Capítulo 22 - Fitghing!

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Dóris

6 meses.. 6 meses sem a Volúpia... 6 meses com o Matt "morando" comigo tentando me animar... 6 meses tendo pesadelos e chorando... 6 meses sofrendo, vivendo incompletamente.

Eu nunca pensei que amar fosse tão doloroso.

O amor te enche de alegria e de esperança, mas quando ele se vai, leva tudo consigo e te deixa numa poça de dor e desilusão.

- Okay. Já chega. - Levanto a cabeça surpresa por ver Colin e Adam no meu apartamento. - Todos nós estamos preocupados com a Volúpia. Sentimos a falta dela. Precisamos dela, a banda precisa dela. Mas ficar com esse seu traseiro gordo esparramado no sofá não vai adiantar nada. - Colin aponta em desdém na minha direção.

Levanto um pouco a minha cabeça para olhar a minha bunda. Traseiro gordo? Jogo meu cigarro dentro da latinha de cerveja e deixo minha cabeça cair de volta na almofada.

- Como diabos vocês entraram aqui? - Pergunto com a minha voz sendo abafada.

- Pela sua porta que estava fodidamente aberta. - Colin me agarra pelos ombros e me obriga a ficar sentada- Tão fodida quanto você. - Diz com as sobrancelhas franzidas enquanto faz um escaner em meu rosto.

- Steven disse que você não vai ao bar por um bom tempo. - Adam dá um passo para frente e quase ocupa todo o espaço da sala.

- Vai acabar perdendo o seu emprego se continuar assim. - Colin senta do meu lado ainda me encarando.

- Eu sinto a falta dela. - Digo com os olhos fechados procurando entre a fresta do sofá por algum cigarro perdido.

- Eu sei que sente. Pelo menos sabemos por Daryl que ela está bem.

- Como alguém pode estar bem nas mãos de uma psicopata?! - Levanto frustrada ainda a procura de um cigarro.

- Ai meu Deus! - Escuto a voz do Adam vindo da cozinha e do nada ele reaparece na sala com segurando uma calcinha com um garfo e de baixo do outro braço uma cesta. - Oque caralhos você tava pensando quando deixou essa calcinha largada encima do fogão?

- Era da Volúpia. - pego a calcinha para sentir a renda sob os meus dedos.

- Se você cheirar ela - Fala apontando o garfo na minha cara - eu te interno.

- Vai pro caralho. - Resmungo

- Dóris, por favor. Você precisa tomar café. - Me afasto bruscamente.

- Você não sabe o que eu preciso - falo conturbada com a Volúpia na minha mente. - E se mandem daqui, vocês não são bem vindos - Colin se levanta e caminha na minha direção com um olhar de vadia pedinte. Sem paciência, agarro cada braço dos dois e tento os empurrar para porta. Só tem um problema, eles não se movem - ESTOU EXPULSANDO VOCÊS. SAEM - quando eles continuam sem se mover, eu suspiro e resmungo - Incrível como não tenho moral nem na minha própria casa.

- Você não pode continuar assim. Seus olhos estão fundos e suas bochechas... isso nem pode considerar uma bochecha - Colin segura meu braço.

- Você não sabe o que eu preciso. Eu só... quero que isso pare. - quando seus braços me envolvem, eu começo a me debater em busca de ar. - Isso dói tanto... tanto, eu quero que isso pare, eu não posso... eu não posso - me jogo no chão e seguro meu peito fortemente como se fosse aplacar a dor do meu coração e ele cai comigo abraçando-me.

- Eu sei que é difícil, mas precisamos de você também, Dóris. Não posso te perder também, não posso - ele me abraçava forte, com medo de que eu partisse.

- Eu não consigo. Por que eu só amo quem me faz mal? - Ele acaricia meu rosto ou está limpando minhas lágrimas? Bom, não importa. Seu olhar se suaviza e me transmite um calor, é como se estivesse dizendo "eu entendo sua dor e tô com você até o fim".

- Nós aceitamos o amor que achamos merecer, mas nós dois sabemos que não é o caso da Volúpia.

- Eu preciso dela, e isso é tão cansativo, ela não está aqui e eu não consigo aceitar. - Agora estou soluçando, e não consigo parar.

Junto todas as forças que me restam e me levanto, estamos sozinhos na sala. Subo para o quarto sem olhar pra trás.

Por conta do seqüestro da Volúpia a banda acabou atraindo a atenção.

Acho melhor eu resumir oque aconteceu anteriormente nessa porra.

1 - Banda ficou famosa

2 - Volúpia está com uma mafiosa cretina, vagabunda, piranha, desgraçada.

3 - Não conseguimos falar ou se aproximar dela pq ela está mais protegida que aquela mulher lá. A rainha Bernadethe. Ou seria Claudethe? tanto faz porra.

E número 4 - A polícia fechou o caso da Volúpia porque chegaram a "conclusão" que ela tá com aquela Jararaca por livre e espontânea vontade. Resumindo, a cobra tem contatos na polícia.

Pela primeira vez em meses, me olho no espelho. Engulo seco. As lágrimas caem, a consequência dos pesadelos e das drogas estão aparente nas minhas olheiras, minhas bochechas antes vivas e coradas, estavam finas... fundas. Meus cabelo tem tanto nó que se o João de barro visse, ele com toda a certeza o confundiria com sua casa.

Tiro minhas roupas, entro no banho e me lavo. Minhas lágrimas caem, meu coração se parte enquanto eu o imploro para se reconstruir. Tento achar nas lembranças a esperança que eu preciso para procurar pela Volúpia, a esperança que só ela tinha.

Saio do banho e vou em direção ao armário. Escolho uma calça e uma blusa branca. Uma memória fresca me veio a mente, cheiro a blusa enquanto sorrio com a lembrança dela a tirando para mim.

Quase consigo sentir seus toques, seus beijos e seus sussuros que continuam mais frescos que nunca em minha memória.

- Volúpia, onde quer que você esteja, eu vou te encontrar.

Olho novamente no espelho e só mudou o aspecto oleoso da minha pele.

Penteio meus cabelos mecha por mecha, lembrando-me dá Volúpia sorrindo enquanto passava shampoo em mim.

Saio do quarto e encontro uma foto virada pra baixo, era dá Volúpia, sorrindo com os braços pra cima em uma praça. O pego e admiro ela um pouco mais.

Coloco visivelmente seu retrato e desço respirando fundo.

Os três patetas estavam sentados olhando tensamente um para o outro.

- Ou, três patetas? - pego uma maçã e me obrigo a comer. - Vamos, temos uma pessoa para achar. E acho que sei por onde começar.

Is it Love? Dóris  Onde histórias criam vida. Descubra agora