capítulo 5

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Cheguei em casa devastada. Meus pais me perguntaram novamente se eu estava bem, mas não consegui dizer nada.

Era domingo à noite e percebi que tinha passado o resto do sábado dentro do meu quarto. Sempre preciso de um tempo a mais pra tudo.

Resolvi então tomar um banho gelado para varrer aqueles pensamentos. Queria pelo menos por 10 minutos tentar esquecer tudo e ouvir o barulho da água caindo no chão.

Saí do banho, enrolei uma toalha em meu corpo e fiquei me olhando no espelho. Queria conseguir ajudar não só a mim, mas fazer justiça por outras pessoas também. Queria estar em São Paulo e não naquela estúpida cidade. Queria ter um cabelo melhor e ser mais corajosa. Eu queria ser a Marina melhor que prometi no 9° ano, quando fui discriminada.

A ideia de fazer justiça por todas não durou muito porque fui invadida pela frase "Querer não é poder, Marina!" que minha mãe sempre diz.

Com lágrimas escorrendo em meu rosto, peguei meu cabelo crespo e puxei com força. Puxei para baixo porque naquele momento, eu desejei ter um cabelo liso igual as mulheres de capas de revistas.

Eu não havia reparado, mas havia dois pregos grandes e afiados na gaveta embaixo da pia do banheiro, onde eu estava apoiada. Os pregos estavam colados um ao outro, fazendo com que ficasse mais perigoso. Com mil coisas passando pela minha cabeça, estava óbvio que eu não perceberia o perigo.

Ainda nessa situação, puxei meu cabelo com tanta força, que arrastei meu pulso nos pregos; fazendo um corte reto e fundo. Eu gritei, e imediatamente o sangue começou a escorrer. Peguei com a outra mão o rolo de papel higiênico, e tirei vários pedaços colocando em cima do meu corte.

Então, minha mãe entrou no banheiro e já desesperada, tentou ligar para a ambulância. Se eu não estivesse com tanta dor, eu até riria naquele momento. Mas, resolvi me controlar.

Tentei falar que estava tudo bem mas só piorou depois dela ter visto meu sangue no chão. Com toda nossa gritaria e agito, o celular caiu e me abaixei para pegá-lo; fazendo com que a toalha que estava enrolada em mim, fosse parar no chão. Os olhos de minha mãe foram movidos prontamente à minha coxa, onde estava a marca dos dedos daquele nojento. Ela foi ficando cada vez mais pálida.

Depois de alguns segundos, ela arregalou o olho como quem já tivesse entendido toda a situação. Achei que pela primeira vez minha mãe ia ser minha amiga, quando ela disse...

Resistência (Em Atualização)Onde histórias criam vida. Descubra agora