Logo os dedos traçaram o contorno dos meus lábios, fazendo-os formigar para em seguida descer a mão na direção da minha nuca, acariciando meus cabelos e massageando o local. Era realmente prazeroso.
- Caramba! Eu sabia que eles tinham algo!_ essa voz surgiu de algum lugar despertando-me do transe em que eu estava.
Abri os olhos assustada e olhando ao meu redor. Girei a cabeça para buscar o autor do comentário, e Alfonso não se moveu um centímetro sequer.
- Quem diria que a antissocial está namorando alguém. _murmurou Pedro Cassiano.
Fora o comentário idiota dele, a sala estava quieta e eles olhavam sem piscar para mim e Alfonso. Minhas bochechas coraram e eu ouvir Alfonso rir.
-O que é agora?_ perguntei mal humorada.
– Você fica linda quando cora._ ele sussurrou e levantou a mão para tocar o rubor na minha face, mas eu não permiti e dei uma tapa na sua mão enquanto ela ainda estava no caminho.
- Nem pense!_ o alertei.
Eu achei que veria pelo menos um risinho em seu rosto, mas eu me enganei. Ele me contemplou com uma expressão muito tristonha no rosto.
– Você se importa demais com o que eles acham Anahi, e se esquece do mais importante._ ele disse antes de se afastar e olhar para frente.
Os cochichos foram aumentando de volume até que o professor chegou e todos tiveram de calar a boca. Eu estava realmente incomodada. Ele me acusou de reerguer as muralhas, mas a verdade é que ele estava me desarmando. Aos pouquinhos. Seria tão ruim assim poder contar com alguém? Não, eu não podia. E pro bem de Alfonso seria melhor ainda que ele se mantivesse bem longe dos interesses financeiros de minha mãe e padrasto.
– O que é mais importante?_ eu perguntei quando não me aguentava mais de curiosidade.
– Ser feliz Anahí Fazer o que te faz feliz. Isso é o mais importante, contanto que você não menospreze ninguém no ato, contanto que não faça mal a ninguém. Mas coisas simples que te deixam feliz, você só faz quando se desliga do mundo. Eu não sei se é bom ou ruim.
– E você já deixou que os outros interferissem na sua felicidade?_ eu perguntei interessada.
A postura dele ficou um pouco rígida, e seus olhos não se moviam na minha direção. Apenas encaravam o vazio como se estivessem presos em algum momento no passado. Suas mãos se apertaram sob a mesa, mas acho que ele nem ao menos chegou a perceber.
- Você me lembra alguém, Anahi. E eu não quero que você termine do mesmo modo que essa pessoa terminou._ ele disse.
– Quem era essa pessoa?_ Seria a sua namorada? Sua mãe? Tia?
– Eu sempre estarei aqui para conversar Anahi. Mas enquanto você não se abrir comigo, não poderei fazer o mesmo com você._ ele disse desanimadamente.
Eu parei por ali. Sabia que não adiantaria pressionar o herrera a me falar algo. Não daria certo e só me prejudicaria no sentido da cobrança. Por mais que minha curiosidade me incomodasse, se ele me contasse eu deveria contar da minha vida a ele também.
Deixar o assunto de lado era difícil na minha mente, porque eu ficava imaginando quem era essa pessoa e o quão importante ela foi para Alfonso. E o principal, de que modo ela terminou. Se Alfonso disse não desejar isso pra mim, é porque era algo ruim. Afinal, mesmo sendo irritante do jeito que sei que sou com todos, ele continuava me tratando bem.
Às vezes eu pegava Mai olhando pra mim, e ela sorria como forma de encorajamento. O que exatamente ela estava tentando encorajar, eu não fazia a mínima ideia. Eu fingia ignorar, mas a verdade é que eu passei a sentir realmente um incomodo por fazer o que estava fazendo com ela. Sem nem mesmo olhá-la, eu sabia que minhas bochechas estavam coradas pela vergonha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
UNTOUCHED
RomanceAlguém sem muitas expectativas na vida, sem ambição, sem amor próprio. Destinada a viver as mesmas experiências em um eterno deja vú, Ela precisava encontrar seu caminho, suas esperanças e sonhos novamente. Mas ela se sentia capaz? O destino coloca...