Capítulo 18

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|| Dom Sabino ||

— Agustina, não vai tirar da sua cabeça a ida da Marocas para um convento? - essa mulher é mais teimosa que uma mula, oras.

— Senhor meu esposo, nossa filha foi desonrada antes do casamento. Há de pedir perdão a Deus por tamanho pecado. É preciso que ela vá para um convento e se exile em um retiro espiritual. - ela me diz com uma calma e boas palavras que me dá nos nervos.

— Oras! Ela foi desonrada pelo Samuel, o seu futuro noivo. Eles se amam. Nossa menina já conhece o amor! - eu lhe explico. Os tempos são outros, não é preciso o casamento para selar a união carnal entre pessoas que se amam.

— E o que há de ser feito então? - ela se senta na beirada da cama. Põe às mãos em cima do colo e ajeita a saia.

— O óbvio. Ela se casará com o senhor Samuel Tercena. - eu lhe digo como se estivesse claro.

— Oras! Mas isso é o que eles tanto desejam ... estaríamos aceitando tamanho pecado à Deus cometido pela Marocas. - ela se levanta mais uma vez, voltando toda a fúria.

— Mas meu amor ... não queres ver a sua menina feliz? Realizada? - eu lhe indago.

— De certo que sim. - eu sorrio torto - Tudo bem! Eu aceito.

Caminho até ela com os olhos brilhando. Essa minha esposa é uma turrona, mas por dentro tem um coração totalmente amanteigado.

|| Samuel ||

Duas semanas se passaram desde que voltamos da fazenda. Marocas se dedica o dia inteiro a Miudeza e ainda consegue tempo para dar atenção para mim e sua família. Nossa marca está ganhando o mercado a fora. Ontem mesmo fechei carga com uma perfumaria de Paris. Ela nem acreditou quando lhe contei que o negócio tinha dado certo. Minha menina tem um dom e uma sabedoria incrível.

Agora que os pais da Marocas sabem que já selamos o nosso amor, a marcação ficou mais cerrada ainda.

Antes de Dom Sabino citar casamento, eu já vinha pensando em selarmos nossa união de vez. Nos amamos, e não há nada que nos impeça de ficar juntos.

Eu queria tanto um momento a sós com ela. Desde que voltamos da fazenda não conseguimos isso. Dona Agustina começou a praticamente prender a Marocas dentro de casa, e quando estou lá, fica sentada do nosso lado o tempo inteiro.

Será que ela gostaria de ir ao mar? Um passeio de lancha, quem sabe. Duvido muito que a mãe dela deixaria ela ir sozinha comigo. A menos que...

Tenho uma ideia. Corro para o shopping, preciso ir até a joalheria e ir atrás de dois presentes. Eu sei que é feio, mas comprarei as meninas para irem comigo.

Entro na joalheria que sempre compro presentes para minha mãe, e onde comprei o de Marocas.

— Bom dia, senhor Samuel. Que bom que retornou a nossa loja. O que deseja dessa vez? - uma mulher bem simpática me sorri.

— Bom dia, Lúcia. Eu gostaria que limpasse esse anel, desse uma lapidada. Ele foi usado por pouco tempo por minha namorada, tivemos uns contra tempos e eu acabei guardando. Mas agora ele voltará para o dedo dela! - eu lhe explico e entrego o anel de diamante amarelo, o qual usei quando pedi a mão da Marocas pela primeira vez.

— Oh, claro! Essa é uma das nossas peças mais bonitas. Dias depois que o senhor comprou recebemos uns três clientes a procura dele. - ela me sorri olhando o anel.

— Ele é muito bonito mesmo! Que bom que eu comprei antes. - lhe respondo - Eu vou comprar umas coisas e volto para buscar, tudo bem?

— Claro! Como quiser. Ele estará novinho em folha quando o senhor retornar.

— Só Samuel, Lúcia, por favor. Acho que não estou tão velho assim ainda! - digo brincando e saindo da loja!

— Tudo bem! Samuel ... - ela entra para entregar a joia para ser limpa.

Saio a procura do presente para as meninas.

Celular. É isso aí! Uma criança hoje em dia não rejeita um celular de última geração. Vejo a loja da Apple. Lá se vai mais uma fortuna, mas valerá a pena.

Eu quero passar a noite em alto mar com as três, preciso deixa-las bem ocupadas com seus joguinhos e vídeos do YouTube. É incrível como elas já sabem mexer em tudo e dominam tudo de um celular.

Compro dois iPhones rosas. Iguais. Para não ter brigas.

Passo por uma loja de brinquedos. Samuca, você está querendo manter as meninas bem ocupadas, ouviu? Meu inconsciente grita para mim.

Vejo duas bonecas lindas. Iguais, mudando apenas as peças de vestir. Acho que elas vão gostar também.

Passo por um espelho e me deparo com um rapaz cheio de sacolas para crianças, e olhe que o Natal nem chegou ainda. Quero nem pensar quando for de verdade, o que essas meninas vão me fazer comprar!

Volto para a joalheria. Meu anel está prontinho em cima do balcão. Abro para conferir e o diamante amarelo brilha dentro da caixinha. As palavras já estão em minha cabeça, espero que seja o último pedido!

— Aqui, Samuel! Como pediu. - Lúcia sorri ao dizer meu nome. Sei que são normas de conduta da joalheria, mas ainda sou muito novo para ser chamado de senhor assim.

— Obrigada, Lúcia! Espero voltar para comprar as alianças de casamento! Me deseje sorte! - sorrio.

— Tenho certeza que serão felizes! Muito obrigada por confiar em nossos produtos. - ela me agradece.

Confirmo com a cabeça e me despeço. Os pagamentos aqui sempre são feitos por depósito em conta. A Nath sempre cuida de tudo.

Dirijo de volta para casa. Ligo para o porto e mando preparar a lancha. Que arrumem dois quartos. Deixem comida preparada e algumas outras coisinhas.

Ponho algumas peças de roupa na mochila. Já vou deixar no carro, quem sabe assim de lá mesmo já saímos. Marocas me convidou para almoçar com eles, aos poucos dona Agustina vai aceitando minha presença e ficando mais tolerante.

Meu telefone toca, é o toque dela. As vezes eu me acho romântico demais, mas não sei me dar pela metade, só sei me doar por completo pela pessoa que eu amo.

— Oi, meu amor. - atendo com prontidão.

— Oi ... Não me ligou a manhã inteira. Estava ocupado? - ela me pergunta.

— Já disse que adoro você ciumentinha assim? - pergunto sorrindo.

— Samuel, oras .. por quem me tomas? Não é ciúmes. Apenas ... sim! - ela da por fim. Sei que suas bochechas estão ruborizadas nesse exato momento.

— Sim, estava ocupado. Já estou indo para aí. Já posso? - pergunto.

— Ahm ... sim! Minha mãe já está a sua espera! - ela diz.

— Nossa, estou bastante ansioso! - digo sorrindo.

— Samuca!!!! - ela rala comigo.

— Estou brincando! Se você desligar consigo ir. Por quê me prende tanto? Que sufoco!! - finjo desespero e ela gargalha do outro lado. Esse som é melodia para os meus ouvidos. É apenas isso a quero vê-la fazendo, sempre sorrindo!

— Bobo! Até mais. - e ela desliga.

Dirijo para a casa dos meus sogros. É estranho pensar assim. Há algum tempo atrás eu não me via casando. Betina ficava em meu pé para nos casarmos, e eu sempre fugia. Hoje... Tudo que quero é acordar todos os dias com minha Marocas.

Chego em sua casa e ela me recebe sorrindo na porta. É o sorriso mais lindo que eu já vi na vida. A coisa mais linda desse mundo!

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