Capítulo 11

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|| Marocas ||

Ainda não acredito na coragem de Samuel de entrar em meu quarto escondido. E se alguém tivesse visto ele escalando até minha janela? Penso em papá que por muito menos acertou o traseiro de Bento com um tiro de borracha.

Samuel é louco e essa loucura dele me contagia. Me sinto segura perto dele, sinto que posso ser eu mesma e quem mais eu quiser ser.

Descemos até a cozinha para preparar algo para comermos, visto que pulamos o jantar para ficarmos juntos escondidos em meu quarto. Samuel espera perto da porta me observando cozinhar rapidamente uns ovos mexidos, que estão com um cheiro delicioso.

De repente uma voz nos chama a atenção, eu dou sobressalto e vejo Samuel fazer o mesmo, quando vejo uma terceira pessoa adentrar o recinto.

- Nico! O que você está fazendo acordada? - Sussurro, puxando minha irmãzinha para dentro da cozinha e fechando a porta, rezando para que ninguém a tenha ouvido.

- Eu estava tentando dormir, mas senti esse cheirinho delicioso de comida e minha barriga começou a roncar, tive que vir ver se conseguia um pouco disso. - Ela tenta se explicar para mim e depois volta seu olhar para Samuel. - Senhor Samuel, porque o Senhor está sem camisa?

- Maria Nicolino, tenha modos - a repreendo, apesar de saber que não é ela que precisa ser repreendida. - Isso não é hora de criança estar acordada, volte lá para cima. E não diga a ninguém o que você viu hoje, eu conversarei com você amanhã, prometo.

- Tudo bem, minha irmã, eu não direi nada a papa e mamã - Nico diz com seu olhar de arteira indo de mim até Samuel - por enquanto.

Ouço a porta da cozinha abrir novamente e fico gelada, olho para Samuel que arregala os olhos, o corpo todo tenso.

- Nico? Você está aí? - Ao ouvir a voz de Kiki, meu corpo inteiro relaxa. Ela entra segurando sua boneca de pano, uma das mãozinhas coçando os olhos de sono.

- Maria Quitéria, você também? Entre e feche a porta! - Sussurro.

Kiki parece perceber a cena, olha de mim para Nico e por fim para Samuel.

- Senhor Samuel estas despido? - pergunta, sem entender.

- É uma longa história, Kiki, te contarei mais tarde - Nico começa e se volta para mim - E amanhã Marocas nos explicará direitinho. Vamos dormir. Boas noites Marocas, boas noites Senhor Samuel, e tenha mais compostura.

Ela puxa Kiki e as duas saem pela porta. Olho para Samuel e após um minuto de silêncio, caímos na gargalhada. Eu ainda com minha mão sobre o coração tamanho susto que levei.

- Ainda bem que eram as crianças - Samuel diz - Imagine se fosse o seu pai.

- Não fale isso - estremeço só com o pensamento. - Não quero pensar no que aconteceria se fosse papa, mamã ou até mesmo Cesária que tivesse entrado aqui.

Ele caminha em minha direção, seus olhos verdes escurecidos de desejo. Me toma pela cintura e aproxima nossas bocas.

- Toda essa situação me deu uma vontade de... - Samuel fala rente aos meus lábios e eu fecho os olhos ao sentir seu hálito fresco me atingir. Quando não ouço o final de sua frase, levanto meus olhos para olhá-lo.

- De? - pergunto sem afastar nossas bocas e engulo em seco esperando a resposta.

- De você. - ele completa a frase e toma minha boca em um beijo urgente, me puxando mais para si, como se pudéssemos nos tornar uma só pessoa.

Envolvo seu pescoço e sinto quando ele me levanta do chão e me senta no balcão da cozinha. Minha mente tenta me alertar do perigo mas a língua de Samuel dançando em sincronia com a minha acaba com o pouco de juízo que me resta.  Eu o puxo mais para mim, cruzo minhas pernas em seu quadril e cravo minhas unhas por suas costas. Quando me falta o ar, corto o beijo enquanto Samuel desce sua boca para meu queixo e pescoço, deixando beijos e lambidas no caminho. Quando ele morde minha orelha, sinto que vou explodir em desejo. Tento chamar o nome dele mas não sai mais que um sussurro rouco, que mesmo assim não passa despercebido à ele. Ele toma meus lábios novamente em um beijo enquanto sorri.

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