capítulo 9

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15 dias se passaram desde o primeiro dia de aula.

Acabei ficando mais próxima da Ana e por conta da correria do dia a dia, eu e Leo não conversávamos tanto. Não fiz amizades na sala de aula e brigas com a minha mãe só aumentaram.

Era sexta-feira a noite e eu tinha terminado de fazer meus deveres.
Então, desci as escadas e fui jantar. Com todas distrações, deixei sem querer meu prato cair e se quebrar. Me abaixei rapidamente tentando juntar os cacos de vidro espalhados pelo chão pra ninguém ver; porém, minha mãe chegou antes e viu tudo.

— O que aconteceu aí, Mari? — perguntou ela entrando na cozinha.

— Nada. — respondi revirando os olhos. Estava óbvio que eu só tinha quebrado um prato.

— Ih... brigou com mais quem pra estar mal-humorada desse jeito? — perguntou já rindo.

— Que engraçado. — falei totalmente séria — Depois eu que sou a debochada...

Depois de alguns segundos me olhando incrédula, ela finalmente disse:

— Vai ser mal educada até quando, Marina?!

— Eu to respondendo normal! Você que vê ironia em tudo só pra ter motivos pra brigar comigo.

— Tem certeza? Você que está nessa fase que acha que tudo é assédio, se cortar e blá-blá-blá.

Respirei fundo. Automaticamente, todas nossas brigas vieram em minha mente. Aquilo foi me deixando com tanta raiva e tão triste, que disse tudo de uma vez só:

— VOCÊ NUNCA ME ENTENDE! — gritei com água em meu olhos e gesticulando os braços — Tentei te falar que fui assediada na praia, humilhada na sala de aula e que nunca me cortei de propósito mas parece que você fecha os olhos e tampa os ouvidos pra tudo que tenha relação a mim...

 Soltei com toda minha força aquelas palavras que até fiquei rouca.

— Eu quero São Paulo, mãe. Quero meus amigos de volta e meu colégio antigo. Eu... — parei de falar sentindo minha respiração ofegante. Eu vi que ela estava prestando atenção em mim com os olhos marejando.

— Eu só quero sumir daqui. — sussurrei olhando para baixo deixando as lágrimas caírem.

Peguei meu celular, abri a porta desesperadamente e saí correndo em direção a algum lugar que me tirasse dali o mais rápido possível.

Ouvi minha mãe gritando meu nome. Percebi que já estava longe o bastante depois de não escutar mais a voz dela.
Sentei com a respiração ofegante em uma calçada do bairro vizinho. Juntei minhas pernas, cruzei meus braços e abaixei minha cabeça ali.
De repente, ouvi um barulho de uma moto se aproximando. Levantei minha cabeça e um cara que estava tirando o capacete da cabeça, disse...

Resistência (Em Atualização)Onde histórias criam vida. Descubra agora