidar de mim, ela perguntou:

"Você está triste?"

"Com o quê?

"Ah.. com o que aconteceu com você.."

Depois de segundos, lembrei do que ela estava falando. Doía demais ter que repassar aquelas cenas em minha mente. Eu estava tentando não pensar naquilo naquela hora. Me mexi na cama e arranhei minha garganta para mostrar que eu estava desconfortável com aquela pergunta.

"Vamos deixar pra lá, né?" - disse ela constrangida. "Isso ainda deve doer muito e, tocar no assunto agora não seria uma boa ideia. Responda esse tipo de pergunta só quando estiver realmente preparada, ok?"

Assenti com a cabeça e fechei meus olhos.
Depois de alguns minutos, ouvi alguém falando desesperadamente entrando pela porta:

"Minha filha está melhor? Como você está, meu bem?" - disse minha mãe me beijando.

"Estou bem, mãe. Relaxe!"

Como a doutora já tinha feito tudo o que precisava, nos deixou a sós.
  Depois de muitas perguntas chatas que minha mãe estava fazendo, falei:

"Será que você pode me dizer como vim parar aqui e parar de perguntar se eu estou bem?!"

"Hã.. Claro... Desculpa!" - disse ela pegando uma cadeira e sentando ao meu lado. "Ok. A moça que limpa a escola te achou lá. Quando ela chegou, alguém que fez isso com você não estava mais lá. A Helena, a moça que limpa, pegou sua carteirinha e foi procurar seu nome na lista dos alunos que estava na diretoria. E aí que ela me ligou enquanto já chamava a ambulância.."

"Humm..." - falei tentando entender toda a história.

"Quem foi que fez isso, Marina?"

Respirei fundo e depois de alguns segundos sem falar nada, respondi:

"Mãe... Desculpa, tá? Eu ainda não estou preparada para falar sobre isso. Por favor, não insista! Podemos trocar de assunto?"

"Hã... claro! Vou chamar seu pai e Léo." - disse ela saindo da sala.

Depois de alguns minutos conversando e jogando com eles, ouvi o barulho da porta se abrindo:

"Toc, toc.. Posso entrar?" - disse Ana aparecendo na porta.

"Claro! Entre!!"

"Juro que não vou demorar. Daqui a pouco seu tempo de visita acaba, né?" - ela disse sentando na cadeira esperando meus pais e Léo saírem. "Olha, Marina... me desculpa! Eu estou tão arrependida! Se eu não tivesse brigado com aquela menina idiota, talvez nem aconteceria isso! Estou tão frustrada!!"

"Fica calma! Não foi sua culpa! Esquece isso, tá? Vai ficar tudo bem! Pra tudo tem um propósito e acho que isso não foi em vão." - falei pegando sua mão.

"Como você consegue sorrir e dizer que vai ficar tudo bem mesmo depois de tudo isso?!" - disse ela sorrindo e me dando um abraço.

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