(N/A: narração Laycan)
Quando acordei não estava em nenhum lugar conhecido, mas era muito confortável. Meu corpo parecia casando e eu ainda estava sonolenta, ainda confusa com os pequenos fragmentos do sonho mais louco de minha existência.
Sonho On
Eu estava semiconsciente, mergulhada em algo que parecia... Gelatina? Tudo ao redor estava escuro e ao longe e podia ouvir o som de uma cachoeira. Apesar de eu estar sozinha, de tudo estar escuro e frio, eu não me sentia com medo, ao contrário, me sentia estranhamente feliz, como se abraçada por alguém, confortada nos braços de alguém. Da mesma direção que vinha o barulho, algo parecia me puxar, fazendo com que eu me aproximasse do que parecia uma cachoeira, mas conforme eu ia me aproximando do local, o som foi mudando completamente e só então eu percebi, que nada verdade, era chuva.
Vindo de cima um enorme clarão cegou-me temporariamente, mas assim que meus olhos se acostumaram à repentina claridade, encontrei-me num cenário completamente estranho e familiar ao mesmo tempo.
Era um enorme jardim de um casarão antigo e rustico, não possuía cor certa, apenas a cor da madeira envernizada com a qual fora construído há anos.
Havia toda variedade de flores, colorindo o jardim, arvores de cerejeiras ao redor, com flores de sakuras flutuando pelo ar com a força do vento. O local era extremamente tranquilo e mesmo com a pequena e fraca chuva que ousadamente caia umedecendo a terra.De repente uma garotinha saiu correndo pela porta da frente. Tinha no rosto um enorme sorriso, mas o que me deixou realmente boquiaberta, foi o fato de que aquela garotinha, era eu. Longos cabelos brancos, pele alva e olhos azuis profundos... E a pulseirinha que eu ganhei de presente da minha mãe. A garotinha corria alegre, enquanto erguia as mãos para o céu, deixando-se molhar pela chuva, ela vestia um longo vestido azul marinho de alcinhas.
Então um homem surgiu no horizonte, ele era um anjo, sem dúvidas, pois voava rápido, de maneira magnifica. Rapidamente se aproximou e com um baque leve tocou o solo. Ele vestia calça escura, camisa social igualmente negra e estava descalço. Seu rosto, assim como suas mãos e pés, eram pálidos, seus lábios carnudos avermelhados se mantinham em linha reta, deixando sua expressão neutra, suas longas madeixas negras lisas caiam por sobre seu ombro e alguns fios rebeldes lhe cobriam o rosto, escondendo seus olhos azuis magníficos e hipnóticos... Iguais aos meus, iguais aos da garotinha.
Ele andou a passos lentos e firmes até se aproximar da garotinha, que correu ao seu encontro e com um pequeno pulo, foi para o colo dele, que a abraçou.
_que saudade de você! – ela falou com a voz doce e macia.
_eu também pequenina... Mas estou aqui agora! – ela sorriu aparentando uma enorme alegria.
_porque não chama sua mãe? – ele a colocou no chão e a menina correu para o casarão chamando a mão.
_mamãe, mamãe! O papai chegou! Ele chegou! – sua voz ecoou dentro da casa.
O cenário sumiu quando pisquei, e então eu me encontrava dentro do casarão, mais precisamente na sala de estar, muito bem mobilhada por dois sofás de veludo, uma mesinha de centro rustica, talhada a mão, tapetes que pareciam antigos com belíssimas estampas. Havia uma lareira, vários candelabros iluminando o local com velas. O ar era um pouco frio com um cheiro amadeirado misturado à canela.
Novamente a garotinha surgiu na minha frente, mas agora ela dormia tranquilamente nos braços do homem, que eu vira antes. E minha mãe o observava de longe, apreensiva e nervosa.
_sua filha estava enlouquecendo por sua ausência! – minha mãe falou ao homem, que ao que tudo indicava era meu pai.
_sim... Laycan acabou se tornando mais do que deveria ser... – ele murmurou olhando a garotinha que agora eu tinha certeza ser eu.
_vai matá-la? – ele a olhou furioso após essa pergunta, fazendo-a se encolher.
_claro que não! Não seja estúpida! – bradou irritado – é minha filha!
_é minha também...
_você nem a queria...
_você me forçou... – murmurou, deixando-me chocada. Ele a tinha tomado a força? Ela nunca me quis?
_cale-se! Pouco me importo com você! Meu interesse é nela, é meu sangue que flui em suas veias, e não o seu Shamira! – rebateu.
_você é um monstro... – ele sorriu.
_eu a mantive viva, quando você quis matá-la! Você não a ama! Nunca a amou! Você a olha com nojo... É por isso que ela nunca será sua! – levantou-se comigo no colo.
_o que vai fazer?
_preocupada? – zombou – ela é minha única filha e virá comigo!
_não! – protestou, mas ele a olhou indiferente.
_sua opinião não é do meu interesse! – virou-se e caminhou a passos firmes até a porta.
Saiu levando-me consigo nos braços, e minha mãe ficou apenas olhando, com uma expressão de medo, alivio, surpresa e dor... Mas não fez nada.
Sonho Off
Acordei depois de descobrir que Alec não é meu pai.
Meu pai é um anjo de asas negras esplendidas. Decidida levantei da cama, com as pernas ainda pesadas, meu corpo ainda tomado pelo sono.
_você devia permanecer na cama! – uma voz firme ordenou, e eu sabia a quem pertencia aquela voz.
_Eron... Eu estou bem! – falei com a voz falha por causa da falta de uso, e do recente trauma na minha traqueia.
_você quase morreu...
_você me salvou!
_quase não consegui...
_eu estou aqui! Significa o seu sucesso! – ele suspirou e sorriu.
_quer me contar algo? – ele foi direto ao ponto.
_não esqueço que você pode ler mentes... – ele sorriu e permaneceu encostado no batente da porta.
_então Laycan Del Angels, é um anjo, ou melhor, uma anja! Você está bem com isso?
_ainda não sei... Estou tentando entender o que aconteceu....
_e o mais estranho, é que você não age como um anjo... Aposto que nem sabe voar...
_eu nem sabia que tinha asas... – brinquei – ei, você parece bem, já saiu da abstinência?
_você notou? – perguntou surpreso.
_claro! Você estava muito irritadiço e sério, e cansado...
_ok, já entendi! – revirou os olhos.
_onde nós estamos? – sentei-me melhor na cama.
_na nossa casa de praia! – sorriu e eu o olhei mais perdida que cego em tiroteio.
_mas é o que? – ele gargalhou alto.
O que eu tinha perdido por ter dormido um pouco? Oh, meus querubins!
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Segredos Entrelaçados
PertualanganDesde o princípio dos tempos, seres sobrenaturais andam pelas sombras. Eles começaram a existir, após a queda dos anjos. Muitos dos ajnos não seguiram a Estrela da Manhã para o Sheol, e ficaram vagando por sobre a terra, e com isso começaram a se en...