Hoje já era quinta feira. Faziam 4 dias desde que eu e Alfonso havíamos feito o trabalho. Ele inclusive já havia sido entregue e aquele momento no carro dele havia sido perturbador. Não havia me deixado dormir. Nem mesmo porque assim que tinha colocado de por em pés de novo naquela casa, Phil estava na sala, aparentemente esperando ansiosamente o momento em que eu entrasse.
Minha mãe não estava visível, o que fez com que ele aproveitasse a deixa e começasse a me agredir com as suas palavras. O Olhar de ira em seu rosto só tinha se agravado, e ele não mediria suas palavras para falar comigo.
- O que fez hoje a tarde com ele sua puta?_ ele perguntou fechando o punho em meu cabelos e puxando-os com força de maneira a ter meu rosto olhando para ele.
- Eu não fiz nada.
- Eu não acredito._ ele rosnou e intensificou o puxão em meu cabelo. Seus olhos ferozes faiscavam pela emoção que ele sentia, mas eu não sentia medo. Apenas era indiferente ao que ele fazia. Ele queria demarcar seu território. Fazer isso comigo seria perda de tempo.
Eu não era dele, eu não era de ninguém. Ele apenas usava meu corpo.
– Não interessa se você acredita ou não. Eu só fiz um trabalho com ele.
Talvez eu ajudasse a cavar minha própria cova, como dizem. O meu gênio era uma afronta a ele. Mas de que adiantaria ser tão geniosa quando eu não fazia nada pra mudar minha vida? Não adiantava de nada. No fundo eu era mesmo uma hipócrita.
- Escute aqui sua vadia, só eu tenho permissão para tocar no seu corpo._ para afimar seu argumento, sua mão viajou até o meu seio o apertou com força._ Sua pele macia é só para o meu deleite. Está me entendendo?
– Você não me terá para sempre Phil. Um dia eu conseguirei me livrar de você._ eu cuspi no rosto dele enquanto ele largava o meu cabelo e me empurrava fortemente em direção ao chão.
Ele retirou um lenço do seu bolso e limpou seu rosto enquanto me encarava com desprezo. Ele sorriu debochando de mim. Agachou-se e ficou de frente, levantou meu queixo.
- É uma pena que não possa se ver Anahi. Por que caso realmente se enxergasse veria que não há formas de você se livrar de mim. Eu acho você! E nunca se esqueça de que é a minha puta particular. Somente eu tenho direitos sob você. Não se esqueça de Sarah. Ela será a única que irá sofrer se você resolver se rebelar.
Atmosfera estava tensa e eu sentia tanta raiva que quase não conseguia me controlar. Ordenei a mim mesma para ficar quieta ou caso contrário eu pioraria a minha situação. Como que para interceder a meu favor, minha mãe aparece na sala.
- Já voltou Anahí? Eu não acredito! O que fez aquele rapaz? Como você é idiota! ela ralhou comigo.
– O que?_ eu perguntei tendo a minha visão nublada pela raiva.
– O rapaz definitivamente não era um "Zé Ruela''! Eu vi o modo como ele se vestia e o carro estacionado em frente a nossa casa. O rapaz tem dinheiro! _O rosto dela estava furioso também.
– Oh, que maravilha!_ eu resmunguei enquanto me levantava do chão.
– Você é uma inútil! Espero que trate de segurar o rapaz, nem que pra isso abra essas suas malditas pernas!
Eu a olhei em choque, Phil tratou de compor sua expressão impassível muito bem. Então esse era o motivo pra tê-lo tratado tão bem. Interessada no dinheiro dele. Quando olhei de novo para Phil ele tinha agora uma expressão estranha no rosto. Idiota! Agora ele provavelmente estaria achando bom se eu de fato tivesse algo com Alfonsi. Provavelmente dinheiro em abundância era bem melhor do que sexo a força com a enteada.
– Sim mamãe. Sou realmente uma inútil!
Eu dei as costas a eles e comecei a subir em direção as escadas. Não antes de escutar as provocações de minha mãe.
- Se você for esperta, tratará de engravidar rapidamente para prender este rapaz._ ela comentou acidamente.
Eu sabia que realmente existia algo por trás de todo o bom comportamento na frente de Alfonso, e em pouquíssimo tempo um miraculoso plano de golpe da barriga já havia passado pela sua cabeça. Essa era Marichelo. Parabéns mamãe, você não cansa de me surpreender.
Tranquei-me em meu quarto naquela noite e continuei a chorar com a lembrança de Alfonso em meus pensamentos.
No dia seguinte Alfonso estava com seu habitual sorriso. E eu acredito que se devia pelo fato de saber que eu havia topado ser voluntaria naquela instituição. Eu não havia conseguido encontrar outra a tempo e como precisava dar uma resposta a Jerry disse que havia sido aquela a escolhida.
Ele ficou satisfeito e disse que procuraria a anta da Berlinda para saber se ela já havia escolhido a dela. E o sorriso de Alfonso só aumentava e em consequência a distancia que eu queria impor a nós dois também.
Alfonso parecia se divertir com as minhas tentativas e investia mesmo assim. Começava a puxar assunto, do qual eu não continuava e ele ficava falando sozinho. E foi assim até quarta feira.
Hoje eu sabia que ele faria de novo e eu precisava pergunta-lo quantos dias os voluntários precisavam aparecer por lá. Mas isso significaria puxar uma conversa. E eu de fato não queria. E percebi que o dia seria difícil quando entrei na sala e o vejo todo esparramado sob a bancada, de modo que ocupava o meu lugar e o dele.
Arrastando meus pés até o local, joguei minhas coisas na mesa e o encarei raivosa.
– Vamos Herrera, dá o fora._ eu ordenei
– Nossa! ele começou a bater palmas_ Eu devia ter pensado nisso antes, pelo menos consegui fazer você falar comigo._ ele começou a rir da minha cara.
– Ajude-me Alfonso, eu não estou com paciência pra isso.
– E quando você está com paciência Anahí? Certamente, não depois de ter ficado vulnerável em minha frente no domingo. Você não demorou nadinha pra reerguer as muralhas em torno dos seus sentimentos!
Dessa vez ele ficou sério, e eu notei que os alunos cochichavam sobre nós novamente. Todos querendo entender o que Alfonso Herrera queria com a estranha, porque ele insistia tanto. Até eu gostaria de saber. Ninguém é tão bom assim, ninguém faz algo simplesmente pelo prazer de ajudar. Ninguém.
- Minha vida não te interessa. Fique afastado._ pedi.
- Isso já está começando a me cansar um pouco Anahi._ ele admitiu e suspirou pesadamente. Intrigou-me um pouco afinal ele parecia ter uma vontade inabalável.
– Que bom._ murmurei sem nem mesmo pensar, e seus olhos flamejaram pra mim.
– Isso não foi um "estou te deixando em paz", e sim um " você está me obrigando a ser mais persistente".
Mais persistente? E ele já não o estava sendo bastante? Ele se sentou e deu espaço para que eu fosse para o meu lugar. Maite e Chistian entraram na sala fazendo barulho, afinal entraram cantando e dançando. Eu bufei na hora.
- Já percebeu que a felicidade dos outros te incomoda?_ Alfonso perguntou sentando próximo demais de mim. Sua coxa tocava a minha e ele passou o braço por meus ombros me trazendo para mais próximo dele.
- A felicidade dos outros não me incomoda._ Eu disse firme, eu não me sentia incomodada, eu só não via o porquê de toda aquela demonstração desnecessária_ E me solte, volte para o seu lugar.
– Você mente tanto para si mesma Anahi, que até acredita em suas próprias mentiras e isso me assusta um pouco. Você também pode amar Anahi, você tem essa capacidade dentro de você, só cabe a você mesma explorá-la e deixá–la fluir.
Ele me apertou mais forte de encontro a ele, e o cheiro másculo penetrou em minhas narinas fazendo-me fechar os olhos em apreciação.
– Tudo o que tem que fazer é permitir sentir._ ele sussurrou.
Senti a sua outra mão afagar a minha bochecha, exatamente do mesmo jeito que ela havia feito no domingo. Senti o fogo se alastrando pela minha pele. Inclinei a minha cabeça na direção da sua mão, querendo sentir ainda mais o carinho.
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UNTOUCHED
RomanceAlguém sem muitas expectativas na vida, sem ambição, sem amor próprio. Destinada a viver as mesmas experiências em um eterno deja vú, Ela precisava encontrar seu caminho, suas esperanças e sonhos novamente. Mas ela se sentia capaz? O destino coloca...