Tem lésbicas, tem gays, tem uns 3 heteros perdidos, tem droga, tem tiro, tem gangsta, tem charlatão, tem enfermeiras e médicas, tem tortura, tem vingança, tem torta de limão, tem tudo.
Mas o que?.. estou em estado de choque; assim que o celular desliga, meu cérebro tenta entender toda a informação que foi jogada. Respiro fundo várias vezes para tentar relaxar, minhas mãos tremem de medo, meu olhos estão arregalados e estou suando frio.
Tenho certeza de que estou pálida. Eu acabei de ser ameaçada? pelo "amigo" da Dóris? Logo a lembrança do Colin e do Adam falando sobre esse tal de Michael surge, o que lembro não me tranquiliza, pelo contrário, me deixa mais apavorada ainda. Vamos por partes.
1) ele é perigoso 2) ele gosta da Dóris 3) ele me ameaçou 4) ele dormiu com a Dóris 5) ela assumiu que estava apaixonada
Merda. Informações demais.
Apesar de estar morrendo de medo, uma coisa muito mais forte e profunda remexe meu estômago. Eles dormiram juntos, e eu tenho certeza que não ficaram somente dormindo. Lágrimas enchem meus olhos. Lembranças da noite anterior me quebram. Dóris falou que estava apaixonada enquanto me enforcava.
Isso é tão doentio.
Ela é doente.
A lembrança de como ela estava me teletransportou para a época em que meu pai ficava drogado e bêbado a maior parte do tempo, meu coração pesa. Nunca imaginei que pudesse sequer conviver com uma pessoa que se droga por causa do meu passado, mas, como sempre, Dóris é uma enorme cláusula de exceção.
Me encontro no maior dilema que poderia ter. Eu vou lutar pela Dóris? Ou seria melhor desistir? Depois de tudo que aconteceu, levando em conta a ameaça, acho que está claro que caminho seguirei. Choro silenciosamente encostada na porta da van.
Dóris
Sinto beijos pela extensão do meu pescoço e solto um riso baixinho.
- Para, tô com sono - resmungo baixo esperando a Volúpia parar, mas torcendo para que não pare.
Espere, como cheguei aqui? Onde exatamente é "aqui"?
Abro os olhos rapidamente e sento, assim que meus olhos se encontraram com os olhos escuros de Michelangelo lembranças da noite anterior me enchem de raiva, tristeza e principalmente de arrependimento.
- Merda, eu preciso me desculpar com a Volúpia - falo colocando minha roupa. Estava prestes a sair do quarto quando o Michelangelo me puxa e começa a gritar.
- VOCÊ ESTÁ DE SACANAGEM? DEPOIS DA NOSSA NOITE VOCÊ AINDA CONTINUA PENSANDO NESSA GAROTA!? - reparo que meu celular estava em sua mão, arranco ele dela e saio sem olhar para trás.
Assim que entro no táxi, vejo meu celular e encontro várias ligações perdidas, entre elas uma foi atendida. Droga. Michael atendeu a Volúpia.
O que ela deve estar pensando? O que ela deve estar sentindo? Eu a deixei chorando depois de falar um monte de merda para ela, como se não bastasse ainda bati nela. Porra! Nunca vou me perdoar. Lembrar de seu olhar, de seus sussuros implorando para que eu não a machucasse, faz meu coração se partir, dói tanto saber que eu a feri por ciúmes.
Por um ridículo ciúmes!
Fecho os olhos e quase consigo sentir seu cheiro.
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