capítulo 11

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Eram 10:00 quando eu acordei. 

Levantei, tomei um banho e escovei meus dentes. Arrumei minha cama, abri as janelas e coloquei uma roupa adequada para o dia.
Estava tudo indo bem até lembrar que eu teria que conversar com meus pais. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Ana, dizendo: "Me deseje sorte!". Ela sabia do que se tratava. 

Desci as escadas e meus pais estavam sentados vendo TV. Assim que me viram, se levantaram rapidamente um pouco constrangidos e me encheram de beijos perguntando como eu estava.

— Bom dia! Podem parar de me tratar como se eu fosse uma boneca de porcelana, ok? — falei rindo e parando com os beijos

— Ué. Não entendi essa — disse meu pai confuso — Se somos rigorosos você reclama. Se somos carinhosos você também reclama...?

Ri em pensamento. Meu pai estava certo. Reconheço que em alguns momentos eu sou chatinha.

— Você não tem que trabalhar hoje? O senhor é um cirurgião, esqueceu? E mãe, tá na hora de você achar uma empresa, né? —falei indo em direção a cozinha.

— Estou de folga, Marina. E já que tocou no assunto, sua mãe começa a trabalhar semana que vem!

 —Essa era a notícia boa que ela iria me falar? — perguntei abrindo um sorriso sincero e fazendo meu pão.

— Olha, olha... ela está rindo. Que felicidade! — falou minha mãe sentando para comer também.

Lembrei que eu ainda estava brava com ela e enfureci o rosto novamente.

— Nada de comer rápido e subir para o quarto porque vamos conversar agora, Marina. — ordenou meu pai.

— Mas eu já falei tudo o que tinha pra falar.

— Olha só, Mari... — disse minha mãe rapidamente pegando em minhas mãos — Eu sei que na sua idade é difícil mesmo se impor. Fiz muitas coisas erradas igual você e me arrependo até hoje. Sei que às vezes sou muito dura mas você deveria ser compreensiva comigo também, né?

— Então sou eu que faço as coisas erradas? — perguntei brava e guardando minhas mãos.

— N-não.. o que eu quis dizer foi que nessa fase da aborrescên... quer dizer, na adolescência, tudo é muito confuso e muito intenso. Eu e seu pai estamos fazendo de tudo para fazer com que você se sinta confortável aqui nessa nova cidade. — disse ela procurando apoio em meu pai — Portanto, tente não estragar isso, ok Marina? Não quero mais saber de você fugindo de casa e nem aparecendo com hematomas no corpo de novo. Ah... e não reclame da sua escola, tá bom? Não esqueça que é a melhor do Rio de Janeiro.

Olhei para os lados indignada e sem paciência. Ela sabia que minha vontade era de levantar da mesa e ir para meu quarto. Então, antes que isso acontecesse ela despejou de forma rápida:

— A Ellen vem pra cá!

Fiquei sem reação. Então minha mãe continuou:

— Ela vem aqui na próxima semana. Diz a mãe dela que ela está com algumas dificuldades.

Peguei meu celular para mandar uma mensagem do tipo "Amiga, sério isso? Estou louca para te ver!" mas não seria possível porque ela estava sem celular. No século que estamos, como ela consegue ficar sem ir a uma Lan House?

 — Tive uma ideia! — falou meu pai — O que vocês acham de um passeio? Que tal um piquenique?

— Acabamos de comer, pai.

— Eu sei.. — disse constrangido e passando a mão em sua careca. — Mas vai ser legal sair um pouco daqui e tirar esse clima pesado.

Aceitamos o convite.
Me arrumei, peguei minha bolsa e fomos para um parque que ficava ali perto.
Novamente, o assunto de Ellen surgiu em minha mente. O que poderia ter acontecido com minha melhor amiga?

Resistência (Em Atualização)Onde histórias criam vida. Descubra agora