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Taehyung deixou seu celular e as suas costas caírem sobre o tecido macio de sua cama. Estava exausto, fisicamente — e pior, psicologicamente.

Ele sabia que as palavras de Namjoon e de Jimin eram verdade. Ele nunca ficaria com Jeon. Lá no fundo, ele sabia disso. Mas ele só queria ser amado.

Ele tinha a plena consciência de que Jeon amava o namorado. E Yoongi também o amava.

Mas qual era o mal de ter esperanças? A esperança nunca fez mal a ninguém, não que Taehyung soubesse.

Os gritos finos misturados com uma voz mais grave continuavam no andar de baixo, e Taehyung tentou tapar os ouvidos com a almofada. No entanto, nada os abafou.

Ele estava cansado. Tudo o que os seus pais sabiam fazer era discutir, trabalhar e discutir. Taehyung até duvidava da consciência dos seus pais acerca da sua existência. Se não fosse pelas refeições que faziam juntos e pela sua — rara — presença em casa, o rapaz acharia que os seus pais já não se lembravam dele.

Num movimento lento, Taehyung coçou os olhos e levantou-se, dirigindo-se até à casa de banho. Lá, abriu a primeira gaveta, onde encontrou as lâminas com que o seu pai fazia a barba.

Ele pegou numa delas e olhou para o seu reflexo no espelho, engolindo em seco e apertando-a com as suas mãos. A sensação de libertação que o pequeno objeto lhe proporcionava era enorme e, respirando fundo, Taehyung passou-as suavemente sobre a parte externa do seu antebraço, levando menos de um segundo para pressionar com mais força na sua pele bronzeada e filetes de sangue surgirem.

Era sempre assim. Primeiro, ele fazia movimentos suaves e logo a seguir enterrava o objeto na pele. Primeiro, a calmaria, e depois a tempestade.

As suas mãos tremiam e a sua respiração estava pesada e descompassada, as lágrimas quentes e salgadas rolavam pelas suas bochechas rosadas e aterravam nas feridas abertas, que ardiam.

Taehyung tinha sido diagonosticado com uma depressão, mas ninguém sabia disso. E, se dependesse de si, iria continuar assim.

Ele considerava-se um fraco. Era forte o suficiente para se magoar mas fraco demais para acabar com a sua inútil vida.

Era tão fácil sorrir à frente de Namjoon e de Jimin que já se tornara um hábito. Ele tinha aprendido a sorrir mesmo quando os seus cortes ardiam e o seu coração era esmagado dentro do seu peito.

Taehyung recordou os tempos antigos. Quando os seus pais eram felizes juntos; quando o levavam a passear e a tomar sorvete; quando, em vez de gritos, as vozes ecoavam suavemente pelos cómodos da casa; quando tudo era simples e eles eram felizes.

No entanto, tudo isso não passava de uma ilusão agora, e Taehyung apenas era feliz com a sua dor.

Sorrindo desgostosamente e com lágrimas nos olhos, Taehyung pousou a lâmina e respirou fundo. O chão branco da casa de banho estava respingado de vermelho vivo, marcas da sua loucura. Uma doce loucura.

Com dificuldade, o rapaz limpou as suas feridas com álcool, soltando suspiros de dor e contorcendo o rosto. Depois de enfaixar o braço, limpou toda a casa de banho (se bem que os seus pais não iriam notar toda a bagunça) e decidiu sair.

Pegou na sua carteira, no seu casaco e nos seus cigarros, deixando o telemóvel para trás. Naquele momento, não queria ser interrompido.

Desceu as escadas e gritou um "Vou sair, até já!" para os seus pais, que apenas resmungaram e ouviram a porta a bater.

A tarde estava cinzenta e gelada. As nuvens negras pairavam no céu e cobriam-no, enquanto os raios rápidos e brilhantes rasgavam-no como se de um pano velho e amarrotado se tratasse.

Taehyung dirigiu-se ao parque mais próximo, que se encontrava vazio devido ao temporal. Sentou-se num banquinho de madeira, inspirando e expirando o ar puro e limpo.

Levou as mãos ao bolso do casaco e tirou um cigarro, que foi rapidamente acendido. O rapaz puxou o fumo para dentro dos seus pulmões, a sensação de ser preenchido aqueceu o seu coração e acalmou a sua alma, e ele fechou os olhos, apreciando o momento. No entanto, uma figura conhecida aproximou-se de si, questionando com incredulidade:

Taehyung? Kim Taehyung?


🖤
Fiz este capítulo só pra explicar o porque do Tae ter ficado tão sensível no último capítulo
Beijos
P.S: Postei e saí correndo

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