Capítulo 15 - O pedido

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Colin

- Está feliz? - Pergunto abraçando o Adam por trás enquanto o mesmo olha para a loja quase toda arrumada.

- Muito, é um sonho se realizando - diz sorrindo e empolgado

- Fico muito feliz por isso. Que tal comemorarmos lá em casa hoje? - Falo mordendo sua orelha o fazendo ofegar.

- Se quiser que eu more com você me avise antes para pegar minhas coisas - fala brincando virando para mim.

- Morar com você? Minha casa vai virar um lixão - falo revirando os olhos e tentando ignorar a queimação que surge na boca do estômago.

- Para eu sou MUITO organizado. - Fala enfatizando com os dedos.

- Você claramente não viu como deixou a casa hoje.

- A culpa foi toda sua que queria.. aproveitar os cômodos da casa - fala corando e desviando os olhos. Dou risada.

- Ainda quero - mordo seu pescoço mas ele me empurra ainda vermelho.

- Vai pegar as últimas caixas vai Colin. - Me afasto gargalhando.

Quem iria imaginar que eu realmente quero compartilhar meu apartamento com alguém? Se bem que, no fundo, meu coração diz que é só para o afastar do Owen. Suspiro. Isso tudo é uma merda. Cada dia que passa que eu sinto uma necessidade do Adam e ao mesmo tempo um medo cresce a cada toque e a cada palavra. Nunca pensei que conseguiria sentir algo assim. Dizem que amor é o sentimento mais poderoso do mundo, mas eu não sinto isso. Eu sinto como se eu estivesse doente, cada vez me vejo mais dependente dele, mas bobo e descontrolado. O que sinto por ele é tão diferente do que eu sentia por.. meu irmão, mas mesmo assim tão parecido. A mesma sensação de proteção,o mesmo carinho enorme a mesma admiração. Meus olhos enchem de lágrimas e eu os fecho para impedir-las de sair. Merda. Respiro fundo e vejo que já não há mais caixas na van. Volto ainda imerso em pensamentos. Eu acabei de concordar que eu o amo? O amo não como amigo mas como homem? Isso é tão estranho e confuso.

- Eu te amo Adam - paro antes de chegar na porta quando ouço esse sussuro. - Por favor - vou até a porta e vejo a imagem que partiu meu coração e me deixou congelado por dentro. Owen beijou Adam delicadamente nos lábios e eu rezei mentalmente para que ele afastasse, mas ele não fez. Owen então o beijou e ele retribuiu.

Meu corpo é tomado por uma raiva avassaladora, mas me contento em limpar a garganta e chamar a atenção deles.

- Atrapalho? - Vejo o Adam se tencionar e ele olha pra mim com medo e o desespero toma conta de sua face.

- Sim - fala o Owen e me seguro para não socar a cara dele nesse momento. Dou um sorriso frio e forçado me esforçando para permanecer neutro.

- Bom, sinto muito atrapalhar vocês. Já acabei e estou indo - me viro e vou em direção a van. Antes que eu consiga entrar na van Adam puxa meu braço.

- Não é isso que você está pensando Colin - sua voz tem tanta súplica que me faz fraquejar.

- Não me toca. seja lá o que for isso - aponto para nós dois - acabou - entro na van e vou embora sem olhar para trás.

Assim que eu chego em casa, não consigo mais segurar, a raiva não está mais presente só a dor. Quando meus olhos se enchem de lágrimas, mordo os lábios e derrubo os pratos e copos que estavam na mesa. Eu não consigo controlar elas e isso me irrita. Essa vulnerabilidade me desespera. Coloco minha cabeça na parede e tento respirar fundo e controlar elas. Não sei quanto tempo se passou mas vou para o  meu quarto e tento ignorar as roupas do Adam e seu cheiro que impregnou meu quarto quando chegamos do seu apartamento e fodemos mais uma vez. Ainda não acredito no que eu vi, no que eu sinto. ligo o chuveiro e tomo banho tentando controlar meus demônios internos.

****

Não sei quanto tempo se passou, só sei que pela primeira vez em semanas, eu consegui escrever uma música. Estou na sala sem camisa e com a minha guitarra colocando tudo que sinto nos papéis. Essas músicas são diferentes das outras, elas contém ódio, tristeza e surpreendentemente amor. Eu não consigo entender, depois de tudo que aconteceu... por que ele fez isso? Eu não posso mais pensar nisso, sinto que tudo que deixei de sentir por todos esses anos estão prestes a sair agora e isso me deixar enfurecido. Batidas me despertam das letras de minha dor e raiva. Ignoro, mas quando ouço a voz de Adam ignorar elas se torna impossível.

- Colin, por favor. Me escuta - ele bate incansavelmente é isso está começando a me irritar. - Eu não vou sair daqui enquanto não conversarmos. Colin, você é meu melhor amigo... - abro a porta antes dele continuar.

Seus olhos estão vermelho vivo e sua boca cortada. Seu cheiro está misturado com o do mar, o deixando ainda mais atraente.

- Saía - é a única coisa que consigo dizer, mas saí como um rosnado do que qualquer outra coisa.

- Colin, eu sinto muito mas eu precisava disso pra entender e fazer ele entender...

- Chega, isso ME fez entender muitas coisas, Adam, coisas do tipo como eu amo você e como eu preciso de você só pra mim... Me fez entender que eu não quero mais você. Você é meu amigo e continuará sendo só isso. Não tem nada pra me explicar... - Paro de falar quando ele me abraça forte e cola nossas bocas, estou tão surpreso que quando entendo o que está acontecendo já estou preso na parede.

- Eu te amo, e aquele beijo me fez perceber que não sinto nada por ninguém além de você - morde meus lábios, eu tento ( inutilmente, devo enfatizar) me afastar dele. Mas não estou exatamente livre do que eu sinto quando ouço sua confissão.

- Não teremos nada, Adam. Me solte - me agarro a todas as minhas forças e tento não deixar a emoção falar por mim.

- Por favor, Colin. Se me ama tanto quanto eu, por favor, me perdoe - seus soluços ficam altos e lágrimas enchem seus olhos suplicantes.

Fecho os olhos por um momento e me bato mentalmente. Deixando todo orgulho de lado, colo nossos lábios e agarro seu cabelo fortemente.

- Eu te perdôo.. com uma condição - já tô arrependido.

- O que? - Ele me olha e me perco nos olhos azuis cristalinos que já estiveram mais triste.

- Mora comigo - altamente arrependido. Não achava que pudesse ficar arrependido tão rapidamente depois de ter feito algo.

- O que? - Seus olhos estão arregalados e ele me larga sentando no sofá. - Você quer que eu more com você? - Ainda me olha cético. Foda-se isso ta me irritando. Dou de ombros e vou pra cozinha.

-Olha, Colin... Eu só não quero que se arrependa - tarde de mais pra isso.

- Não vou me arrepender - até porque já estou completamente arrependido. Mas então, ele sorri e tudo parece estar terrivelmente certo. Ele se aproxima e me beija, dessa vez eu não tento afastá-lo, nem tenho forças pra isso.

- Mais é claro que eu moro com você Colin.

E então, o resto foi um borrão de felicidade. Passamos a noite nos beijando, nada além disso. Só estávamos conversando e nos curtindo, curtindo essa tranquilidade e segurança. Mostro as músicas e vejo arrependimento em seus olhos, se eu gostei? Não, eu odiei isso. Acho que estou começando a notar os efeitos dos meus sentimentos por ele. Acaricio seu cabelo mais uma vez e beijo levemente seus lábios, enquanto dorme e sussura meu nome e um riso sai inconscientemente. Ele é tão lindo.

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