Capítulo 19

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|| Marocas ||

O almoço parece bastante agradável, tirando por Samuel que está bem estranho, não estou gostando nada disso. Oras, onde já se viu mudar comigo assim? Repentinamente?

— Está tudo bem, meu amor? Aconteceu algo? - eu lhe pergunto baixinho.

— Sim... vai saber logo o que é! - ele sorri de canto e isso é suficiente para aquecer meu coração.

Mamã sinaliza a governanta que pode recolher os pratos e servir a sobremesa. Samuca fica um pouco nervoso do meu lado. Ele se levanta e pede para falar.

— Meus sogros.. eu queria convidar a Marocas e as meninas - ele olha para minhas irmazinhas - para um passeio de barco, dormiremos em alto mar. O que acham? - ele nos pergunta e me pega totalmente de surpresa.

— Mas de jeito nenhum, por quem nos toma? Minha filha não ficará sozinha com você. Oh céus! - Mamã diz e acho que ela não entendeu a parte que minhas irmãzinhas vão.

— Ah, mamã ... nós gostaríamos de ir sim! Adoramos o Samuca, e passear é sempre bom! Vai ter um gelado? - Nico diz e Kiki se anima.

— Com certeza. E eu trouxe um presente para vocês duas! Só um momento. - ele se retira da sala e ficamos todos a sua espera ansiosos. As meninas não param quietas.

Ele retorna com algumas sacolas e entrega duas de cada para cada uma delas.

A Nico é mais rápida e abre logo. Percebe que é um aparelho telefônico e pula no colo de Samuca.

— Eu adorei! Obrigada, Samuca! É um homem bem generoso! - Nico diz e Samuca pisca para mim. Eu sei bem o que esses presentes e essa viagem significam.

Kiki faz o mesmo que Nico e agradece Samuel. As duas correm escada acima para mexerem em seus presentes.

— Podemos ir, mamã? - eu lhe pergunto.

— Bom, como as gêmeas vão, eu não vejo problema algum! - meu pai toma as rédeas da situação. Eu o amo, ele sempre me ajuda.

— De certo que sim. Mas durmam em quartos separados. Quero você com suas irmãzinhas! - Mamã diz e aceno com a cabeça.

Subo para meu quarto e ponho algumas peças de praia em uma bolsa. Lembro-me de por o "biquíni", são como chamam nessa época as roupas de banho. Sorrio olhando para uma peça íntima e penso com segundas intenções. Coro só de imaginar. Não custa nada por dentro da bolsa.

— Então vamos? - Samuca nos pergunta assim que estamos todas prontas na sala.

— Vamos! - sorrio imaginando a noite que passarei com ele. Minhas irmãzinhas não vão nem perceber minha falta.

Samuca dirige em direção ao porto sorrindo, minha mão descansa sobre sua coxa. No banco traseiro temos duas viciadas em celular, não estão nem piscando direito. Cada uma com um celular na mão e a boneca nova no colo. Ele não existe! É o homem mais perfeito do mundo. Me desculpe meu pai, mas Samuel tem o título de homem mais nobre e romântico.

— Desde o Albatroz que não entro em um barco. - digo analisando a lancha estacionada no porto.

— Fica tranquila. Temos uma equipe especializada em segurança marinha tomando conta da gente. E estamos no Brasil, o máximo que pode acontecer é cairmos no mar e termos de nadar! - ele sorri pensando no congelamento.

— Oras, isso eu tiro de letra! - digo enquanto ele para o carro.

As meninas descem correndo, estão loucas por esse fim de semana em alto mar. Elas adoram aventuras e amam passeios, seja pra qualquer lugar que for.

Um rapaz uniformizado se apresenta. É o encarregado de nos acompanhar nesse passeio. Ele pega nossas malas no fundo do carro e leva para a lancha, que está mais para um iate. É muito chique!

Eu e Samuca caminhamos lado a lado em direção ao barco. As meninas já estão lá dentro e ficam pulando acenando para nós.

— Foi uma brilhante ideia convida-las de prontidão. Não teve nem como minha mãe se opor! - sorrio pensando na nossa noite.

— Por quem me tomas? Só quis mesmo um passeio com as gêmeas. Você que esta cheia de segundas intenções. - ele diz com a cara mais limpa que existe. É inacreditável.

— Ahm...Sei! - o puxo para andar mais rápido.

As meninas correm ao redor do convés do barco. Estão tão felizes por estarem em alto mar novamente, que não há nenhum trauma do nosso acidente que gerou nosso congelamento por 132 anos.

Samuca deixa nossas coisas nos quartos. Um iate com três quartos. Ele põe minha mala junto com a das gêmeas, elas podem implicar e acabar falando algo para mamã.

A tarde passa depressa entre risos e histórias. As meninas ficam vidradas enquanto Samuca conta inúmeras histórias sem pé e nem cabeça, com certeza todas criadas por si. Ele dará um lindo pai. Tenho certeza.

A noite cai, com isso um mordomo que eu não sei de onde surgiu, põe uma mesa ao ar livre, com um belíssimo jantar.

— Senhor Samuel, o jantar está servido. - ele nos avisa e se retira, como se não tivéssemos visto a mesa sendo posta.

— Obrigada, Carlos. Bom meninas, vamos? - ele nos convida. As meninas se animam e depressa estão sentadas na mesa. Samuca ri.

O jantar flui de forma calma, entre risadas e piadas. Minhas irmãzinhas estão adorando essa viagem, e eu mais ainda por poder ficar um momento com Samuca.

Tempos depois elas fecham os olhinhos com sono. Se despedem de Samuel e eu as acompanho para a cama. Me deito ao lado das duas e conto histórias. Em poucos segundos elas adormecem, e tenho certeza que terão uma noite de sono tranquila.

Volto para a deriva. Samuca me espera sem camisa, com a calça dobrada até o joelho e descalços. Observa o horizonte de forma calma, seus músculos brilham sobre seu corpo. É o homem mais bonito que eu já vi na vida.

— Elas dormiram. - eu passo meus braços sobre o seu ombro.

Ele beija minha mão e se vira para mim.

— Enfim sós. - ele sorri antes de me beijar. Um beijo calmo, mas cheio de desejos e emoções.

— Fica aqui um instante? Me espera! - ele para o beijo e se afasta.

Ouço uma leve música ao fundo. É a nossa música. Naked!

— Ei, você aí
Podemos ir para o próximo nível?
Querida, você se atreveria?
Não tenha medo
Porque se você pode dizer as palavras
Eu não sei por que eu me importo. - ele começa a cantar a música em português, quase um recital de poema.

— Meu amor ... diante desse horizonte que é o oceano - ele olha em volta - o primeiro lugar onde nos vimos, onde meus olhos encontraram os seus, onde eu descobri o que é o amor ... - ele não está fazendo o que eu estou pensando que está. - Você é a luz que ilumina os meus dias, é esperança nos meus dias sombrios e doce nos dias alegres. Eu tive certeza naquele momento, que eu te vi dentro do bloco de gelo, que você era a mulher da minha vida, e que eu jamais poderia viver um segundo sequer da minha vida sem você. - ele se ajoelha, meus olhos marejam e já não sinto mais minhas pernas - Quero que você seja minha, não como uma presa, pois é dona de si e isso é o que eu mais admiro em ti, mas quero que seja minha mulher, mãe dos meus filhos e avó dos meus netos. Casa comigo? Fica comigo hoje e para sempre? - ele abre a caixinha do anel, o anel de diamante amarelo, com o qual ele me pediu em casamento pela primeira vez. "Raro como você". Suas palavras ecoam em minha mente e já não consigo mais lidar com as lágrimas.

Ele me olha ansioso, com os olhos brilhando.

— De certo que sim! - sorrio e me jogo em seus braços.




(Êhh, até que fim! Se preparem que a fic dará um salto imenso, coisas maravilhosas estão por vir. O coração de vocês estão preparados?)

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