Capítulo 17

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|| Marocas ||

- Minha mãe, por quem és, vamos conversar. - Bato insistentemente na porta do quarto de meus pais, onde minha mãe se trancou após nossa conversa.

- Marocas, o que houve? - Nico chega acompanhada de Kiki e Pirata, minhas duas irmãs com olhares curiosos.

- Isto é uma conversa de adultos, Maria Nicolina. Vão brincar, aviem-se daqui. - Digo, um pouco mais alterada do que gostaria, mas não posso me preocupar com isso agora. Bato mais algumas vezes na porta, e minha mãe continua a fingir que não me ouve. Viro as costas e volto para meu quarto, pegando meu celular e encaminhando uma mensagem para Samuel, pedindo para que ele  venha para minha casa assim que possível. Me preparo para voltar à porta do quarto de meus pais quando dou de cara com Miss Celine.

- O que houve, Maroquitas? As gêmeas me falaram que você estava gritando por Dona Agustina ainda há pouco, estão deveras preocupadas que algo tenha acontecido com sua mãe. - Miss Celine diz, e meu coração se parte em pedaços. Nem passou por minha cabeça que minhas irmãzinhas pudessem ter entendido algo errado, mas também como entenderiam certo, se eu não me dei ao trabalho de lhes explicar?

- Miss Celine, você pode, por favor, dizer-lhes que está tudo bem? Mamã e eu apenas tivemos uma discussão. Bom, ela discutiu comigo, e eu estava tentando uma conversa, mas ela está trancada no quarto, irredutível. - Explico rapidamente à minha amiga. - Pode dizer às meninas que está tudo bem com mamã?  - Miss Celine abre a boca para responder-me, mas uma movimentação em minha porta me faz perceber a presença de duas pessoinhas paradas ali. - Venham cá, meus amores. - Digo, abrindo meus braços, que rapidamente se enchem com a presença de Nico e Kiki. - Perdoem-me por não lhes explicar o que está acontecendo, mas não é nada com a saúde de mamã, não se peocupem, estamos todos bem. Agora peguem o Pirata e vão desbravar algum novo lugar em nosso quintal, sim?

- Você vai me dizer o que houve, então? - Miss Celine me pergunta novamente, assim que as meninas saem correndo com Pirata em seu encalço. Respiro fundo, tentando pensar por onde começar, e uma dorzinha chata no pé da barriga começa a me incomodar, mas a deixo de lado, tenho coisas mais importantes com as quais me preocupar.

- Contei a mamã que Samuel e eu fomos um só, minha amiga. - Digo, e a boca dela se abre em descrença. - Oras, que cara é essa? Então pensas que eu deveria não ter lhe falado nada?

- Maroquitas, eu não sei o que pensar, mas com certeza você poderia ter premeditado a reação de sua mãe, ela é uma mulher muito religiosa, muito apegada às regras do recato, ainda não se acostumou com este século e tudo que ele trouxe, ela não pediu, nenhuma de nós pediu.

- E ainda assim, em tão pouco tempo aqui, sinto que pertenço mais a este tempo do que jamais pertenci a qualquer outro. - Digo, sendo totalmente sincera.

- De certo que sim, minha amiga, e também eu me sinto assim, você sabe. Mas não podemos exigir que dona Agustina sinta o mesmo. Ah, Maroquitas, o que faremos? Como contornaremos essa situação? Qual foi a reação de sua mãe quando descobriu isso?

- Quando descobriu o que? - Uma voz nos interrompe antes que eu tenha chance de responder a pergunta, e eu sinto meu corpo inteiro gelar, ao mesmo tempo que um alívio toma conta de mim.

- Dom Sabino... - Miss Celine engole em seco, vendo meu pai se aproximar de nós.

- Miss Celine, Marocas. - Meu pai tira sua cartola e se reverencia para nós, fazendo uma cara de confuso ao nos olhar. - O que há com vocês duas?

- Papá.. - Começo, e então um barulho me interrompe novamente.

- Ah, o címbalo. - Papá diz, como sempre se encantando ao toque da campainha. - Vejamos quem vem lá. - Ele sai porta afora seguido de perto por mim e Miss Celine. - Meu bom Samuel, chegamos praticamente juntos. - Ao chegarmos na sala, nos deparamos com Samuel rodeado por Nico e Kiki.

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