Capítulo 12 - A declaração

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Noite de comemoração do final da Turnê part 2

Volúpia

Danço na pista me sentindo mais leve que um fio de cabelo. Mexo minha cintura e meus braços de uma lado para o outro, passando as mãos em meu cabelo e em meu corpo. Sinto como se a minha pele fosse a mais macia do mundo. Dou um giro com meu salto alto esmeralda e agarro o décimo copo de algo que pode ser tudo, menos o nada.

Foda-se os romances. Eu não preciso deles, aliás, eu tenho dedos. Dedos mágico, meu clitóris disse. Viro o líquido de uma vez, já não sentindo a queimação dos infernos que senti no começo. Meu paladar foi completamente destruído apenas no segundo copo. Essa merda tem gosto de bosta e óleo diesel. E não, eu nunca provei bosta, muito menos óleo diesel. Vou para o canto da sala com o meu corpo balançando involuntariamente ao som da música. Meus olhos se encontram com os da Dóris. Olho para seu corpo coberto apenas por um vestido brilhosos curto e verde escuro, que aliás, fica maravilhosamente bem em seu corpo de deusa grega. Passo a língua por meus lábios em um impulso e os mordo forte em uma tentativa inútil de reprimir oque sinto. Vou em sua direção com a minha mente gritando "PELO AMOR DA SUA VAGINA E SEU POBRE CORAÇÃO NÃO NÃO NÃO VÁ" e meu corpo gritando mais ainda "SIM SIM SIM FODA-ME ATÉ MINHA PERSEGUIDA FICAR IRRECONHECÍVEL"

- Volúpia. - Ela susurra olhando para minha mini saia jeans desbotada e logo seu olhar sobe para a minha blusa branca transparente.

- Dóris. - minha voz acaba saindo mais rouca que o esperado. Ficamos nos comendo com os olhos por um bom tempo até que ela rompe o silêncio.

- Preciso falar com você.

- Eu sei que precisa. Só que eu não quero.

- Então oque está fazendo aqui?- Ela me interroga levantando a sobrancelha. Droga! Dessa vez ela me pegou. "Bom, é que talvez eu tenha bebido demais e meu corpo se recusa a escutar meu cérebro me dizendo para me afastar de você"

- Bom... é que... - Toda a frase que formei em minha mente se despedaça no caminho e eu acabo cuspindo apenas o vestígio de sua destruição. Com uma expressão indecifrável, Dóris se aproxima de mim colando nossas testas. Fecho os olhos com esse contato, e me concentro em nossa respiração que nos envolve em uma bolha.

Já não escuto mais a música, já não vejo as pessoas. Tudo se resume em nossos narizes se esfregando, em nossas respirações entrelaçadas e nossos ombros que sobem e dessem tão rápido quanto um foguete. Já tinha até me esquecido de como sua presença mexia comigo. Abro os olhos e mergulho em sua profundeza sobrenatural. Não. Eu preciso subir, tento boiar mas não consigo. Eu vou me afogar, toco em seus ombros, eu estou me afogando.

Denovo.

Eu deveria aprender a nadar, suas mãos possam em cada lado de minha cintura, eu preciso aprender a nadar. Mas parece que me afogar não é o suficiente para me fazer aprender com os erros, pois, sempre que vejo uma onda forte eu me jogo nela sem pensar duas vezes.

Dóris, é a minha onda e o nome de meu suicídio.

- Volúpia. - Me arrepio sentindo sua mão quente em minha coluna. Ela é a água que me afoga e o fogo que me queima. Seu nariz encosta no meu pescoço e eu reprimo um suspiro.

Engoli mais água.

Seus lábios depositam um beijo molhado no outro lado do meu pescoço.

Estou em chamas.

Agora, ela me puxa para mais perto, deslizando sua coxa entre as minhas pernas.

Engoli tanta água que sou 100% H2o.

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