Capítulo 21

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(N/A: narração Alexander)

Inconsoláveis.
O estado das mães de Cam e Eron.

Por um lado eu as entendia, os jovens haviam sumido há semanas, e do nada aparecem mortos. Em particular a morte de Eron foi bem cruel. Mas isso significava que os únicos no jogo agora erámos, Magnus, eu, meu mestre e um grupo de querubins.
A família de Avalon estava fora do jogo, pois eu sabia que para meu mestre, Eron e Cam eram apenas peões, e se lhe interessasse, ele os teria salvo. Mas os laços foram rompidos. Porém permaneci com a família, até o enterro dos corpos, então peguei o avião para a Alemanha, ainda tinha que ir a floresta negra, como meu mestre ordenara.

Deveria encontrar Demetrios, o guardião da floresta negra, irmão mais velho de um certo servo do Lorde Lucios.

Demetrios era o pai de todos os magos, ele foi o primeiro a introduzir a magia nesse plano, teve muitos aprendizes, mas preferia sempre morrer e renascer cada vez mais forte. Seu irmão caçula, Kaleb, nasceu 500 anos após Demetrios, que pensava que seu irmão morreria, porem Luciana, a irmã de eu mestre, queimou toda sua aura e deu a luz à Kaleb.

Demorei a acreditar, mas era a pura verdade, Demetrios e Kaleb eram filhos de Luciana, falecida irmã caçula de meu mestre.

Kaleb por fim acabou se tornando o padrinho de Laycan, enquanto Demetrios preferiu o isolamento, vontade essa que logo chegou ao irmão, e ambos se isolaram em florestas perigosas, assustadoras, traiçoeiras que serviam de casas para todo e qualquer tipo de espécie de criatura viva.

Mas focando em Demetrios, o mesmo fora um guerreiro formidável, treinado pelo próprio Lucios, mas que possuía o espirito selvagem de Luciana e não se curvou ao tio, que contrariado, porém orgulhoso, o deixou seguir seu próprio caminho.
Ele era um rastreador e me ajudaria a achar Apollyon, e leva-lo até meu mestre.

_ou não... – murmurei cansado.

O voo foi cansativo para minha casca humana recém afetada pela presença de meu amo. Descansei no hotel onde havia uma trilha na floresta. Lá era o melhor lugar para encontrar o caminho que me levaria ao meu destino. Mas não seria fácil.

Demetrios comprara aquelas terras e construíra o hotel, tendo como lazer, algumas trilhas na floresta, mas isso tudo era apenas distração. O mesmo provavelmente já sabe que estou aqui e a mando de quem. E sou capaz de apostar que ele se recolhe propositalmente na sua cabana no meio da floresta, apenas para se divertir, vendo-me arrastar-me por entre as árvores.

_ou não! – sua voz despertou-me de meus devaneios. Era ele. Estava deitado ao meu lado na cama.

_achei que me faria entrar na floresta atrás de você! – permaneci deitado na cama e de olhos fechados, ciente da presença dele.

_confesso que era minha intenção inicialmente... – sorriu maroto – mas a situação não permite brincadeiras! Meu otouto entrou em contato... Laycan e Alyra estão com ele. Fugiram do local, onde foram encontrado os corpos de Eron e Cambriel, ao que parece, Lay usou a pulseira que meu irmão deu a ela.

_sim...

_mas diga-me, porque Lucios quer que encontremos Apollyon?

_ele está ajudando Magnus...

_que está procurando a filha, Alyra, e consequentemente atrasa Lay de encontrar o pai! Entendo...

_ótimo!

_vou deixá-lo descansar, continuaremos mais tarde!

_obrigada Demetrios!

_você está acabando, meu anjo! – zombou, e levantou-se e então se foi.
Aos poucos deixei que o sono me dominasse. Estava casando, o passar dos anos fez com que eu me sentisse cada vez mais como humano, do que como qualquer outra coisa. Estava ficando velho.

_sim, meu amigo, nós estamos! – algo ecoou dentro da minha mente. Estava sonhando. Aquilo era um sonho, mas... – ora, Alec, você sabe que eu posso muitas coisas!

_mestre...

_oh, sim!

_o que faz em meus sonhos, meu Lorde? – perguntei a ele que estava com um terno impecável, preto, descalço em cima de uma rocha, observando o céu. Estávamos na entrada uma clareira – esse lugar... – eu o reconheci.

_foi aqui que nos encontramos pela primeira vez!

_meu Lorde, já estava acompanhado de sua irmã e alguns seguidores... – ele sorriu.

_enquanto você estava com as assas e todos os ossos do corpo quebrados! – eu sorri.

_foi piedoso, meu Lorde...

_ora piedoso! – revirou os olhos – você sabe que eu já via o guerreiro que você viria a se tornar! O meu único guerreiro... O mais leal! O único eu me salvou da morte, das mãos de arcanjos, querubins, hashimalins, várias e várias vezes...

_da mesma hora que, meu Lorde, fez comigo todas as vezes que estava prestes a morrer! – ambos sorrimos.

Aquilo não chegava a ser nem o começo do que fizemos um pelo outro. Quando ele chegou à conclusão de que precisava de um herdeiro, para dividir a alma, escolhemos juntos quem seria, a mesma que depois viria a ser minha esposa, apenas para continuar cuidando da criança. Eu estava lá quando o ato em si aconteceu. “Era necessário” repetíamos a nós mesmos.

Eu era a sombra, cujo o dono do corpo era ele. Chama-lo de Lorde, Mestre, Amo, eram apenas meros detalhes, meras falas para manter uma capa. De Senhor e servo. Erámos mais que isso.

_sim, sempre fomos mais... – ele sorriu. Continuava olhando o céu. Estava claro ainda – você já falou com Demetrios, sim...

_sim!

_houve uma mudança de planos! Preciso que leve ele até o irmão! – eu o olhei confuso – já começou! Belfier declarou guerra! Todos estão levando seus soldados para o Monte Sião, tão dramática a escolha, mas será lá o ponto de colisão!

_qual nosso papel?

_colocar um ponto final nessa teia bem tecida de mentiras, meu querido...

_e depois? – uma brisa levantou algumas folhas ao nosso redor. Ele continuava olhando para o céu, de costas para mim.

_ainda temos alguns milênios até o fim de tudo... Vamos deixar o depois, para depois! E ver o que acontece!

_Lucios... – o chamei como sempre.
_sim, Alec!

_gostaria de caminhar um pouco? – ambos sorrimos.

_é claro!

Com elegância, ele desceu da rocha e pousou ao meu lado. Ambos, estávamos em nossas formas angélicas, começamos a caminhar em direção a clareira. Ali um dia era o lugar de uma cratera, onde eu me encontrava, após a queda. Onde ele me encontrou.

_nós nos encontramos... – esbarrou no meu ombro devagar – nós! – corrigiu-me.

No final... Ele sempre tinha razão.

Segredos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora