Capítulo 41 - Isso é realmente o fim?

90 6 1
                                    

O dia estava frio e chuvoso.

Do jeito que ela gostava.

Fico na frente da Dóris, sendo separado pelo caixão preto de nosso amor e motivo de nossa tristeza. Dóris segura um buquê de tulipas e coloca sobre o caixão com a mão tremendo. Volúpia sempre falava que se um dia tivesse uma filha o nome dela seria tulipa. Adam, Colin e Lisa se encontram em seu lado, a protegendo da chuva com seus guarda-chuva. Já eu, estou totalmente desprotegido. A água bate com força sobre meu corpo fazendo as roupas grudarem nele. Como eu pude ter sido tão mesquinho? A última vez que vi ela foi no aeroporto com um sorriso estupidamente falso. Chega a ser incrível como era ela um livro aberto. Choro silenciosamente tendo as minhas lágrimas varridas pela chuva. No bolso do meu casaco, seguro um boneco vudu horroroso que ela me deu em uma de nossas viagens só porque eu me caguei de medo assim que o vi. O aperto com força tentando passar um pouco do que estou sentindo para ele.

A pequena Lua sai por um estante de perto da Dóris e coloca um pacote de jujubas junto com as flores. Com esse pequeno gesto solto um soluço e vejo que não foi só eu que recebi esse impacto mas também os meninos junto com Lisa e a Dóris. Éramos como uma família. Uma família unida. Que se conhecia e que se ajudava. Voltei assim que Daryl me ligou. A chuva para de bater em meu corpo, e então, sinto uma presença do meu lado. Angelina segura um enorme guarda-chuva preto e olha fixamente para o nada.

- Porque a máscara? - Pergunto olhando para a máscara preta que cobre sua boca. Agora percebo também que ela prendeu o cabelo e colocou um boné, junto com um óculos de sol. - Não quer que te vejam.

- Acha mesmo que sou bem-vinda aqui?

- Então porque veio?

- Pelo mesmo motivo que você. - Depois de um tempo ela olha para meu rosto - Eu não consegui protege-la no final das contas.

- Ainda não consigo acreditar que aquele desgraçado matou a própria filha por dinheiro.

- Nós vingamos sua morte. - Diz olhando para Daryl. - Ele não conseguiu levar seu dinheiro pro túmulo no final das contas.

- Ele sofreu? - Pergunto com a voz tremendo e isso faz ela me olhar com curiosidade.

- Até o último segundo. - fico assustado com a tranquilidade que ela diz essas palavras. Mas também fico mais ainda por ter gostado de as ouvir.

- Então...

- Também demos um jeito em Marcos. Foi ele o mandante. Agora eu controlo seu território.

- Uma mulher de negócios. - falo sarcásticamente.

- Uma mulher de negócio. - repete também zombando. Ela olha para Dóris e então para o caixão. Tem algo de estranho com ela. Porque ela parece tão tranquila? É como se ela estivesse vendo o enterro de um desconhecido. Isso me incomoda - Sempre imaginei como iria ser quando o quarteto amoroso se unisse. Mas não achei que fosse ser assim. Ela deve estar se revirando no caixão agora. Me falou uma vez que não gostaria de ter um enterro, mas sim, ser cremada e ter as cinzas jogadas no mar.

- Isso é bem a cara dela. - quando o enterro acaba ficamos parados. Olhando para o local enquanto as pessoas vão embora. Paro na frente da Dóris e sem dizer nada a abraço compartilhando de sua dor. Estou sentindo o mesmo que ela. Estou provando a dor de perder o amor da minha vida. Mesmo que ela não saiba. Desfazemos o abraço e ela me olha como se estivesse escrito "Eu sei" em seus olhos. Seus lábios roxos pelo frio trincam e ela parte após dizer:

- Todos nós sabíamos.

- Whisky? - Angelina aparece do meu lado quando Dóris fica a uma distância aceitável.

- Whisky. - a acompanho pela chuva e olho para trás mais uma vez.

Nunca se sabe oque vai acontecer.

Is it Love? Dóris  Onde histórias criam vida. Descubra agora