Capítulo 3

1.9K 52 2
                                    

|| MAROCAS ||

--- Namorar, Samuel? Não deu certo a última vez que o senhor... Que você... Quis me fazer a corte - tento deixar minha razão colocar minhas emoções em seu devido lugar.

- Marocas, dessa vez eu sugiro que a gente vá mais devagar, a gente não está correndo contra o tempo, não precisamos atropelar as coisas, podemos ir aos poucos, como as pessoas desse século.

- Eu não sou desse séc... - começo, mas Samuel coloca um dedo sobre meus lábios me interrompendo.

- Você não era de século, mas agora é, e você mesma já afirmou que está se adaptando. Quando uma mulher do século 19 poderia sair de sua casa para morar sozinha? Ou trabalhar, ou até mesmo fazer o que acabamos de fazer - ele sorri de lado e eu coro involuntariamente, abaixando meus olhos. Samuel ergue minha cabeça, fazendo com que nossos olhares se fixem.

- Você não precisa ter vergonha de nada, meu amor, - a forma como ele me chama faz meu estômago revirar em alegria e meu coração bombear mais sangue que o normal, ele não percebe essas sensações que me causa e continua falando - você é livre agora. A gente é livre, e podemos ser livres juntos. Eu não quero te perder de novo. E sei que você também não quer ficar longe de mim, eu sinto isso cada vez que a gente se torna um só. Se você não se importasse comigo, porque teria vindo me tirar da casa do Barão? - pergunta, me pegando novamente de surpresa.

- Porque temo por sua vida, oras. - respondo rápido.

- Porque você me ama, Marocas - ele fala e acaricia minha bochecha, o toque dele me trazendo um arrepio bom, os olhos dele transbordando todo o amor que sente por mim, o calor da pele dele ainda presente em cada poro do meu corpo, e eu decido que não há mais sentido em negar.

- Sim, eu o amo - ele sorri com um brilho nos olhos e eu não consigo deixar de sorrir também. Como pensei em um dia poder viver sem ele? Ele me beija, mas dessa vez um beijo calmo, como quem não tem nada a perder, sabe que sou sua. Ele corta o beijo e se encosta na cabeceira da cama, me puxando para que eu encaixe minhas costas em seu peito. Consigo sentir sua respiração em meu pescoço quando ele fala:

- Então estamos namorando?

- Samuel, como é namorar? - pergunto com esperança de que ele me explique esse costume um tanto quanto confuso.

- Bom, como vou te explicar isso? Namorar é ficar junto com a pessoa que a gente ama, se comprometer a estar somente com ela - fico confusa, seria somente uma mudança de nomenclatura?

- Como noivar?

- Na verdade não - ele ri e começa a me explicar - hoje em dias temos algumas etapas entre o noivado e casamento. As pessoas podem ficar, namorar ou noivar.

- Ficar? Ficar aonde?

- Ficar tipo ficar. Beijar, curtir a outra pessoa. Mas não necessariamente uma pessoa só ao mesmo tempo.

- Se envolver com mais de uma pessoa? - nunca os costumes dessa época deixarão de me surpreender. E nem sempre de forma positiva.

- Às vezes sim - Samuca continua pacientemente - mas aí se eles querem ficar somente com uma pessoa, namoram. E então, se eles decidem que querem ficar pra sempre com essa pessoa, noivam e se casam. - ele finaliza.

Viro minha cabeça para olhar em seus olhos.

- Mas da outra vez você me pediu minha mão em casamento, estávamos noivos. - eu lhe explico como se fosse óbvio.

- Porque eu sempre tive certeza que quero passar a vida ao seu lado - meu coração perde uma batida e eu esqueço como respirar - mas aconteceu o que aconteceu e eu acho que podíamos tentar diferente agora.

- O que meus pais irão pensar? - não consigo deixar de me preocupar.

- A gente não precisa contar pra ninguém, podemos namorar escondidos.

- Como escondidos, Samuel? Mentir é errado!

- Ninguém precisa saber que estamos juntos, não ainda. - percebo uma preocupação escurecer seus olhos - olha Marocas, a gente sabe que quem sabotou minha moto foi o Barão, mas não acho que ele tenha sido o mandante. Tem alguém querendo me matar, e temo que essa pessoa possa tentar machucar as pessoas que amo, podem tentar machucar você - sinto o medo estremecer sua voz.

- Você acha que podem tentar algo contra você novamente? - me desespero só de pensar que algo ruim pode acontecer a ele.

- Não sei, mas é uma possibilidade, e nós temos que pensar em todas.

- Então nos encontraremos às escondidas? Não me parece de todo uma ma ideia, ao menos não terei os ataques de fúria de sua ex noiva voltados a mim.

Ele sorri e me abraça. Meu corpo encaixa no dele como se tivéssemos sido feitos para estarmos exatamente ali. Ele nos separa somente o suficiente para que possa segurar minha cabeça entre suas mãos e olhar nos meus olhos.

- Minha namorada - ele diz. E eu sorrio, como uma adolescente dos romances que eu lia descobrindo o primeiro amor.

- Meu namorado - respondo - somente meu.

Ele morde os lábios e percebo que seus olhos desviam dos meus para mirarem em minha boca, e em menos de um segundo ele me toma em um beijo urgente. Sinto ele me deitar na cama e ficar sobre mim novamente. Todas as sensações se intensificando em meu corpo. Quando ele começa a descer seus beijos pelo meu colo, algo nos tira a atenção.

- Maroquitas? Maroquitas você está aí? Esqueci minhas chaves - Miss Celine bate incessantemente na porta.

Olho para o Samuca que se encontra totalmente pálido nesse momento. Ele se encontra sobre mim, em uma posição um tanto ousada, eu diria. Sorrio com a ideia do que fizemos há pouco tempo, e estávamos prestes a fazer novamente também. Samuca desperta em mim uma pessoa que eu desconheço, e que se me contassem antigamente eu jamais acreditaria.

--- Marocas, você está rindo? Me ajuda! - Samuca sussurra e eu não consigo parar de rir da atual situação que nos encontramos.

Ele levanta de cima de mim em um salto. Todo nu. Do jeito que veio ao mundo. Oras, ele possui um belo par de nadegas!

--- Marocas!! Depois você olha para a minha bunda, agora por favor me ajuda a sair daqui! - ele e desperta e não consigo não ficar com vergonha. Ele percebeu que eu estava a reparar sobre o seu bumbum.

---Ahn...sim! Saia pela janela, toma suas roupas - cato as roupas dele pelo chão e observo o estado em que o quarto se encontra.

Ele tenta começar a vestir e eu paro.

--- Maroquitas, você está aí? Estás passando bem? - Miss Celine retorna a bater na porta.

Samuca me olha incrédulo e pula janela a fora apenas de calções de dormir. Eu caio na gargalhada.

Baby Do You Dare? Onde histórias criam vida. Descubra agora