[Paz não é a ausência da dor, mas sim o entendimento do que a dor significa.]
...
— 19 DE FEVEREIRO DE 1996 —
Capítulo Dois
Isaac encontrava-se sentado no quintal dos fundos, olhando atentamente para uma pequena porção de terra quando a sua mãe chamou-o para ir ao psicólogo. Porém, ao não ouvir sua resposta, Anne foi obrigada a ir até ao seu encontro, observando o garoto de costas com certo receio.
— Isaac, querido, o que está fazendo? — Perguntou, descendo lentamente as pequenas escadas até chegar à grama.
— Encontrei uma nova amiga! — Disse sorridente, virando-se para trás.
— Amiga, é? — Indagou, mais receosa, aproximando-se de vez. — Quem é?
— Achei uma lagarta. Então ela é minha amiga agora. — Apontou para o inseto locomovendo-se lentamente na terra.
— Ah, que bom. — Um sorriso de alívio surgiu no seu rosto enquanto se agachava para analisá-la mais de perto. — Qual é o nome dela?
— Hmmm... eu ainda não tinha pensado nisso. — Suspirou, virando-se para a mulher. — Que nome posso dar a ela, mamãe?
— Que tal... Vejamos... Ai, querido, eu não tenho criatividade para esse tipo de coisa. Por que não a chama de senhora lagarta?
— Parece muito simples, não sei se ela gostaria. — Suspirou, pegando-a gentilmente e deixando-a em cima da cerca. — Acho que vou chamar ela de Lara.
— A lagarta Lara?
— Isso. Fica legal quando você fala em voz alta. — Riu brevemente, observando o inseto por mais alguns segundos. — Tá na hora de ir ver o Matt?
— Sim, querido. E é melhor irmos antes que o seu pai perca a paciência de nos esperar no carro.
— Tudo bem... eu só vou pegar uma coisa rapidinho no meu quarto, tá bom? — Anne respirou fundo, mas assentiu. — Pode ir pro carro, eu já vou! — E então pôs-se a correr para o interior da casa.
— Isaac! Cuidado-. — Mas ele já estava longe demais para ouvi-la.
A mulher suspirou, regressando ao lado de dentro e atravessando a cozinha e a sala de estar, até chegar ao pequeno hall de entrada, deparando-se com o armário para guardar os casacos e os sapatos. Abriu então a porta da frente em um resquício de coragem, constatando a expressão nada amigável do seu marido de longe, que virou o rosto para encará-la no mesmo instante.
— Onde tá o garoto? — Grunhiu assim que estava perto o bastante para ouvi-lo.
— Ele já está vindo, só foi pegar uma coisa no quarto. — Disse baixo, abrindo a porta do carro e sentando-se no banco da frente, tentando ignorar o olhar ameaçador ao seu lado.
— Espero que ele não demore. Eu não tenho o dia todo.
— Apenas alguns minutos, Aeryn...
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Sentimentos Inaptos
HorrorE se você não conseguisse sentir nada? Isaac Evans é um adolescente portador de uma síndrome rara, que o impede de sentir qualquer estímulo externo em seu corpo. Em meio a descobertas circundantes à sua sexualidade e liberdade, também está atado aos...