Capítulo 15

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|| MAROCAS ||

Estar aqui com o Samuel é incrível. Essa fazenda dele é encantadora, eu pude voltar um pouquinho ao meu século, sentir como se estivesse em casa.

Não tínhamos uma noite assim desde que nos tornamos um só pela primeira vez. É diferente, sensível. Podemos nos curtir apenas pelas nossas emoções, pelo nosso amor. Nos pertencemos de uma forma única.

Acordo com Samuel me observando. Seus olhos estão fixos em mim, e tem tanto amor nele, que não consigo imaginar como ficamos tanto tempo separados. Pareceu uma eternidade.

— Bom dia, Bela adormecida. - ele diz com um sorriso lindos nos lábios.

— Bela adormecida? Você também, Samuel? - indago, lembrando da fala irônica de Senhorita Betina.

— É um conto de princesa, só isso. Vou te levar para conhecer o mundo dos sonhos, o que acha? - ele diz.

— Eu não entendi nada. Mas com você, meu amor, eu vou a qualquer lugar. - digo e lhe dou um selinho.

Ele sorri e retribui.

— Qualquer lugar mesmo? - ele levanta uma sobrancelha.

— De certo que sim!

Ele levanta da cama sorrindo, e só aí que eu vejo suas caixas em cima da mesa. Caixas muito belas. Fico logo curiosa para saber o conteúdo.

— O que é isto? - pergunto.

— Abre! - ele estende as duas caixas, pondo em cima da cama.

Eu me sento para conseguir ver melhor. Abro a primeira caixa e me deparo com um lindo par de botas de couro. Totalmente costurada a mão.

— Nossa, é linda! Obrigada, meu amor. - eu lhe agradeço pelo presente. - E esta outra?

— Uma coisinha para usar com as botas. - ele diz rindo torto, aí tem.

Quando abro a caixa me deparo com três calças femininas de modelos diferentes.

— Calças? Mas Samuel, eu sou uma moça. Apenas os homens usam calças! - eu lhe explico, mas achei que ele já soubesse disso.

— Não, não! Olhe o machismo! Neste século, todas as mulheres usam calças. E vai combinar com suas botas, gostaria de te ver vestida em uma. - ele me pede de um jeito nobre.

— Ham..não sei se é certo! - fico meio sem jeito, não é da minha época mulheres usando calças.

— Por favor! Vamos montar cavalo mais tarde, gostaria te ver assim, uma garota total do século XXI. Não fere sua feminilidade em nada, ou fere?

— Oras, de certo que não! - digo. - Tudo bem, eu tentarei usar! - Samuel abre seu melhor sorriso e me beija.

— Então vamos comer, que temos um dia lindo e cheio pela frente. - Ele levanta pulando da cama como uma criança feliz e eu sorrio, pensando no menino que Samuel foi um dia e que ainda mora dentro dele.

Somos recebidos com um desejum do jeitinho que eu lembrava que era em minha antiga casa, o pãozinho recém saído do forno, o leite quentinho direto da vaca, queijos e manteigas feitos ali mesmo, as frutas fresquinhas, sem o gosto dos diversos produtos que colocam nelas nas cidades. Me sinto tão feliz, nada poderia estragar esse momento que Samuel me proporcionou, nem mesmo meu medo de vestir aquele traje que ele me deu.

— Vamos lá, senhorita calça, seja boazinha comigo. - Digo, já de volta à nosso quarto, olhando aquela peça largada na cama. Pego ela em minhas mãos, sinto o tecido. Me parece um tanto justo, duro. Sento na cama e tento encaixar minhas pernas dentro das pernas da peça. Quando as duas já estão encaixadas, levanto, perdendo um pouco o equilíbrio, e puxo elas em direção à minha cintura. Sinto quando ela encaixa em minha intimidade, fazendo pressão com minha roupa íntima. Como as mulheres conseguem achar isso confortável? Uso o botão e o zíper (adoro essa invenção, diga-se de passagem) para fechá-la em minha cintura. Encontro em meio às roupas que eu trouxe uma blusa que ficará boa com essa tal de calça. Visto as botas que Samuel me deu e me olho no espelho que fica ao lado do armário de roupas. O que vejo me deixa boquiaberta. Será que sou eu mesma? Olho para minhas pernas, bunda e cintura e não posso deixar de pensar que nem eu mesma sabia que tinha essas curvas. Os vestidos são deveras confortáveis, mas é impossível saber que tipo de mulher eles escondem. Não desgosto do que vejo, mas sinto uma vergonha me invadir. Claro que Samuel já me viu por completo, despida, mas não quero que outros homens consigam me ver da mesma forma. Uma batida na porta me tira dos meus pensamentos.

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